quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Sociedade Novo Aeon
sábado, 14 de novembro de 2009
periódico destinado à divulgação
e discussão do Esoterismo,
mais especificamente naquilo
que tange o Sistema Thelêmico.
Mas esta aberto a qualquer
Corrente de Pensamento.
Se você leu Baphometis, nos
envie suas críticas e
observações. Elas nos serão
bastante úteis em todos os
sentidos. Mas só serão
levadas em consideração
mensagens que respeitem as
normas de educação e civilidade.
e-mail terralua@superig.com.br
EDITORIAL
Não é sem grande hesitação
que escrevemos este texto. Porém
subjacente á esta discussão existe
algo que, se verdadeiro, virá
inevitavelmente à luz do dia em
alguma época não determinada no
futuro; ou, talvez, este dia não se
encontre muito distante.
Há rumores, através os
séculos, da existência, no mundo,
de um Grande Segredo, apenas
conhecido por alguns escolhidos –
Iniciados: um vasto Corpo de
Conhecimento esperando para ser
desvelado.
Os gregos suspeitavam que
os Iniciados Egípcios possuíam
este Segredo. É dito que vários
estudiosos gregos, incluindo
Sólon, Sócrates, Platão, Euclydes
e Pitágoras obtiveram tal segredo
dos egípcios; e estes de outras
“civilizações mais antigas” ainda
não localizadas no tempo e no
espaço.
Sólon foi enviado ao Egipto
para encontrar ali uma solução
para os problemas sociais
Atenienses, já que uma guerra
civil naquela cidade-estado
parecia inevitável. Retornou com
uma doutrina política
revolucionando o Pensameto
grego.
Platão também foi ao
Egipto. Naquele país, os
sacerdotes de Amon lhe contaram
a história da Atlantida e lhe
ensinaram a Geometria. E ele
trouxe este conhecimento para
Atenas.
Pitágoras e Euclydes
ficaram famosos por suas
3
contribuições à Matemática.
Entretanto, ambos, assim é dito,
obtiveram seus conhecimentos na
Terra de Khen (Egipto).
Mais recentemente, os
Templários – assim diz a lenda –
descobriram um Grande Segredo
quando mantiveram as ruínas do
Templo de Salomão sob a guarda
deles. Eles usaram este Segredo
na organização de uma bem
sucedida Ordem Militar por
longos duzentos anos, como
jamais houve no mundo, e no
estabelecimento de um sistema
bancário, através do qual
acumularam imensas riquezas.
Mas a história desses personagens
nos traz um aviso para o qual não
podemos fechar os olhos:
No caso de Sócrates, o
Conhecimento obtido custou-lhe a
vida.
Newton, mais recentemente,
esteve perto da loucura, até que se
afastou dos escritos em seu poder
definitivamente.
Mas, nenhum deles experimentou
tamanho sofrimento e
perseguições como os Templários.
Por que? O que pode ser tão
desastroso a respeito deste
Conhecimento “secreto”?
Simplesmente pelo fato de estar
associado ao Oculto?
O Dilúvio, parece, também
estaria conectado com este corpo
de Conhecimentos, para não
mencionarmos o desastre da Torre
de Babel. Ninrod deparou-se com
este desastre quando, entre outras
coisas, tentou reviver um Corpo
de Conhecimentos que existia
antes do Dilúvio – assim nos
conta a lenda bíblica.
Por que mencionamos tudo
isto? Porque são murmurados, em
conexão ao acima, rumores a
respeito de algum sinistro e
desastroso Segredo que esteve
conosco por algum tempo, mas
que foi “perdido” ou velado por
algum “Poder” desconhecido
atualmente, mas que está sempre
atuante na vida dos seres humanos
no sentido de não nos deixar
evoluir e, assim, conhecermos o
nosso real lugar no contexto
Universal.
Para vários estudiosos
(entre ocultistas e pesquisadores
independentes) este tremendo
Segredo se relaciona com
“poderes alienígenas” e,
possivelmente, o governo de
muitas nações escondem
completamente estes e similares
tópicos. Nós não sabemos, ao
certo, se existe ou não esta
cobertura governamental (ou,
quem sabe?, religiosa), ou uma
4
conspiração mundial em torno
desses segredos. Mas os rumores
cada vez são mais fortes.
(Euclydes Lacerda de Almeida)
Corpo de Luz
O “Corpo de Luz” é assim
chamado porque era reconhecido
antigamente que o homem
ressuscitava não pelo seu corpo
físico, como acreditado pelos
cristãos, porém em um mais tênue
e etéreo veículo que se ergue das
trevas da morte, o abismo, como
as estrelas se erguem
resplandecentes no horizonte. O
corpo astral ou “fantasma” era o
mais antigo tipo de ressurreição
porque, de acordo com a doutrina
egípcia – quando a múmia
transformada no Amenti, obtinha
uma “alma” entre as estrelas do
firmamento o indivíduo erguia-se
outra vez no horizonte como a
constelação de Orion (a Estrela de
Horus) – o Sahu, ou Corpo
Glorificado, ressuscitado
eternamente nos Campos de
Sekhet Heru (Espaço ou
Eternidade).
Orion representa Horus erguido
(O Glorificado) há, pelo menos,
6000 anos, quando a estrela
(Corpo Astral) erguia-se das
trevas da morte no Ocidente, o
submundo do Amenti.
“O primeiro Herói Celestial
não era o Sol, mas o Conquistador
do Sol e do Calor Solar. Ele era
somente como Deus-Fogo, mas
um Deus sobre o Fogo: e na
estação quando o Sol encontravase
no Sígno de Leão e o calor
africano tornava-se insuportável,
então Set, como Estrela Cão (Set-
Na, ou Satan), ou Sut-Har – Set
Horus (Orion) se erguia.
Nas Eras passadas, a Constelação
de Orion era, originalmente,
nomeada como “Horus da
Ressurreição”.
Rápidas
Considerações
Sobre Thêlema
5
(Surgimento e
Desenvolvimento no
Brasil)
“É minha convicção que
Karl Germer teve tanta
Relação com a O.T.O.
Quanto Rudolf Steiner.
Nenhuma.
Há mais ou menos 6000 anos, o
ser humano dava um passo
definitivo para sua evolução:
criava uma maneira de registrar os
eventos do dia a dia e de
resguardar sua experiência e
conhecimentos para as gerações
futuras. O advento da escrita
possibilitou, a partir daí, o
desenvolvimento de novas
sociedades que corrigiam,
refinavam e acrescentavam novas
informações à herança deixada pó
seus ancestrais. A escrita foi o
marco fundamental para aquilo
conhecido hoje como História, e
era considerada uma magia trazida
pelos deuses. Portanto, é dito, na
Tradição Esotérica, que a
invenção da escrita deve-se ao
deus Thot, ou Hermes-Mercúrio
na Tradição Greco-romana.
Assim sendo, eu invoco a
complacência deste grande Deus
para que me inspire neste trabalho
sobre o início, desenvolvimento e
atual “status” do Sistema
Thelêmico no Brasil.
É difícil, senão impossível,
precisar o instante, se é que houve
algum, em que Thelêma, como um
sistema filosófico calcado na Real
Vontade do indivíduo e em sua
plena liberdade, começou a surgir
no pensamento humano como
uma possibilidade a ser atingida.
Poderíamos nos referir, dentro de
um passado bem próximo, a
Rebelais com sua máxima: “FAY
ÇE QUE VOUDRAIS” e, bem
anteriormente, a São Paulo com o
seu ‘AME E FAZE O QUE
QUIZERES”. Mas estes foram
esboços muito tênues do “FAZE
O QUE TU QUERES HÁ DE
SER TUDO DA LEI” dos dias de
hoje, surgindo como uma nova
expressão moral encontrada em
Liber AL.
“Faze o que tu queres” é
conhecida como a Lei de
Thêlema, e deriva-se da regra
fundamental da “Abadia de
Thêlema”, na clássica sátira
intitulada “Gargantua e
Pantagruel”, escrita pelo padre,
médico e estudante do oculto,
François de Revelais (1492).
Crowley considerava Rebelais
como um profeta e pioneiro de
Thêlema no mundo. Foi através
do trabalho de Rebelais que a
máxima tornou-se conhecida
como parte da Literatura
Ocidental; e foi adotada pelos
senhores da Sociedade inglesa
denominada “Hell-Fire”. Nos
escritos de Crowley, a Lei de
Thêlema é explicada em termos
da Verdadeira Vontade, o ultimal
6
centro ou quintessência de cada
ser humano.
Contudo, a nós parece, que
a idéia vem de tempos bem mais
recuados, muito embora não
tenhamos qualquer condição de
apreciar o quando e onde, a não
ser que aceitemos como
verdadeiras as teorias de Kenneth
Grant, colocando a Tradição como
surgida em antigas e
desaparecidas civilizações como,
por exemplo, Lemuria, Atlântida,
Duat, etc., e como sendo uma
“Tradição Estelar”. Tais teorias
são muito interessantes, atraentes,
etc.; mas estas “estórias”
(Lemuria, Atlãntida, e outras
mais) já foram por demais
exploradas por outros ocultistas
anteriores, a começar por
H.P.Blavatsky. Fica-nos,
entretanto, a dúvida se a definição
(“Estelar”) significa que a
Tradição tenha vindo até nós do
espaço sideral, trazida por
alienígenas, como nos descreve
Zacharia Sitchin em seus livros.
Mais uma vez a capacidade
espiritual do homem, como um ser
autônomo, é posta em dúvida.
Tudo que é admirável vem de
outras bandas, outros mundos...
Mas estas seriam fantasias,
conjecturas, aceitas somente por
poucos thelemitas. Elas
prevalecem no ramo da O.T.O.
chamado O.T.O. Typhoniana
liderada por Aossic Aiwsass
(K.G.), naturalmente. A nosso
entender, este senhor perdeu-se
em suposições extra-terrestres e
lovecraftianas. O Sr. Kenneth
Grant, após ter sido expulso da
O.T.O., liderada por Karl
Germer, em 1950, auto-intitulouse
O.H.O. (Cabeça Externa da
Ordem) e procedeu a dar
nascimento a uma organização por
ele denominada Typhoniana, em
completo descaso ás intenções de
Crowley para o destino da Ordem.
Para evitar quaisquer outras
insinuações e dúvidas é necessário
sublinhar aqui o fato de que este
senhor jamais foi membro da
A.`.A.`., muito embora alguns de
seus seguidores afirmem ao
contrário.
Também é uma afirmativa
de Kenneth Grant de que a sede da
Grande Ordem situa-se na estrela
Sirius. Comete-se, assim, um
grande e trágico erro1. A Silver
Star não é Sírius: a Estrêla de
Prata é o nosso próprio Self, a
“Estrêla” que todo homem e toda
mulher é.
O Sr. Kenneth Grant tem
desertado seu próprio Self, seu
Anjo Guardião, e ligou-se ao
Gênio do “Mal”. Na verdade ele,
tomando cada passo da Árvore da
Vida”, ao invés de “Cruzar o
Abismo”, onde se encontra Daath,
mergulhou diretamente, por esta
entrada nos Reinos Qliphoticos,
fazendo de Daath uma falsa
“coroa” e aceitando Choronzon (o
1 . Nota de E.: Há muito mais tempo os, assim
chamados, rosacruzes, também afirmam que é
em Sírius a sede da ordem rosa-cruz. Apenas é
necessários sabermos qual rosa-cruz é esta: a
AMORC, a F.R.A., a Áurea.... qual delas?
7
falso self – o ego) como seu
“deus”. Para o próprio bem
qualquer estudante de nossa
Ciência o seguinte aviso é
importante: acautelem-se de não
seguir estes passos, vendo-os
como um exemplo daquilo que se
deve evitar no Caminho Mágico.
Trabalhando com a “Árvore da
Morte” este magistas revelam-se a
si mesmos como necromantes da
pior espécie. Hitler e o seu
Nazismo é um exemplo deste fato.
Aquilo com o que estão ligados e
trabalham é, na verdade, matéria
morta, putrefata..., as cascas
vazias de incontáveis abortos. Por
estas e todas as evidências
encontradas em seus livros,
Kenneth Grant tem se provado um
não thelemita, um Irmão Negro,
que é pior que um simples magista
negro. Não se deve confundir
magista negro com Mago Negro.
Seria o mesmo que confundirmos
um simples ajudante de
enfermagem com um médico.
Para se tornar um Mago Negro
você teria que, pelo menos, atingir
o grau de Adeptus Maior. Alem
do mais o Senhor Kenneth Grant
tem-se mostrado preso a uma
fobia concernente à
homossexualidade do XI° O.T.O.,
o que evidencia muita coisa. Mais
um lembrete: não confunda-se
também Mago Negro com Irmão
da Esquerda ou com um Membro
da Fraternidade Negra. São coisas
totalmente diferentes.
Ñ
O Sistema Thelêmico, sem
sombra de dúvida, foi iniciado em
nosso país pelo desassombro,
intrepidez e devoção iniciáticas de
Marcelo Motta, fato que alguns
tentam negar por estarem
contaminados pelo despeito de
certa organização norte americana
desejando usurpar o mérito da
divulgação de Thêlema seja em
nosso país ou fora dele. A versão
de que Thêlema teria sido
divulgada no Brasil através da
FRA não resiste a uma simples
crítica. Mais à frente trataremos
do assunto com detalhes.
Marcelo Motta (1938-1987)
foi uma figura ímpar, homem
brilhante mas, as vezes,
profundamente exótico, cujas
exigências em assuntos iniciáticos
thelêmicos faziam dele um
iniciador temido. Hoje em dia,
alguns falsos líderes, tentam
imitá-lo, mas apenas conseguem
macaquea-lo.
Creio que uma das
providências mais urgentes que
temos que tomar, para manter a
pureza dos anais de Thêlema no
Brasil, é começarmos a filtrar as
falsas informações derivadas de
pretensos conhecedores do
assunto. Infelizmente existe,
circulando entre nós, uma
quantidade enorme de textos
avulsos e livretos insistindo em
despejar sobre nós uma cachoeira
de lixo.
Crowley, gastou toda sua
fortuna, e dedicou sua vida,
8
desenvolvendo a filosofia
Thelêmica, tal como revelada por
Aiwass em Liber AL vel Legis. O
resultado foi volumosa produção
de comentários, anotações,
trabalhos, tratados e livros
relacionados à Magick, ao
Misticismo, Yoga, Qabalah e
outros assuntos correlatos.
Todo este material
influenciou o Ocultismo do
Século XX. Existem estudos que
determinam que cada Capítulo de
Liber AL estaria associado, em
particular, com um Aeon da
Evolução Espiritual da
humanidade. Aqui, chamo à
atenção dos leitores que a frase
“Livro da Lei” deriva-se da
Maçonaria, como um alternativa
forma para a frase “Volume da
Sagrada Lei (V.S.L.). Claro que
em lojas cristãs este Livro será a
Bíblia aberta no Altar; numa loja
judia será a Torá, que significa “A
Lei”; e numa loja mixta haverá
mais de um livro no Altar. Em
lojas, templos, capítulos, e outros
corpos rituais thelêmicos, apenas
Liber AL vel Legis é usado no
“Altar”.
O coração do Sistema
Thelêmico é, claro, Liber AL vel
Legis, também conhecido como
Liber AL, e Liber CCXX. É um
livro razoavelmente pequeno, e
tem sido editado em forma de
panfleto. O livro foi “ditado” à
Crowley em 1904, durante sua
viagem nupcial ao Cairo. O autor
do Livro apresentou-se sob o
nome da Aiwass, uma entidade
praeter humana que, segundo
Crowley, era duplamente o
mensageiro da Divindade
governante do Novo Aeon e seu
próprio “Anjo Guardião”. O Livro
compõem-se de Três Capítulos,
um para cada membro das três
principais Divindades do Aeon:
Nuit, Hadit e Ra-Hoor-Khuit.
Liber AL é uma direta transmissão
de novos deuses governantes do
Corrente Aeon, iniciado em 1904.
È dito que a cada publicação do
Livro sucede uma guerra; e que
quando o Livro for editado,
seguindo corretamente as
instruções contidas nele próprio,
ocorrerá uma guerra de
conseqüências jamais previstas,
pondo fim a civilização tal qual a
conhecemos.
D
“O crescimento dos dois
maiores monstros da sociedade,
Corporações e Burocracia, tem
esmagado quase a todos
dedicados partidários a
ideologia do individualismo e
independência”
Em linhas gerais não existe
muita diferença entre o
Esoterismo Tradicional
(Ortodoxo) e aquele chamado
Thelêmico, a não ser certamente
no tocante áquela ênfase colocada,
9
pelo último, sobre a Liberdade e a
execução da Real Vontade do
indivíduo no processo da
Consecução Espiritual. Seria
interessante lembrar aqui que,
segundo Thêlema, a Real Vontade
do indivíduo é a Vontade do
Universo – disto, o dístico no
Lâmen da O.T.O.: “Deus est
Homo”. E isto não está muito
longe das últimas concepções
científicas quando dizem: “ O
Homem é o ser verdadeiro, o Ôlho
que vê o mundo”. A concepção
thelêmica é Monista, em que Deus
é a própria criação. Em Liber II –
“A Mensagem de Mestre Therion”
– o tema é abordado de forma
clara.
Incontáveis textos tentam
explicar o que seja Thêlema,
Verdadeira Vontade, etc., mas não
conseguem chegar a ponto algum,
porque na verdade, o Caminho
deverá ser uma experiência de
vida e, por conseguinte, livros
escritos por “profanos” jamais
poderão dar uma resposta
plenamente satisfatória – “procure
o Reino de Deus e o resto lhe será
acrescentado”. Portanto, não cairei
aqui neste erro tão repetido: o erro
de tentar explicar intelectualmente
Thêlema, Vontade, etc. Visto sob
um ângulo muito cauteloso,
Thêlema poderia ser considerada
como uma filosofia de vida, na
qual inseriu-se conceitos místicos,
mágicos e religiosos, no sentido
lato da palavra religião, isto é,
“religare”. Há também em
Thêlema juízos sociais.
É sobejamente conhecido
que a figura de Crowley sempre
esteve associada a “Satanismo”,
“Luciferismo”, etc.; isto é: tudo
aquilo que foi incorporado
maliciosamente na Tradição Cristã
(Osiriana), que é uma terrível
herança do conceito patriarcal
judaico, adotado pela Teologia
Católica Romana. Além disso, as
práticas mágicas de Crowley,
obviamente ligadas ao Aeon de
Horus, não são compreendidas por
estes ainda presos ás superstições
crististas, profanos ou iniciados
nos ritos do Deus Sacrificado.
Para terror dos crististas, o mais
conhecido “moto mágico” é “TO
MEGA THERION” (A Grande
Besta), e que possui relações
íntimas com o número
apocalíptico 666. “Seria
interessante, em resposta a todo
este terror com relação ao número,
lermos sobre o significado do
número o que escreveu Peter
Lorie em seu livro “Revelation”
(pag. 160-6), e o que outros
apontam, mas em significado
inverso: “É possível que o
número 666 e os extraordinários
versículos do Apocalipse
relacionados com a Besta nada
tenham a ver com o Mal... Em
quase todas as religiões não
cristãs o número 6 não é
considerado maléfico. Pelo
contrário, na Árvore da Vida ele
está alocado em Tiphareth (O
Sol). Na Cabalá, a tradição
mística judaica secreta, o seis é
considerado a perfeição dos
número.” (A Estrela de David
10
tem seis pontas, relacionando-se
com os seis dias da criação e
com as seis letras do nome
judaico de Deus, as Seis Ordens
de Anjos, os seis corpos celestes,
e assim por diante.
Na Gematria hebraica, o
número 666 não tem qualquer
significado maléfico, querendo
antes dizer um Messias – um
indivíduo que tem uma mensagem
particularmente divina a
transmitir: “a palavra Apocalipse
significa, na realidade, uma
revelação profética, uma
revelação de verdade”..
Entretanto, acontece que a
palavra Revelação significa
“velar” (esconder) duas vezes. Isto
significa que o Apocalípse é uma
prefecia “velada duas vezes”.
Poderíamos, portanto, considerar a
possibilidade de o animal
apocalíptico com o número 666
pode ser humano, alguém que traz
uma revelação, um messias (que
poderia ser um “anti-cristo” na
medida em que não pregaria a
antiga Palavra do Deus
Sacrificado, mas uma Nova
Palavra – ver “O Encontro
Magick” – Fernando Pessoa e
Crowley.
A maior parte do material
thelêmico, existente na língua
portuguesa, foi traduzido, e com
interessantes anotações, por
Marcelo Motta. Isto em muito
facilitou, beneficiou e acelerou,
em nosso país, estudos e práticas,
tanto mágicas quanto místicas,
baseadas no sistema.
Dentro do processo
thelêmico aprende-se o quanto a
liberdade individual é preciosa
para o desenvolvimento humano,
tanto na área espiritual quanto na
social; então compreende-se que
Thêlema oferece esta liberdade
sem restrições ao homem, mais do
qualquer outra filosofia ou
religião já ofereceu. Thêlema
também determina, através seus
postulados, que as pessoas. Todas
elas, independente de raça,
religião ou cor política, têm o
sagrado direito de adotar a
filosofia de vida que quiserem
para si, sem que qualquer outra
pessoa ou coisa lhe imponha
limites como tem sido feito,
através dos séculos, por conta de
religiões, regimes políticos, etc.
Mas também compreende-se ser
um dever sagrado combater
quaisquer tendências contrariando
este direito, ou procurando
locupletar-se social ou
financeiramente usando Thêlema
como desculpa. Qualquer
thelemita mantêm bem claro seu
repúdio a esses que vêm agindo
assim durante anos, seja no Brasil
ou em qualquer outra parte do
mundo.
Não podemos fazer uma
avaliação do Movimento
Thelêmico, em todos seus níveis,
sem profundo estudo do mesmo
em todas dimensões possíveis.
Também, não se pode
esquecer de que o pensamento
thelêmico não é novo, e não se
restringe ás organizações
11
materiais que o representam no
mundo externo. Isto quer
significar que você pode ser um
thelemita sem pertencer, ou jurar
fidelidade a quaisquer das ordens
“oficialmente conhecidas” como
thelêmicas. Além disso, existem
organizações thelêmicas não
seguindo os “padrões”
apresentados por estas
organizações “oficiais”, mas sim
suas próprias e independentes
vias. Por exemplo: organizações
como a Fraternitas Saturni
(Gregor A, Gregorius – Grosche)
que aceita o aadvento da Corrente
Aeonica Thelêmica, não aceitam o
Sistema de Crowley e nem sua
autoridade espiritual. A
Fraternitas Saturni apresenta-se
como uma organização passando
por várias transformações durante
sua mais recente manifestação ( de
1927 até o presente). Esta
fraternidade tornou-se conhecida
através descrições fragmentadas
enfatizando os sensacionais
trabalhos mágico-sexuais em suas
lojas ou, também, seu obscuro e
satânico lado. Isto é
compreensível sob a luz do fato
que Saturni é (ou foi) a mais
ousada organização luciferiana no
moderno renascer do esoterismo
ocidental. Ultimamente, alguns
“thelemitas” bandearam-se para
aquele lado.
Outras organizações,
embora aceitando a Lei de
Thêlema, não reconhecem
Crowley como um líder as ser
seguido – consideram-no tão
somente como o casual
instrumento pelo qual a Lei foi
transmitida. Estes e outros,
voltam-se para a liderança de
Frater Achad (Charles Stansfeld
Jones), baseando-se do fato de ter
sido ele o descobridor das Chaves
de Liber AL. Outros tantos
consideram Crowley como um
grande magista, mas refutam
veementemente o texto do Livro
da Lei, principalmente o Terceiro
Capítulo. Existe uma boa
percentagem se voltando para
Jack Parsons (Frater Belarion), ou
para Marcelo Motta (Frater
Parzival). Muitos afirma que
Aiwass é uma invenção de
Crowley. Tal afirmativa tem sido
exposta pelo líder do Caliphado,
Hymenaeus Beta; e nós sabemos
que o problema que “aflige” este
“thelemita” prende-se ao
problema de direitos autorais. Os
membros da loja em Pasadena,
California, dos quais Crowley não
tinha qualquer conhecimento
pessoal, estavam espalhando
rumores e fofocas entre si
próprios, tal como, atualmente,
acontece entre os vários grupos
espalhados no território nacional
brasileiro. McMurtry era
meramente um desses, somente
que sendo um oficial do Exército
Norte Americano, estacionado na
Inglaterra, durante a Segunda
Guerra Mundial, teve a
oportunidade de estar, por
pequeno lapso de tempo,
pessoalmente com Crowley. – um
pequeno lapso de tempo que ele
soube explorar e exagerar,
12
posteriormente, em beneficio
próprio. Assim mesmo, ele
pareceu, ao velho e cansado
Crowley, mais substancial que os
outros, longe na América. De
qualquer forma, a autorização
dada a ele por Crowley era
somente temporária e meramente
significativa que McMurtry era o
menino de recado de Crowley
para dar fim às intrigas lha
chegando aos ouvidos vindas de
Loja na California. Crowley
jamais nomeou McMurtry O.H.O.
da O.T.O., e o título pelo qual o
chamou mais tarde – Caliph –
nada tem a ver com a O.T.O.. Foi
mais no sentido de lisonjear o ego
de McMurtry e mantê-lo dócil no
sentido de auxiliá-lo naquela
difícil situação. De qualquer
modo, Germer jamais aprovou as
cartas de autorização, porque
sabia da real situação de
McMurtry e da Loja na Califórnia.
Recentemente, surgiu uma
facção apoiando a teoria de Frater
Achad de que Aiwass é um
“demônio” inimigo da
humanidade.
Assim, neste particular
assunto, o que quer que possamos
dizer a respeito. Sofrerá, sempre,
contestações, restrições,
aprovações, negações e
limitações. Nos dias atuais, tornase
cada vez mais difícil
encontrarmos verdadeiros
thelemitas: e por conseguinte,
Thêlema em sua pureza original –
a não ser em grupos e
organizações ultra-veladas, ainda
não contaminadas pelas mazelas
causadas por falsos “adeptos
thelêmicos. Naturalmente, tais
organizações usam nomes bem
distantes de qualquer relação
direta com Thêlema.
Reconhecemos que o
Movimento Thêlemico encontrase,
atualmente, em processo de
amadurecimento, malgrado as
idiotices surgindo em seu Nome e,
por isto, apresenta muitos
desencontros além daqueles
criados pelos energúmenos citados
acima. Talvez, em vista disto, o
Movimento não sobreviverá como
um Sistema coeso, coerente, etc.,
repetindo-se mais uma vez o
processo histórico averiguado no
Sistema Cristão. Isto porque não
conseguimos ainda esclarecer os
obscuros fatos ocorridos num
passado recente, e que vem
nocivamente atuando no presente.
Precisamos fazer com que a
verdade, a respeito de Thêlema,
seja recuperada e dita
abertamente. Mas aí existe algo
mais profundo – talvez seja a
Vontade dos Mestres que tudo isto
aconteça, até que encontremos as
Chaves desse processo...
Ñ
O DESEJO DE HEGEMONIA
O sôfrego desejo de
hegemonia política e domínio
mágico procurado por alguns
13
grupos, auto denominados O.T.O.,
tem em muito prejudicado a
evolução do Sistema Thelêmico
no mundo, porque aquela Ordem é
a organização através da qual
Crowley se propôs divulgar
Thêlema na externa. Infelizmente,
estes grupos são compostos de
pessoas se injuriando mutuamente
em nome de ideais não
compreendidos, sem perceberem
que, em essência, falam a mesma
língua e procuram a mesma coisa.
Não desconheço, entretanto, a
existência de elementos infiltrados
nestas organizações determinados
a destruir Thêlema através da
discórdia.
Entre estas organizações
destacamos o Caliphado e a, assim
chamada, Loja Nuit, que se
erguem como obstáculos à
harmonia e à fraternidade entre
todos nós. Sei existirem profundas
diferenças entre tais grupos, mas
são diferenças que podem ser
superadas, bastando para isto
respeito mútuo e bom senso.
Infelizmente estas são
qualidades inexistentes em tais
grupos, e qualquer iniciativa
pessoal de qualquer de seus
membros, em direção a este
entendimento com outros grupos,
seria considerada traição aos
princípios da organização a que
ele pertence e punida com extrema
severidade. No grupo de Ribeirão
Preto (Loja Nuit), se é que ainda
existe, o mesmo aconteceria, até
com maior intensidade, pois
aquela Loja é liderada por um
profundo fanatismo, herança dos
piores momentos na carreira de
Marcelo Motta. Em razão disto,
bons thelemitas são perseguidos
como Frater Lancelot que teve a
iniciativa de colocar-se como um
elo entre duas destas
organizações. Assim comete-se
uma série de injustiças
prejudiciais ao próprio evoluir do
Sistema como uma força viva,
coesa, dinâmica e libertária. E
nenhum desses “thelemitas”
existentes por aí, sabedores destas
misérias, veio à público esclarecer
o que acontece. Preferem manter
tudo sob panos para evitarem
confrontos com seus líderes,
“mestres”, caliphas, reis, etc.
Em alguns desses núcleos
prega-se uma leitura limitada,
vigiada e baseada nas
idiossincrasias de seus tutores. E
ai de quem se afasta desse “curso
de leitura” para ampliar seus
conhecimentos – brutal repreensão
e/ou expulsão será sua
recompensa. Ora, todos nós
sabemos muito bem que qualquer
texto deveria ser lido, estudado e
analisado com a maior
neutralidade possível na busca
qualquer coisa útil que seu autor
nos possa transmitir. É salutar
conhecermos opiniões de outros
em vários assuntos. Mas, nas
inúmeras OTOs que conheço,
quem assim procede, seguindo sua
vontade de conhecer e a liberdade
claramente expressa em Liber OZ,
são repreendidos, atacados,
punidos, descriminados e
14
sumariamente afastados do
“rebanho” – e na maior parte das
vezes, claro, são considerados
“focos de pestilência”.
Assim acontecendo, os reais
interessados em Thêlema vão se
diluindo em outras denominações,
na maioria das vezes nada tendo a
ver com a Corrente Original, a não
ser algumas vagas insinuações
para parecerem que têm base
thelêmica – pura propaganda
enganosa para atrair incautos.
Em meio a este triste
cenário, o Caliphado tenta manter,
com mãos de ferro, o monopólio
das obras de Crowley. Para
assegurar esse açambarcamento
utiliza-se de espiões em todos os
cantos do mundo numa teia muito
bem elaborada. A principal missão
destes agentes sendo ameaçar
escritores livres, sinceramente
votados a dizerem a verdade sobre
o existente por detrás de todas
essas organizações espúrias.
Seguindo este plano, não
faz muito tempo, o autor deste
trabalho viu-se impedido de
publicar uma livro sobre Thêlema
no Brasil, somente porque
sublinhava verdades a respeito da
O.T.O. Norte Americana e de
algumas outras organizações, e da
atuação de seus líderes em nosso
país. Esta façanha, digna dos
tempos da inquisição romana
aliada a uma ditadura política, e
totalmente contrária aos preceitos
thelêmicos, foi realizada por um
ex-mestre do Caliphado no Brasil.
Hoje, este ex-mestre não somente
abandonou seus antigos vínculos
com o Caliphado, tornando-se
destacado membro da Fraternitas
Saturni.
A maioria das organizações
chamadas OTO, no Brasil, dá
guarida à péssimas traduções e
publicações realizadas a toque de
caixa sob a tutela de grupos de
pseudo thelemitas. Sem contar
com as horrorosas traduções feitas
pelo líder de uma dessas OTO,
cujo conhecimento da língua
inglesa é igual àquele que possui
de Thêlema, isto é: nenhum, pois
em seus desvarios de tradutor
confunde a palavra “mourning”
(tristeza, lamento, luto, etc.) com
“morning” (amanhecer, alvorada.
Manhã), e traduziu “The Signo f
the MOURNING Isis, como sendo
“O Sinal do amanhecer de Isis”.
Esse grosseiro erro, magicamente
falando, causa grande transtorno
em iniciantes da magia prática,
que transfere, sem o saber, o erro
para a Plano Astral, com sérias e
funestas conseqüências ao
praticante. O erro está registrado
na pag. 67 do livro “Rituais e
Aleister Crowley”. Sinceramente
não sei como um, assim chamado,
“destacado membro da O.T.O.”
possa ter cometido tal erro, além
de infantil, nocivo para os outros.
Não seria, talvez, necessário
afirmar que o resultado dessa
execrável atitude, perante
Thêlema, é o surgimento de
traduções feitas por indivíduos
sem a menor experiência iniciática
15
no Sistema (ou de outro qualquer),
o que, obviamente, os torna os
menos indicados para o trabalho
esotérico.
Talvez, por ter convivido 13
longos anos com os austeros
preceitos de Frater A., eu não
possa tolerar certas posturas em
relação à Thêlema em geral e à
O.T.O. e a A.´.A.´. em particular.
Resumindo:
Da Original O.T.O.
desenvolveram-se galhos
atrofiados, versões variadas de um
tema já deformado que passaram a
ensaiar, cada qual, a sua particular
versão. Disto resultou a dês-ordem
atual. Sempre houve na estrutura
desses arremedos algo que, mais
cedo ou mais tarde, produz uma
implosão, o que determina a total
quebra nos laços, desses
simulacros, com a Ordem, e o
irremediável fim deles nos planos
mais altos...
Ñ
Jamais permitiremos que
aconteça com os textos thelêmicos
o mesmo desastre acontecido com
as escrituras cristãs, Isto é, uma
drástica transformação ,
adaptações e deturpações no
sentido de agradar gregos e
troianos. Quando os registros
escritos do cristianismo
começaram a circular, os grupos
independentes costumavam a
completá-los com suas tradições
sobre o “salvador”, cada um
acreditando que suas versões
particulares fossem as
verdadeiras. O processo
intensificou-se após o Concílio de
Nicéia, quando o grupo vitorioso,
liderado pelo Imperador
Constantino (que não seguia
absolutamente o credo cristão,
mas sim suas ambições políticas)
começou a reescrever os
Evangelhos no sentido que estes
apoiassem a versão romana.
Em Thêlema, você tem
somente duas opções: ou você é
um thelemita, assumindo toda
carga que esta classificação nos
confere, ou não é. Em Thêlema
não existe “alto do muro”, e todo
aquele procurando, por um motivo
ou outro, permanecer “neutro”,
numa cômoda posição, agradando
a todos, nada tem a ver com
Thêlema: é um enganador ou um
enganado... no que isto pese
àqueles se dizendo
contemporizadores; adjetivo que
em nosso linguajar significa
“homem de duas caras”.
A Liberdade e a
Fraternidade deveriam ser os mais
fortes elos unindo todos os
thelemitas. Entretanto, é a
discórdia e ofensas recíprocas que
tornaram-se o denominador
comum entre eles. Se os grupos
mais abastados fossem capazes de
superar a intolerância, as barreiras
impedindo o desenvolvimento
salutar do Movimento seriam
derrubadas para o bem de todos.
Bastaria um pouco de equilíbrio
16
para acabamos com estes erros,
pois é certo que ninguém gosta de
permanecer no erro – a não ser os
desmiolados – embora esta não
seja um a regra geral, conheço
pessoas adorando estar em erro.
Thêlema jamais foi uma
religião, como alguns a querem
apresentar; e deveria ser evitado
todo e qualquer pensamento, ou
ação, dando-lhe esta conotação.
No momento, em que instalamos
uma crença religiosa, e a
organizamos, ela traz, em seu
âmago, a semente da hipocrisia,
do dogmatismo, da intolerância; o
cerceamento da liberdade de
expressão individual, da pesquisa
e um falseamento da verdade. As
pessoas afirmam acreditar na
religião, mas a maioria é
hipócrita: “ela só agem como se
acreditassem porque há benefícios
terrenos em fazer isto. Elas criam
para si mesmas uma ilusão porque
isso as deixa felizes. Neste terreno
e, principalmente entre
“thelemitas”, ninguém crê em
nada do que alega crer. Por isto o
terreno thelemico está tão cheio de
hipócritas, pois se falam como
thelemitas, agem ao contrário.
Esta tem sido uma constante
histórica, e Thêlema não pode
seguir esta regra sob pena de
desaparecer como um Sistema
altamente orgânico e aliado à
evolução universal. Não queremos
destruir a crença de ninguém.
Apenas procuramos a verdade, e
se para encontra-la tivermos que
derrubar ídolos, isto é problema
dos ídolos e dos idolatras.
Necessitamos encontrar a verdade
em toda sua nudez e pureza, e
para isto devemos, um após outro,
remover os véus com os quais a
cobriram vários tipos de
congregações sacerdotais ou de
homens comuns: os primeiros
procurando impressionar o povo e
adquirir mais poder para si
próprios e para, lógico, suas
religiões ou organizações
esotéricas, afastando-se, cada vez
mais, da verdade; os segundos,
por pura ignorância instilada pelos
primeiros.
Antes de morrer, Crowley
deixou várias advertências, sobre
o futuro de Thêlema, em cartas
dirigidas a Karl Germer.
Especificamente em uma delas,
alerta à seu futuro sucessor a
necessidade de serem realizadas
mudanças na estrutura e nos
rituais da O.T.O., para que aquela
Ordem pudessem fazer face aos
tempos modernos como uma
legítima guardiã da Corrente por
ele iniciada. A necessidade da
reforma era óbvia. Dificilmente
uma ordem, do caráter da O.T.O.
poderia permanecer estática sem
sofrer sérias conseqüências
minando-a. Sem tais mudanças a
O.T.O., emergente após décadas
de contanto com o Sistema
Osiriano, estaria preparada para
enfrentar seus futuros adversários.
Na antevisão de Crowley, sem isto
a O.T.O. entraria em colapso.
Uma previsão bastante exata. O
aviso não foi seguido, nem por
17
Germer, que em certo sentido
tentou destruir a Ordem, e nem pó
seus supostos sucessores.
Unicamente Kenneth Grant e
Marcelo Motta trabalharam no
sentido destas mudanças.
Infelizmente, a reforma executada
por Kenneth Grant causou
completa deformação na Ordem,
fazendo-a desviar-se de seus fitos
básicos. Marcelo Motta deixou
suas mudanças serem dominadas
por brutal intolerância. O
resultado dessas duas tentativas
resultou numa O.T.O. dividida e
acéfala; sem a menor chance de
cumprir sua missão, qual seja:
tornar-se o centro de divulgação e
expansão Thelêmica na externa.
Ñ
Talvez, mais do que outra
“onda”, as mudanças trazidas pela
tentativa de massificação do
esoterismo, seja a que mais
profundamente alterou
pensamentos, hábitos e costumes
de grande parte de pessoas neste
fim de século – a grande
influência desta mudança na
sociedade por ser exemplificada
através os filmes “Aquarius”, “O
Cristal Mágico”, “A Última
Tentação de Cristo”, e outros.
Entretanto, além de sabermos o
que o Esoterismo não pode se
massificado (ou socializado, como
pensam alguns) por razões óbvias
à todo sério estudante do oculto,
devemos observar, em ouro
contexto, que com essa tentativa
de massificação ele foi profanado
e, como todos sabem,
ridicularizado. Com esta
massificação, criou-se mais uma
discriminação, e esta divide as
pessoas em dois grupos distintos:
aquelas possuidoras de poder
financeiro para ter acesso à uma
literatura séria (porém cara), e os
que não possuem este poder de
compra e, portanto, destinados à
limitações em um literatura
superficial, enganosa, comercial,
“popularizada”, destinada á
grande venda, como a que vemos
crescer e poluir nossas livrarias
atualmente – nada que realmente
preste... Assim, desde já, estes
últimos se encontram excluídos de
qualquer mudança evolutiva
religiosa e social num futuro
próximo. Esta literatura
massificada encontra-se eivada de
conotações crististas. Porque estas
atraem o público desavisado.
Claro que esta evolução está em
andamento, mas, como dito, “
muitos são os chamados, mas
poucos os escolhidos” ou, como
dito em outro livro: “que meus
servidores sejam poucos e
secretos; eles regerão os muitos e
os conhecidos” (Liber AL vel
Legis, I, 10). A grande verdade é
que em se falando de Esoterismo,
e querendo massifica-lo, ainda
restará, como sempre, uma elite:
“quantidade jamais foi
qualidade!”
18
Nós nos arriscamos a
afirmar que o início desta onda
deu-se no Brasil, a partir da
década dos anos 60, quando o
Esoterismo, engatinhando através
algumas poucas e sérias
organizações, e a publicação de
pouquíssimos livros, em sua
maioria misturados com uma
literatura espiritista, conseguiu
erguer-se sobre seus pés. Desde
então, o pensamento Esotérico
começou a ser amplamente
divulgado (mas de uma maneira
errada, sensacionalista, comercial
e, acima de tudo, embebido
naquela adocicada e enjoativa
pieguice romano alexandrina. Tal
difusão deve-se à rádio-difusão, à
televisão, onde inúmeros artistas
aderiram à onda no sentido de
projetarem suas imagens aos olhos
do público, como difusores de
uma nova era. Desta maneira, toda
cidadão, preparado
espiritualmente ou não, começou a
receber “informações” antes
somente dadas a poucos iniciados,
com a mente preparada para
recebê-los. Micro computadores,
cada vez mais acessíveis à massa,
coroaram esta “divulgação”
caótica e sem rumo. Hoje
qualquer um pode acessar, com
um simples toque de dedo, os
mais variados assuntos do
ocultismo. Mas acontece que estas
informações carecem da “chaves”
indispensáveis à sua compreensão.
O povo pode, agora, penetrar, por
assim dizer, nas mais misteriosas
“sociedades secretas de
iniciação”. Eu riria ante tal
afirmativa se o problema não
fosse tão sério: toda esta
informação não serve para nada
(sob o prisma da verdadeira
iniciação), a não ser como uma
demonstração de imbecilidade e
exotismo. Hoje em dia, todo e
qualquer pateta pode passar como
sendo um iniciado, um mago, um
adepto, etc...
Para exemplificar o que
digo, um desses patetas tornou-s
membro da Academia de Letras,
alcançando aquela “imortalidade”
tão passageira como o brilho de
um foguete na noite de Ano Novo,
mas que massageia o ego
exaltado.
Claro que este tipo de
“divulgação esotérica” é um
absurdo e uma panacéia para os
velhacos. Um amontoado de lixo
jogado sobre os incautos. A cerca
desses “movimentos esotéricos”,
onde aparecem Reis do Mundo,
Guardiões Espirituais, Mestres
Acencionados, “ordens Rosa
Cruz”, proliferando em nosso
meio, consideradas como
“centros iniciáticos”, pode-se citar
um fato ocorrido há algum tempo
atrás: “ a revista francesa Poit de
Vue, N.140, de 20 de novembro
de 1947, descreveu um homem
que apareceu na França e se dizia
“Rei do Mundo”, além de ser o
“Maha Cohan Kout-Humi Lal
Singh e outros personagens mais.
Era um homem de mais ou menos
45 anos, tipo nitidamente europeu,
cabelos e bigodes negros e olhos
habitualmente autoritários (o tipo
19
que os imbecis adoram como
imagem de “deus”) Seu nome:
Cherenzi Lind... Desembarcando
em Paris, afirmou numa coletiva
que naquele mesmo ano faria um
grande milagre, coisa que não
ocorreu, naturalmente. Quis um
encontro com os maiores
cientistas de França para discutir
com eles temas tais como energia
nuclear,etc.: todos compareceram,
menos ele. Lind possui vastas
áreas de terra no Panamá e outros
países centro-americanos. Embora
dissesse sempre jejuar, tinha um
fraco por frango e ‘a la financiéree
e vinhos de Borgonha, além de
consumir grande quantidade de
charutos de ótimas marcas.
Passava noites com a famosa
Lydei Bastieu embora, dissesse
ser um homem casto.” Poderíamos
falar sobre outros charlatões que
se dizer ser gurus, guias, etc., mas
a Consciência Pública saberá
distinguir o joio do trigo. Afinal,
pelos frutos os conhecereis. Claro
está que o fito desses velhacos é o
faturamento alto, vindo de onde
for.... da venda de livros,
periódicos, folhetos, e
“palestras”... atrás disto vamos
encontrar aquelas “ordens” e “
fraternidades” que nada têm a
oferecer a não ser uma “patente”
assinada para você mostrar
orgulhosamente aos seus amigos
(e inimigos). E tome “fraternidade
do raio violeta”. Do azul, e de
todo espectro... ordens
“cabalistas” , ledores de Tarot,
etc. A situação atingiu, em pouco
tempo, as raias do absurdo, em
que uma enorme quantidade de
“magos”, “gurus”, “ordens
secretas” (como pode ser secreta
se é conhecida publicamente?),
etc., começaram a surgir nos
meios de comunicação,
anunciando seus poderes, suas
virtudes, suas legitimidades, suas
ancestrais origens (de preferência
atlantas e egípcias), e uma
imensidão de outras idiotices.
Conhecemos, pessoalmente, dois
desses místicos (um trabalhando
com cristais, o outro lendo tarot)
que se tornaram ricos com suas
atrapalhadas; um deles mudou-se
para a Espanha; ou outro foi
passear pelo mundo... tudo as
custas dos trouxas que lhe deram
dinheiro (uma das energias do
Plano dos Discos), para ouvir
baboseiras agradáveis a seus egos.
É exatamente desta época o
surgimento daquele “mago de
televisão”, ao qual me refiro em
um outro trabalho.
Porém, não fica só nisto. O
desatino vai mais longe.
Religiões, mesmo entre as mais
ortodoxas, viram-se envolvidas no
contexto, e o número de inovações
espúrias e falsas igrejas, lideradas
por vigaristas, “bispos” e
“pastores”, sem quaisquer
princípios éticos e, principalmente
espirituais, brotaram como ervas
daninhas neste fértil terreno. A
própria respeitável Maçonaria,
antes intocável, abriga vários
destes nocivos agentes da
vigarice. Vemos que há pouco
tempo, a maçonaria dividiu-se em
20
vários “Orientes”, e o nível
“maçônico” de seus membros
decaiu inexoravelmente tornandose
uma assunto de risos por toda
parte.
Tudo que tem início,
seguramente terá um fim. A
“Onda Esotérica” está aos poucos
se diluindo. Superado o “oba!
oba! dos festivos e dos
superficiais, percebe-se de que
tudo que as pessoas têm acesso
fácil neste carnaval esotérico, não
passa de ilusão – o restolho que
reais iniciados permitem seja
exibido à profanos e profanadores.
A agitação esotérica amainou.
Pouquíssimos foram aqueles
ligados às reais fontes. Porem, a
inércia desse movimento ainda faz
com que o cadáver estremeça
como se vivo estivesse, e nós
ainda temos muito tempo pela
frente para suportar o fedor
emanado dele.
A “revolução ocultista” dos
anos 60, afetou seriamente a todos
– tradicionais e liberais – e o mais
importante, alterou os métodos de
transmissão do “Conhecimento
Oculto”. Como jamais esteve em
tempo algum, ele, se encontra
mais velado, mais
incompreendido por profanos. As
próprias fantasias e idiotices
divulgadas como se fossem
Esoterismo, automaticamente
criaram estas veladuras, estas
salvaguardas.
Outro grande desastre foi
que as Ordens Thelêmicas,
operando na externa, envolveramse
nesta desordem –
principalmente a O.T.O. A
estrutura da ordem alterou-se de
maneiras evidente, mas não no
bom sentido, ou naquele desejado
por Crowley. A ordem tornou-se
um simples club, onde os
diletantes de um ocultismo
medíocre podem agora reunir-se
para jogar conversa fora. Seus
elos com a Grande Ordem (aqui
me refiro à Real O.T.O.), e ela
perdeu contato com a Palavra do
Aeon, e as Sucessão Apostólica
tornou-se uma pilheria; de mau
gosto, diga-se de passagem. No
final deste século várias
organizações se apresentam como
sendo a O.T.O., algumas delas até
usam a sigla acrescida de outras
letras. Imbecís: não sabeis que isto
altera profundamente o valor
cabalístico da verdadeira sigla e,
portanto, as vibrações contidas
nela? Senão vejamos: o valor
numérico da Sigla O.T.O. é,
quando valores reais são dados à
estas letras, 666. Mas que dizer
do valor numérico de S.O.T.O.,
C.O.T.O. , O.T.O.A., O.T.O.M.,
etc?
É bastante exaustivo tentar
apresentar as origens e a história e
os perfis dos protagonistas do
movimento Thelêmico no Brasil,
principalmente quando tomamos a
O.T.O. como ponto de referência.
Existe aí uma complexidade além
de nossa capacidade discursiva
profana (não poderíamos nos
expressar de outra maneira, claro)
21
mais ainda dificultada porque
inclui certos detalhes iniciáticos
longe de serem compreendidos
pelo profano. Na verdade, não
existem segredos. “Os
verdadeiros segredos são
segredos pela simples razão que
não podem ser compreendidos
pelos profanos”. Isto é evidente à
todos aqueles que procuram,
honestamente, estudar a Ciência
Esotérica.
Ñ
Ninguém desconhece a
existência de pessoas afirmando
categoricamente, mas de maneira
equivocada, (pois os fatos não
confirmam a versão), que a
O.T.O. surgiu no Brasil quando,
em 1995, chegou ao nosso país
uma delegação, proveniente do
“Caliphado”, para “iniciar” alguns
indivíduos, que se renderam ao
glamour daquela entidade, aos
Três Primeiros Graus da
organização californiana.
Evidentemente isto não
corresponde à verdade, da mesma
forma que não é verdadeira aquela
outra versão de ter sido a FRA a
precursora de Thêlema no Brasil.
Esta “estória” foi divulgada
publicamente através texto de um
certo Fra. S., ex-discipulo de Fra.
T. na A.´.A.´. e de Fr. A. na
O.T.O. Ester Fra. S., durante todo
tempo em que esteve sob
instrução de Fra. T., jamais
apresentou a seu instrutor, uma
simples linha, sequer, de um
diário mágico. Este “discípulo”
falhou em todas as provas a ele
requeridas pelo currículo do
Probacionista.
As “iniciações” aqui
realizadas pela delegação do
Caliphado deixaram muito a
desejar ou, em outras palavras:
não tiveram eficácia alguma.
Verdadeira decepção para alguns
dos “iniciados” mais bem
informados. As “iniciações”
foram realizadas baseadas em
rituais já publicados por Francis
King (“The Secrets Rituals Of the
O.T.O.” – Samuel Weiser – N.Y.
– 1973), portanto inteiramente
sem valor sob o ponto de vista
mágico. Além do mais, tais rituais
estão carregados de características
maçônico-osirianas, que é
suficiente motivo para serem
completamente abandonadas, por
thelemitas, como peça de museu.
Thêlema teve seu primeiro
aparecimento público no Brasil há
exatamente 37 anos atrás, quando
Marcelo Ramos Motta publicou o
livro “Chamando Os Filhos do
Sol”. Posteriormente,
desenvolvido e grandemente
divulgada por Fra. A., Soro S.,
Fra. L., Fra. B., Fra. Sh., e outros
corajosos homens e mulheres
ligados ao movimento. Não
podemos deixar de citar aqui a
presença de Raul Seixas,
trabalhando thêlema mediante seu
gênio musical.
A O.T.O. é o instrumento
da A.´.A.´., através da qual a Lei
22
pode e deve ser divulgada,
progressivamente, como o
crescimento da vegetação sobre a
Terra. A O.T.O. é o visível corpo
da Lei como a A.´.A.´. é o
invisível; e se propriamente
utilizada, pode, sem qualquer
distúrbio, libertar o mundo. Os
fundamentos desta afirmativa têm
sido ventilados, aqui e ali, por
vários autores sob forma de cartas,
monografias e livros, cada qual
destacando uma face da questão.
E entre estes devemos citar o
nome de um grande batalhador
conhecido como Toninho Buda,
cujo escopo maior de sua vida tem
sido esclarecer e divulgar
Thelema e a figura de Raul
Seixas.
Para possuir uma idéia de
tudo que falamos, basta que o
estudante examine a vasta
documentação existente. Mas ele
deve, guiado por seu bom senso,
separar as falsas informações
daquelas autênticas e realmente
fundamentadas. Para chegar a um
bom termo e formular sua própria
opinião, que ele mergulhe no
passado recente, precisamente a
partir de 1961, e que nunca se
esqueça de que “pelos frutos os
conhecereis”. Isto quer dizer o
seguinte: a arvore sã só póde dar
frutos saudáveis... E ainda mais,
nunca se esqueça que a
Verdadeira Ordem não tenta
converter, não discute e não fala
demais.
Até 1961, o Sistema
Thelêmico, Aleister Crowley,
O.T.O., Ordem de Thêlema,
A.´.A.´., Liber AL, Liber OZ, etc.,
não faziam parte do currículo do
esoterismo brasileiro. Somente
raríssimos estudiosos, com
conhecimento de movimentos
esotéricos além mar, e acesso a
livros editados fora do Brasil, e
uma ou duas organizações
místicas, tinham alguma idéia (e
mesmo assim talvez
superficialmente) do que estes
nomes representavam no contexto
do ocultismo. Entretanto, um certo
número dessas mesmas pessoas e
organizações, escondiam
cuidadosamente tal conhecimento
do público em geral. As
organizações mantinham a mesma
desinformação em relação à seus
membros (os mais novos e,
evidentemente, de graus mais
baixos), devido ao receio que
tinham (e ainda têm) da má
reputação com a qual Aleister
Crowley foi estigmatizado durante
toda sua vida por seus inimigos
(que eram muitos e fortes) e
mesmo de alguns de seus
“amigos” e parceiros, tais como
Israel Regardie (falecido) que foi,
durante algum tempo, secretário
particular de Crowley, se bem que
tal reputação de Crowley sendo o
resultado de uma grande
campanha fomentada e financiada
por seus inimigos aliados à
Grande Feitiçaria. Foram sórdidas
mentiras contra ele pessoalmente
e às ordens por ele lideradas na
época. Entendam os leitores o
“raciocínio” dessas pessoas: não
ficaria muito bem para o “status”
23
delas serem conhecidas como
ligadas à Thêlema e á Aleister
Crowley. No dizer da Igreja de
Roma e de outras correntes
osirianas, ele era um satanista da
pior espécie, no que pese o fato de
que a maioria dessas pessoas não
têm a menor idéia do que é ser um
satanista na real acepção do termo
fora da teologia cristista. Eles até
se esquecem que um Bispo, líder
cristã na época inicial do
Cristianismo, chamava-se
“Lucifer”.
A, confusão, a
indeterminação histórica, as lutas
políticas internas e externas entre
facções rivais, são mazelas
invariavelmente acompanhando,
como uma sombra, as diversas
ordens de perfil maçônico no
mundo. A O.T.O., como uma
organização maçônica que é, não
fugiu a esta regra infelizmente;
muito embora tenha adotado, se
assim podermos dizer, a doutrina
thelêmica em certa fase de sua
trajetória. Mas não foram todos os
ramos da ordem a assumir tal
postura. De qualquer forma, com
invariável constância vemos
pessoas se alarmarem com o fato,
e de como pode ser isto acontecer.
Constitui uma incógnita (para não
iniciados, certamente) como pode
isto acontecer em organizações
supostamente criadas e mantidas
por Adeptos, isto é, por homens e
mulheres, supostamente
possuidores de certos elevados
níveis de consciência espiritual
muito acima do vulgar; e que,
obviamente, deveriam estar
vacinados contra as fraquezas dos
seres humanos comuns. Não se
pode dizer que tais questões sejam
inteiramente injustificadas. Temos
constatado invariavelmente coisas
altamente chocantes acontecerem
nestas organizações iniciáticas e
com iniciados. O problema é
observado com tanta freqüência
que a nós parece fazer parte do
currículo dessas organizações –
não somente das mais antigas,
também das mais recentes. Disto
poderíamos elaborar três teorias:
ou estas ordens são falsas, e
jamais tiveram qualquer valor
espiritual iniciático, ou aqueles
que a compõem e dirigem não
estão suficientemente preparados
para fazê-lo e não são iniciados
coisa alguma; ou uma última
hipótese, existe algum fator, muito
velado, aí inserido, trabalhando no
sentido de destruir ou TESTAR
estas instituições, mediante a
implantação de discórdias,
divisões e lutas internas. Visto sob
este ângulo, a última hipótese
seria (particularmente para nós) a
mais exata, embora não
descartemos inteiramente as
outras. Por que os “Mestres”
quereriam que tais coisas
aconteçam? Se é que eles
permitem.... Não é fácil
responder estas questões, sem
considerarmos outra hipótese,
qual seja: serem estes “mestres”
uma grande ilusão. Porém, a
melhor resposta seja que eles não
possam interferir diretamente em
nossas ações, mesmo que sejam
24
desastrosas: pessoas e grupos
necessitam exercer o livre arbítrio,
dentro de certos limites,
evidentemente. E estes limites são
tão elásticos que parecem ser
infinitos. Admito haver alguma
ambigüidade quanto aos seres
humanos terem ou não livre
arbítrio, pois ter livre arbítrio é
você poder fazer qualquer coisa
que queira, mesmo destruir-se.
Mas aqui ergue-se outra
questão: “Se Deus é onipotente,
onipresente, não saberia ele,
então, todas as nossas escolhas de
antemão? Se então isto é
verdadeiro, Deus sabe o futuro
que nos reserva. Assim sendo
todas as nossas escolhas estão
feitas, e o livre arbítrio deve ser
uma ilusão.
Evidentemente, existem
muitas variáveis para a explicação
do fenômeno. É importante que os
leitores compreendam que as
ordens são formadas e
administradas por indivíduos
humanos, em uma significante
diversidade de opiniões sobre
vários temas. Mesmo entre os
líderes o mesmo acontece, muito
embora fosse de se presumir que,
pelo menos na filosofia básica
houvesse uma concordância.
Infelizmente esta não é a regra
observada, o que para muitos
torna-se um paradoxo
inexplicável. Como pode
acontecer que pessoas ligadas a
uma mesma organização, criada
para cumprir uma determinada
linha filosófica, tenham opiniões
tão distantes umas das outras? No
específico caso da O.T.O., poderse-
ia afirmar que a ordem foi
criada ainda no contexto das
vibrações do Antigo Aeon, e
ligada a homens profundamente
influenciados pelas vibrações da
época. Mesmo Crowley, nasceu e
viveu inserido neste ambiente.
Note-se que ele mesmo confessa
ter, inicialmente, repulsa pelo
Livro da Lei, especificamente pelo
Terceiro Capítulo, e que “perdera”
os manuscritos originais do Livro
durante um longo período de
tempo. E nós sabemos como
“esquecimentos” são explicados
pela psicologia moderna...
Não é fácil discorrer sobre
um assunto tão complexo como
este sem entrarmos em algumas
contradições. A história, o
desenvolvimento e a condição
atual da O.T.O. torna-se um tema
extremamente intricado e confuso.
Confusão vinda de longas datas,
alastrando-se no tempo sem
controle. Particularmente no
Brasil, a todo este emaranhado
somou-se eventos importantes,
transcorridos nos anos, e até hoje
não devidamente explicados e, por
tal razão, usados e divulgados de
maneira incorreta, inescrupulosa
por indivíduos que não tiveram a
menor participação direta e
pessoal neles, mas que se
aproveitam deles para
evidenciarem suas pobres figuras,
as quais estariam delegadas ao
anonimato sem o uso do artifício.
25
No decorrer do tempo com
surgimento de inúmeros grupos
arvorando-se, cada qual, como
único e verdadeiro centro
thelêmico, aumentou ainda mais
esta teia desordenada, onde
surgem novas intrigas políticas,
subornos, compra de patentes,
influências financeiras e as mais
inconcebíveis acusações e
ameaças entre “irmãos”.
Em suma:
Até hoje ninguém pode,
com a devida convicção, dizer o
que realmente ocorreu e está
ocorrendo no seio da O.T.O. (hoje
existem várias O.T.O.) e de outras
ordens, ditas thelêmicas no Brasil
e no exterior, a não ser que se
tenha envolvido direta e
pessoalmente na evolução de
todas as ocorrências desde 1962,
quando Marcelo Ramos Motta,
publicando “Chamando Os Filhos
do Sol” lançou a pedra
fundamental do Movimento
Thelêmico no Brasil
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
SOBRE AS ORDENS
ESOTÉRICAS
© Editora Bhavani
“ A Verdade não tem hora, pertence a todos os tempos. Precisamente quando nos parece inoportuna”
A. Schweitzer
Este é um trabalho sem qualquer maior pretensão a não ser aquela de informar, na medida do possível, certos aspectos concernentes as, assim chamadas, “Ordens Esotéricas”, “Ordens Secretas”, “Fraternidades Ocultas”, ou qualquer outro nome que se queira dar a este assunto tão em moda nos dias atuais, e que vem sendo apresentado ao público sob obscuros e pretensos “segredos” tão a gosto de charlatões.
O trabalho não segue determinada seqüência didática, como se poderia esperar: sendo apenas uma coletânea de anotações, cartas, artigos, críticas, etc., registradas ao longo de anos de pesquisas e experiências no terreno.
A seu tempo, a Mestra Blavatsky declarou, para alarde de muitos e a compreensão de poucos, que “o Segredo é inimigo da Verdade”. Anos mais tarde esta declaração foi plenamente endossada pelo maior magista dos últimos tempos, Aleister Crowley, que em sua fantástica obra nos legou uma mais completa “abertura” em matéria de Ocultismo, Magia, Misticismo, etc., indicando como “desvelar” segredos e usá-los de maneira mais “econômica”, simples, correta e direta.
Muito tem sido dito e escrito a respeito do Ocultismo em geral e da Magia em particular, e muito mais ainda das Ordens, Fraternidades Secretas de Iniciação.
Nos últimos anos, observamos um grande crescimento na procura das Artes Esotéricas em todas as camada de nosso sociedade, o que resultou, como seria de se esperar, na proliferação de enumeras “organizações ocultas”, em que a grande quantidade de ordens e gurus legítimos é ínfima, e a quantidade de falsos enorme. Hoje em dia, a coisa mais fácil é encontrar-se “mestres” ou “iniciados” em cada esquina, ou em programas televisados, ou ler a propaganda de “ordens secretas” em revistas e jornais. Mesmo na televisão podemos ver e ouvir “grandes” magos dando entrevista e fazendo prosélito de seus poderes altamente iniciáticos, baseados em sistemas que, diga-se de passagem, estão totalmente superados. Ou “gurus” que não concordando com os Grandes Mestres, ousam adaptar, à nosso atual ambiente tropical, as figuras e cores de um dos mais sagrados arcanos da Ciência Hermética, os quais, em suas mãos sacrílegas, tornou-se, então, um frívolo jogo de “prever o futuro” – um simples instrumento de enganar o próximo e ganhar dinheiro fácil e popularidade entre imbecis. Ou aquele outro “cabalista”, usando a Divina Linguagem dos Números como meio de projetar-se socialmente e encobrir um grande complexo de inferioridade, resultante de sua raça e problemas de caráter sexual. Seria cansativo enumerar mais exemplos desta profanação e charlatanice sem limites que cresce em nosso meio. A única atitude que podemos tomar, ante o caos esotérico grassando nos dias atuais, é alertar aos incautos e, com paciência de um monge taoista, aguardar que a fagulha de vida existente nestes “magistas” de última hora retorne ao Grande Indiferenciado.
O principal motivo desta febril procura pelo “miraculoso mundo do Esoterismo”, tão explorado pela alcatéia de pantomineiros, tem sido, apressadamente, explicado como uma tendência patológica, uma fuga das circunstâncias adversas que atravessamos em nossa sociedade moderna, tão cheia de problemas. Mas, nós não podemos esperar que a passagem dos Aeons seja sem grandes catástrofes. A passagem dos Aeons é sempre turbulenta.
Em parte, a tese que aponta a fuga das circunstâncias adversas como a causa principal pelo “oculto”, corresponde à verdade em termos, mormente com respeito àqueles charlatões e seus fracos e “inocentes” seguidores. Entretanto, é fato universalmente conhecido que todo indivíduo que procura a Ciência Esotérica, em qualquer de seus ramos, par evadir-se dos problemas, os quais é incapaz de solucionar por seus próprios méritos pessoais, apresenta-se como fraco candidato para aquisição do Conhecimento Oculto e, conseqüentemente, jamais será aceito em uma Real Ordem Iniciática. Disto, podemos concluir o porque somente encontramos personalidades patológicas em falsas ordens. Não há exceção a esta regra.
Ora, o Real motivo desta procura, isto é da procura das Artes Esotéricas, de nascer do, e com o, próprio indivíduo. Deve surgir de “dentro para fora”, residindo em camadas muito mais profundas da alma humana que se possa imaginar, e não num mesquinho desejo de “possuir poderes supra humanos”. Existe num salutar impulso nascente em nossos corações, inexoravelmente nos lançando em direção ao Conhecimento, à Sabedoria, à Mestria, que tudo “sacrifica”[1] em prol daquela pérola rara. Está na Real Vontade, acima de “nossa vontade”; em penetrar nos Mistérios (ou Arcanos) envolvendo e atuando na própria vida do indivíduo. Porém, reinteramos: o impulso, a Vontade, jamais será submetida ao profano desejo de adquirir dons super-humanos, bens materiais, satatus social, poder político ou em “ganhar a mulher do próximo. Isto sendo exatamente aquilo que, na falta de melhor definição, chamamos de Magia Negra.
Estas considerações não querem significar, em absoluto, ser proibido, ao Aspirante, adquirir riquezas, bens materiais, projeção social ou poder político. Mas, para estas aquisições existem outros meios, tais como trabalho honesto, competência, inteligência e persistência, mas jamais o uso da Magia. Muitas pessoas perguntam por que não podemos usar a Magia para ganhar dinheiro. A resposta é simples; porque os PLANOS NÃO PODEM SER MISTURADOS. O verdadeiro magista sabe que deve dar duro como todo mundo normal. Nós Thelemitas compreendemos o desejo de se ter em posse todo o Conhecimento Secreto. Em parte, isto é a ânsia do ser humano fraco, no plano material, adquirir uma muleta: “Como vencer na vida sem fazer força”, etc. A mioria das pessoas interessadas pelo Ocultismo (principalmente pela magia) quer emprego mas não quer trabalho. Esta idéia deve ser suprimida do coração do verdadeiro Aspirante à Iniciação.
No presente momento, atravessamos um período de transição, em meio a um Ciclo que termina e outro que começa; quando o homem se prepara para um novo e decisivo passo em sua caminhada evolutiva. Esta posição, por sua própria natureza, atua fortemente na psique humana, ao sentir intuitivamente que todos os “padrões” religiosos, políticos e sociais vigentes, no Ciclo Anterior, perderam seus valores, estando ultrapassados. Daí a grande confusão. A ânsia por novos valores e sistemas que preencham as lacunas deixadas pelos padrões anteriores. Abre-se, agora, pra a humanidade uma infinidade de “caminhos”, pelos quais ela poderá, ou não, atingir grandes alturas não só materiais como também espirituais. Depende somente de nós.
Com isto, não quero dizer estarmos no “fim do mundo”, idéia esta que só pode excitar mentes doentias e lúgubres como as dos “evangélicos”. Poderá ou não haver uma catástrofe nuclear de conseqüências imprevisíveis. Mas, esta “estória” do fim do mundo (do anti-cristo), em que os “bons (eles os evangélicos, naturalmente)” irão para o “céu”, e os “maus (nós outros, não evangélicos, naturalmente)” para o inferno, é pura besteira: miragens de neuróticos, possuidores de complexo de culpa, de homens e mulheres sexualmente reprimidos; como o é também o boato de um planeta “purificador”, dirigido pela “vontade divina”, influindo diretamente no equilíbrio do eixo da Terra, e que despedaçará o Sol, como afirmam certas correntes espiritistas, cujos médiuns, verdadeiros idiotas, desenvolvem a tendência a OB, abandonando-se à turbilhões astrais, e entregando o Cálice Sagrado de seus corpos a qualquer entidade que aparece dizendo-se “espírito de luz”. Nenhum espírito é de luz, o Espírito é Luz..
A Natureza nos ensina que o Universo é dinâmico, nele nada permanece estático, imutável. Tudo nele muda e se transforma fluindo perenemente em busca da auto-superação, de uma perfeição cada vez maior. A Evolução apresenta-se como um fato incontestável. E tudo que resiste à seu avanço será, mais cedo ou mais tarde, levado pela correnteza das energias postas em ação – é só uma questão de tempo. As partes mais sadias destas partes anti-evolução – se existirem – serão transmutadas no cadinho da química universal. O restante apodrecerá (o que não deixa de ser um tipo de transmutação) servindo de adubo para o “Jardim do Criador”. Entretanto, enquanto estas partes deterioradas persistirem na vã teimosia da resistência ante a mudança renovadora, estarão impedindo o livre fluir das Energias necessárias ao passo seguinte e, por isto, terão de ser alijadas do campo de plantação das novas flores do progresso, tal como amputamos um braço atacado pela gangrena.
Subjugado pela inércia espiritual, a tendência do homem é acomodar-se ao status-quo vigente, principalmente quando a situação lhe é pseudamente vantajosa. Daí, tudo que se lhe apresenta como novo, forçando-o a mover-se ou a pensar, adquire a pecha de nocivo, maligno e subversivo. Entretanto, esta acomodação contém, em si mesma, o aguilhão de sua própria inquietação – pois nada pode impunemente deter o Movimento Universal sem sofrer as conseqüências. A igreja de Roma conhece o fato e tenta, agora, tardiamente, rever seus caminhos. Tarde demais...
A malsã atitude contra o progresso evolutivo ocorreu na maioria das religiões organizadas, fraternidades e ordens ligadas ao Velho Aeon, ou Aeon de Osíris, como também é conhecido, quando o masoquismo psico-fisiológico constituía a “chave” da Consecução Espiritual ou Iniciação, como muitos preferem dizer.
Estas religiões e organizações recusaram-se a evoluir muito embora possuíssem, em si mesmas, o embrião do impulso renovador implícito em seus rituais e lendas. Mas elas fizeram-se cegas e surdas às próprias Palavras de seus iniciadores. Acuadas pelo medo da perda do poder temporal, permaneceram presas aos grilhões de suas próprias quimeras.
O propósito deste trabalho, além de outros menores, será colocar em uma clara e nova perspectiva várias tendências ocultas que direcionaram o reavivar do interesse pelo ocultismo nos últimos anos, e interpretar, sob um novo ponto de vista, este ressurgimento em termos de necessidade humana por uma aproximação universal à realidade transcendendo todo prévio Sistema de Consecução Mágico-Místico.
Como não poderia deixar de ser, daremos aqui maior ênfase ao Trabalho de Aleister Crowley, porque ele, mais do que ninguém, nos últimos anos, incorporou em forma especial toda Tradição Iniciática subjacente à esta atual revitalização do Ocultismo.
“Precisamos urgentemente de uma clara
reavaliação da Religião e do Esoterismo
como conhecemos atualmente, acabando
com a prática oportunista daqueles que
se utilizam de uma e do outro para usu-
fruir ganhos pessoais e políticos.”
Os assuntos que aqui serão tratados são diversos e antagônicos. Na maioria das vezes se confundem devido a estarem ligados à outros dos mais polêmicos, tais como religião, revelação, tradição mágica, tradição mística, etc. Mesmo assim, torna-se necessário discuti-los sem qualquer tipo de restrição, mesmo que, por qualquer motivo sejam usados contra o autor, ou que permaneçam abandonados em alguma poeirenta estante sem serem, sequer, devidamente considerados.
O mito do Pecado Original representa, talvez, o mais destrutivo conceito que jamais influenciou a saúde mental da humanidade, pelo menos naquela parte dominada pela religião, dita, cristã. Que nunca foi cristã na acepção real do adjetivo.
Os primeiros quatro Capítulos do Gênesis podem ter sido explicados à um pequeno número de Adeptos estudando a cosmologia qabalistica para os quais, e pelos quais, eles foram escritos. Mas a má interpretação e o impróprio uso destes Capítulos por um conjunto de imbecis ou pessoas má intencionadas, durante dois milênios de política clerical, provou ser o verdadeiro “pecado original” da Civilização Ocidental. Recentemente, em uma rêde de televisão “cristã”, testemunhei uma monstruosa demonstração a respeito.
Incidentalmente, eu estava assistindo a um programa infantil. Um segmento do tal programa era dedicado a perguntas feitas a respeito da “moral cristã”. Um jovem escrevera que seus colegas estavam sempre contando-lhe “piadas imorais”, e que alguns deles tinham o hábito de folhearem revistas com fotografias de mulheres nuas, tipo “Play Boy”, “Ele e Ela”, etc. Francamente este jovem declarou que, embora reconhecendo que as piadas e as revistas eram “pecaminosas”, elas lhe despertavam uma sensação agradável. Portanto, ele desejava saber se estas sensações eram más e, se afirmativo, que deveria fazer para livrar-se delas.
Após ler as questões enviadas pelo jovem, a animadora do programa (que trajava um sumário “short” e uma blusa bem justa ao corpo, onde se destacavam seus volumosos seios) respondeu numa melosa voz que, embora o jovem ainda fosse criança, ele, como todos nós, havia pecado contra “Deus” devido ao pecado de Adão e Eva no Jardim do Éden. O “sentimento pecaminoso” – disse ela – era causado pela presença deste pecado em todos nós. Ela, então, o aconselhava a rezar para “Jesús” (especialmente antes de dormir – que era o momento em que o “Diabo” mais atacava as pessoas ) admitindo ser um pecador, e convidando a Jesús a entrar em seu coração, dando-lhe forças para resistir as “sensações” agradáveis que sentia ao ver as fotografias de mulheres nuas. Deu-lhe também o filosófico conselho de dizer à seus colegas para não mais contarem “piadas indecentes”, e não mais olharem as referidas fotografias, porque somente assim se livrariam do “castigo de deus”. Infelizmente esta apresentadora perdeu a grande oportunidade de esclarecer, ao jovem, os problemas naturais como sexualidade, etc.
Ora, como a maioria dos crististas não possuem o menor conhecimento (ou interesse) nas fundações “históricas” de sua fé, eles desconhecem que este obscuro conceito faz parte da malsã doutrina católica romana, e que foi criada como meio de um maior domínio sobre as pessoas. Entretanto, alguns ocidentais, cristãos e não cristãos, escaparam da traumática influência desta “vingança original” e conseguiram manter o curso de nossa evolução. Aquele jovem e, talvez, milhares de outros que assistiam o programa tornaram-se vítimas de uma forma de ataque astral-sexual, tão real e deletério quanto um molestamento físico. Os sentimentos e agradáveis sensações daquele jovem não eram “sujos”, ou “imorais”, ou “pecaminosos”, como a apresentadora do programa disse que eram. Na realidade, são naturais e saudáveis, indicando o desabrochar do impulso criativo nos dado pela Natureza. Sentimentos se encorajados, alimentados e dirigidos em um ambiente livre de culpa, podem ser a chave da liberação da Alma. Mas, como incontáveis outros, de gerações anteriores a daquele jovem, no momento supremo do seu despertar, foram levados a envergonharem-se, reprimirem-se e, eventualmente, perverterem aquela Divina Energia, que cada um de nós, compartilha com toda Criação, o assunto tornou-se um “tabu religioso”, auxiliando aos padrecos a usufruírem um grande poder sobre seu infeliz rebanho.
Como todo Iniciado da Gnosis sabe, a utilização desta energia para iluminação espiritual é uma Ciência (e Arte) desenvolvida e cultivada através milênios de prática por várias Escolas Orientais e algumas Ocidentais. Em contraste a rezar a “deus” para ajudá-lo a “não desfrutar” sua sexualidade, os Verdadeiros Deuses estabelecem exemplos de divino erotismo: Brahma e Sarasvati, Vishnu e Lakshni, Shiva e Kali, todos fornecem divinos arquétipos para devotos emular em ação, pensamento, meditação e relações sexuais.
Talvez não exista figura mais contravertida, na moderna literatura esotérica, do que Aleister Crowley. Suas pesquisas nos extremos da experiência espiritual e a sua busca pelo divino somente foram superadas por sua mestria da língua inglesa, e sua habilidade em transmitir suas conclusões à sérios estudantes. Hoje, após quarenta anos de sua morte, seus escritos atingiram um nível de popularidade internacional jamais, sequer, aproximado em sua vida. Nem mesmo seus detratores conseguiram impedir sua influência nas Ciências Esotéricas. A qualidade de seus inúmeros trabalhos revelam um gênio de grande estatura. Muito embora em minha opinião, sua maior contribuição à humanidade tenha sido um dos menores livros atribuído a ele:
O LIVRO DA LEI
Esta “Revelação” chamada Líber AL vel Legis, e melhor conhecida como o Livro da Lei.
Como tudo conectado com Crowley, o Livro da Lei, simultaneamente inspira e repele. Quando eu o li pela primeira vez fiquei tão impressionado que, imediatamente, segui as instruções contidas no final do texto e, cerimonialmente, queimei o livro. Não preciso dizer que meu antigo Instrutor na Grande Ordem deu boas gargalhadas quando lhe contei minha ação. Felizmente, ele tinha outra cópia e me a entregou. O passar dos anos, somente fez crescer meu espanto à grande profundidade do Livro.
O Livro é composto de Três Capítulos. Cada um deles atribuído a um Deus Egípcio, respectivamente NUIT, HADIT e RA-HOOT-KHUIT.
Nuit simboliza os Espaço Infinito> Ela é o Universo ultimalmente expandido, e seu corpo contém todas as estrelas, galáxias e a soma total de todo tipo de possibilidades. Se o infinito é representado por uma Círculo, Nuit é a Circunferência.
Seu Divino Amante, Hadit, também é infinito, mas absoluta contração. Ele está simbolizado como um Globo Alado no Coração de Nuit. Ele é qualquer ponto que tem a experiência das possibilidades inerentes a Nuit. É o ponto no centro do círculo.
Os dois estão sempre em contato. Eles se tocam, se penetram, se abraçam a todo momento: amantes em uma verdadeira escala cósmica. Esta situação recíproca de eterna contração e expansão de dois opostos infinitos cria o finito. Neste finito campo de operação está a fundação do Universo Fenomenal, e é representado, no Livro da Lei, pelo Deus do Terceiro Capítulo, Ra-Hoor-Khuit, a Criança Coroada e Conquistadora, o Senhor do Presente Aeon.
No Santuário da Gnosis (IXº O.T.O.) reside a Secreta Técnica da Magia Sexual.
Aqui devo fazer uma pequena observação: para desilusão dos diletantes procuradores do oculto, paranóicos, repórteres, psicóticos, evangelistas de televisão e outros mais, devo informar que os Rituais da O.T.O. não incluem sacrifícios ou de animais, cópula forçada entre seus membros e outras coisas imaginadas por verdadeiros imbecis, que projetam suas imbecilidades e tendências malsãs, nos mais Santos Arcanos da Ciência dos Magi.
Feita esta necessária observação passemos adiante.
A estrutura da O.T.O. é formada para gradualmente preparar o indivíduo a compreender e competentemente aplicar esta técnica para propósitos mágicos e iluminação espiritual.
O segredo é tão simples que pode ser revelado em três pequenas escolhidas palavras. Mas palavras não conseguem, adequadamente, elucidar o total objetivo da subjacente teoria. Como um solvente universal, ele penetra no verdadeiro âmago de todo mecanismo da criação. Os elementos usados contêm, dentro de si mesmos, todas as possibilidades, e o Iniciado do IXº precisa não ser somente um magista bem treinado, mas também um disciplinado yogi
Diferentemente da Goetia, ou outra tradicional forma de magia, onde o magista raramente está seguro do sucesso da operação, o sucesso ou fracasso do Trabalho do IXº é imediatamente, e algumas vezes dolorosamente, óbvio. Ele jamais falha em resultados. Agora, se o resultado desejado é ou não conseguido depende inteiramente da mestria do magista.
O básico ritual da O.T.O. é Líber XV, a Missa da Igreja Gnóstica Católica. Quando celebrada publicamente as técnicas são executadas simbolicamente. Quando celebrada privadamente são operadas claramente.
De acordo com a Tradição Gnóstica, a transubstanciação dos elementos da Missa (a Hóstia e o Vinho) requer a participação e contribuição de um Sacerdote e uma Sacerdotisa. A Sacerdotisa assumer a identidade da Deusa Nuit e o Sacerdote aquela de Hadit.
Após preliminares purificações e consagrações, eles iniciam um processo de mútuo arrebatamento culminando na Boda Mística onde os elementos (agora energizados) são combinados.
Então eles são eucaristicamente consumidos para manifestarem o desejado objetivo da operação.
Qualquer pessoa desejosa de descobrir e dirigir esta preciosa jóia do Soberano Santuário da Gnósis, deve manter um sério e contínuo estudo da Missa. Algumas Lojas da O.T.O. a celebram regularmente e estão, usualmente, abertas a todo sincero e interessado indivíduo.
II
Devo deixar bem claro que, embora exista uma “história oficial”, registrada em documentos no mundo dos homens, as reais origens das Ordens Iniciáticas jamais serão conhecidas.
A afirmação pode parecer, a priori, absurda ou leviana. Mas, na realidade, um sincero investigador neste terreno defrontar-se-á com uma literatura tão caótica, tão indigestiva, tão mirabolante, que abandonará, logo de início, sua tentativa de querer atingir estas origens. Qualquer honesto investigador sentir-se-á perdido no labirinto de infindáveis documentos a serem manuseados, catalogados e pesquisados ; e o que é pior: perceberá que a maioria deles se contradizem e são forjados no atendimento particular desta ou daquela corrente de pensamento, e que estas correntes – para maior dor de cabeça e confusão – se degladiam obstinadamente. Neste seu trabalho, ele raramente encontrará documentos genuínos.
Nosso investigador também observará que a falta de um ponto de referência o impedirá orientar-se no tempo e no espaço. W, assim, obviamente, estará muito longe de, sequer, avistar a Real Matriz Geradora da Autoridade da qual emana o Real Conhecimento; este Conhecimento apontado, em parte, nas Ordens Iniciáticas do atual movimento ocultista.
Aqui, torna-se necessário abrir um parêntesis para ligeiro comentário do assunto:
“Embora existam Três Fraternidades que se sucedem periodicamente no movimento evolucionário, e cada uma com seu próprio esquema de Consecução Espiritual, elas seguem um plano pré-estabelecido que, no final, dirige-se ao mesmo fito. Isto está simbolizado pelos três filhos de Noé. As Três Fraternidade a que me refiro são: a Branca, a Negra e a Amarela. Quando um novo Magus encarna, elas vêm homenageá-lo com Incenso (estímulo espiritual); Ouro (cooperação no Plano Físico) e Mirra (oposição). Estas Três Fraternidades, como podemos observar, representam três distintas teorias do Universo. São Elas as divulgadoras e mantenedoras das legítimas Correntes Iniciáticas do Planeta. E nada têm a ver com aqueles Mênstruo denominado a Grande Feitiçaria ou “Loja Negra” (não confundir com Fraternidade Negra), causadora de todas as mentiras superstições e usurpações existentes em nosso mundo. (Fim do parêntesis)
Em vista de tão confuso e desolador panorama, certas pessoas julgarão, e com toda razão, que a Ciência Esotérica não passa de pura invencionice, lenda ou desejo inconsciente de encontrarmos, alhures após a morte, um estado parasidíaco (um céu), e que toda esta Ciência nada mais significa do que uma fuga da realidade; uma fuga do cotidiano; um escape das tensões e dificuldades resultantes das pressões na luta pela vida. Ou, como disse certo autor: “A idéia da morte, o temor dela, persegue o animal homem como nenhuma outra coisa – ela constitui um dos maiores incentivos da atividade humana em busca da uma vida no além”
Este ponto de vista, entretanto, não corresponde à realidade: existe uma História Real das Origens, dos processos, das necessidades do aparecimento das Ordens Iniciáticas na face da Terra. Porém, esta História está muito longe de ser conhecido pelo homem comum. Ela é propriedade dos, e somente é conhecida, pelos Mestres: somente eles possuem o discernimento necessário para apreciá-la em todas suas causas e efeitos. Somente eles têm acesso irrestrito aos anais destes Sistemas de desenvolvimento das Fraternidades de ontem, de hoje e de amanhã; e somente eles têm acesso o copioso e detalhado material das atividades, das crônicas e dos verdadeiros Nomes destas escolas. Como exemplo, podemos citar a Maçonaria que, embora incluída no grupo das ordens sérias, sua real saga ainda não foi totalmente esclarecida ao público – ainda mais, nem mesmo os próprios mações, com raríssimas exceções, a conhecem. Disto, os disparates proferidos em suas Lojas a respeito destas origens. Porém, isto não tem muita importância agora, porquanto sendo a Maçonaria uma organização criada pelos Metres para combate à Grande Feitiçaria, ela perdeu seus verdadeiros rumos, ao não aceitar a Lei do Novo Aeon. Ela está, portanto, ultrapassada tanto quanto o Catolicismo Romano. Tudo isto ficará bem claro para aqueles que se derem ao trabalho de estudar e meditar atentamente sobre as últimas descobertas realizadas no Mar Morto (veja-se “OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO”, de John Marco Allegro – Publicações Europa América). Aos que preferem continuar na ignorância de suas fantasias, nada podemos fazer...
Para espanto de muitos, podemos dizer que as Três Escolas acima citadas fazem uma única e só, no Grande Drama da Evolução.
A própria Golden Dawn, que floresceu na Europa no Século XIX e início do XX, não foge a esta regra e, assim, por esta ou aquela razão, vamos encontrar lá pelo final do Século XIX, dois movimentos do ocultismo ortodoxo agitando profundamente o interesse dos europeus, sem citarmos aquela já célebre Fraternidade Rosa-Cruz, descrevendo a vida de um personagem mítico chamado Christiano Rosycross. A “Fama” e “Confessio”, descrevem sua vida e dá ligeira “história” da ordem.
Os dois movimentos foram:
1. O Espiritismo
2. A Teosofia, iniciada por Blavatsky em 1875.
(Torna-se muito significativo o fato de que em 1875, ano da fundação da Sociedade Teosófica, nascia em terra inglesas Aleister Crowley ).
O aparecimento da Golden Dawn, no âmbito público, está marcado de muitas lendas. Sobre o assunto encontramos três versões. A que vamos relatar, é necessário dizer, pode ser a mais próxima da verdade, mas também pode constituir – quem sabe? – a mais desavergonhada das mentiras.
Três membros da Sociedade Rosacruciana In Anglia e o Rev. A.F. Woodford, amigo de Kenneth R.H. Mackenzie (autor da “ENCICLOPÉDIA MAÇÔNICA” ) foram, ao que parece, os iniciadores da Ordem, mas é também provável que outros esoteristas participaram dos primeiros passos.
Ao falecer em 1885, Fred Hockley, legou a Woodford alguns de seus documentos pessoais e, entre estes, singulares manuscritos cifrados. Woodford não interessou-se muito, inicialmente, pelos papeis. Só muito tempo depois é que mencionou-os a seu amigo Westcott, que veio a estudá-los um anos mais tarde.
Somente em 1887 os manuscritos estariam decifrados. Segundo Westcott isto não apresentou muita dificuldade. Apenas trabalho. O interesse sobre tais documentos aumentou muito após sua decifração e o boato que eram rosacrucianos; e muito mais tarde ainda pelo fato de serem um esboço de cinco rituais de características mágico-iniciáticas. Em um desses documentos, encontrou-se um endereço que, supunha-se, pertencia a um alto Iniciado Rosa-Cruz: Anna Sprengel, de Nuremberg [2], cujo nome iniciático, naquela Ordem, era S.D.A., quer dizer, “Sapiens Dominatur Astris – A Sapiência é Regida pelas Estrelas.
Já bastante entusiasmado, Westcott comunicou o fato a S.L.MacMathers ( conhecidíssimo ocultista e mação de alto grau). Excitadíssimo, Mathers, juntou-se a Westcott, cooperando com ele no fito de usar os rituais praticamente em trabalho em loja. Isto muito alegrou a Westcott, e a eles juntou-se o Dr.W.R.Woodman, para aquele mister.
Uma carta foi enviada à tal Anna Sprengel. A resposta não tardou a vir, dando início a volumosa correspondência.Logo em seguida à grande número de ensinamentos fornecidos àqueles grupo, os três homens receberam o Grau de Adeptus Exemptus, isto é, 7° = 4ٱ G.`.D.`., e uma patente dava permissão e início da primeira Loja da Ordem fora do continente europeu, trabalhando com os cinco rituais decifrados por Westcott.
Em 1891, sem qualquer explicação, toda aquela volumosa correspondência parou de ser enviada. Paralelamente, notícias da Alemanha informavam que:
1. Anna Sprengel havia falecido
2. Não tendo sido, na época, a iniciativa de Sprengel aprovada por seus confrades;
3. Instruções não seriam mais enviadas para a Loja Inglesa, e que o Elo com os Mestres Secretos teria de ser formado por iniciativa e esforço dos próprios formadores daquele Ramo, porquanto os ensinamentos administrados por “S.D.A.” eram suficientes para isto.
As notícias provocaram grande alarde entre os iniciadores ingleses e, é claro, todos passaram a trabalhar no sentido de um contato com os Mestres Secretos.[3]
Invencionice, ou não, o fato é que Mathers foi o primeiro a declarar ter obtido este contato e que havia, assim, formado o elo tão almejado. Baseado em novos rituais surgiu uma Ordem Interna – R.R. et A.C. (Rosa Rubea st Áurea Crucis), o Poder Central Controlador, daquele momento em diante, de todas as atividades nos Templos e Lojas da G.´.D.´., o qual era uma espécie de “Câmara de Adeptos”.
Bem antes desses fatos terem acontecido (1875), nascera Aleister Crowley, cujo pensamento renovador mudaria totalmente as antiquadas concepções da Magia Ritualística, do Misticismo e da Iniciação propriamente dita. E seria ele também o ponto focal de todas as peripécias pelas quais passaria a Ordem da Golden Dawn, até sua mutação no futuro.
Por natureza própria, o jovem Aleister Crowley sentia-se altamente atraído pelos assuntos esotéricos e, assim, debruçou-se sobre os livros desta Ciência devorando-os todos. Eventualmente, ao ler “Nuvens Sobre o Santuário”, avivou mais ainda sua procura no sentido de contatar aquela famosa Assembléia de Sábios, vulgarmente conhecida como a GRANDE FRATERNIDADE BRANCA.
Em 1898, sendo iniciado na Golden Dawn, através convite e apresentação de seu particular amigo George C.Jones, Crowley, tomou o moto mágico de PERDURABO (“Eu Perdurarei Ate o Fim). E isso ele cumpriu fielmente embora nada houvesse, no fim, para perdurar. Observe-se que no final da palavra Perdurabo está a letra “O” (Ayin=Nada) ou zero. A letra hebraica Ayin significa, entre outras coisas, Nada, Zero, Útero, O Não Manifestado. Ela significa “Olho”, e tem valor 70. Ayin representa absolutamente Nada, ou Nenhuma Coisa. É não manifestação pura e simples, e somente disto pode a Manifestação proceder. A primeira formulação de Nenhuma Coisa é sua reflexão ou imagem inversa, ou seja, Alguma Coisa, e isto está representado pelo número 1 (Um). Aleph – O Tolo no Taro.
Em Abril de 1904, no Egipto (Cairo), precisamente durante os dias 8, 9 e 10, Perdurabo, traz à luz LIBER AL (O Livro da Lei) ditado diretamente por AIWASS, inaugurando o Aeon de Horus, e a Lei de Thêlema
Aiwass é identificado como sendo uma entidade praeter-humana. O valor numérico de Aiwass é 418, o Número da Grande Obra; enquanto Aiwaz (com final “Z”) soma 93 (3x31), a Chave do Livro da Lei. No sentido de compreender a natureza de Aiwass, talvez não esteja muito errado imaginar este Daemon como similar aos Dhyan Choans (Espírito Planetários) que usaram H.P.Blavatsky, e outros Adeptos, como canais vivos para intercâmbio com a humanidade.
Mais ou menos nesta época, A. Crowley, publica os Rituais da Golden Dawn, nos quais aparecem os personagens da Estela da Revelação e Líber AL, isto é, os Deuses Egípcios a saber: Nuit, Ra-Hoor-Khuit, Bes-Na-Maut e Ank-f-n-Khonsu, substituindo os Oficiantes (visíveis e invisíveis) do Templo.
Assim, morre a Golden Dawn, ou melhor, Ela desaparece em sua forma anterior, mas desta morte nasce a A.´.A.´. que dirige agora, sob a Baqueta de Horus, a evolução da humanidade nos próximos dois mil anos.
III
A maioria dos, assim chamado, “ocultistas”, associam, de imediato, o nome de Aleister Crowley com “Satanismo”, ou coisa parecida, sem ao menos saber corretamente o que seja Satanismo. Na verdade, na vida conceitual moderna, no que tange o Ocultismo, foi profundamente influenciada, a partir dos inícios deste século, pelo pensamento daquele homem.
Torna-se, cada vez menos possível, falar de Ocultismo sem mencionar o nome de Aleister Crowley ou do “Mestre Therion”. Do mesmo modo, torna-se também impossível falar de Thelema no Brasil, sem mencionar Marcelo Ramos Motta e Euclydes Lacerda de Almeida.
Um dos maiores paradoxos observados, e com batante freqüência, no cenário do Ocultismo atual, e que alguns indivíduos têm sido incompetentes em acompanhar as mudanças deste Novo Ciclo que se inicia e nos mostra o Real Caminho em direção à Gnosis.
Até o ano de 1904, os Sistemas Esotéricos trabalhavam sob a égide da Lenda do “Deus Sacrificado” (Osíris, Dionisios, Jesús, etc), com mínimas diferenças entre si. Isto não representava, na época, grande importância. Mas acontece que a espiral evolutiva deu mais uma volta, e a partir daquele ano, com o Evento do Equinócio dos Deuses, a Nova Lei começou a atuar, e vem passando um rolo compressor sobre todas as tentativas de manutenção do Antigo Sistema e, por este motivo, todas as tentativas de manter e reviver o Sistema, já ultrapassado e mumificado, tendem ao absoluto fracasso, no plano espiritual, muito embora possa “crescer” no plano material, como as diversas igrejas evangélicas existentes em nosso país e fora dele. Todos os discípulos de Marcelo Motta foram, por ele, alertados para este fato.
Em 1942, Aleister Crowley, então o Cabeça Externa da O.T.O., enviou uma carta à seu dileto auxiliar, Karl Germer, dando-lhe uma série de instruções quanto ao futuro da Ordem. Entre estas destacamos a seguinte: “I shall appoint you my sucessor as O.H.O.. but in special terms. It is quir clear to me that a complete change in the structure of the Order and his methods is necessary..”
Está mais do que claro, pela leitura da carta, de que o próprio Aleister Crowley percebera que, naquele momento, profundas mudanças deveriam ocorrer no âmago da Ordem para que ela pudesse sobreviver como pleno veículo da Corrente Thelêmica futuramente,
Infelizmente, Karl Germer, por motivos ainda desconhecidos, falhou em perceber e/ou aceitar o aviso de Crowley[4] com suas imediatas implicações. O resultado desta falha tornou-se desastroso para com a Ordem em todos os seus níveis, como foi patente através de todos estes anos.
Agora, quarenta anos após a morte de Crowley, torna-se evidente o motivo da Ordem esfacelar-se em vários ramos e sub-ramos degladiando-se mutuamente, quebrando sua unidade, dando ensejo a que muitos deles retornassem às práticas do Antigo Aeon, e a perderem-se em alianças espúrias com Correntes totalmente opostas à Thêlema.
É incontestável que algumas destas facções apresentem um crescimento no Plano Material. Mas, este4 é um falso crescimento, nada tendo a ver com aquele idealizado no Plano Espiritual.
A quebra da unidade da Ordem tornou-se evidente após a morte de Karl Germer em 1962, quando a Ordem sofreu um grande cisma, deixando de ter um Líder Mundial à sua altura, e que reorganiza-se o trabalho, impedisse os abusos e administrasse a Ordem num verdadeiro e bem fundamentado movimento thelêmico. Dentro deste panorama podemos citar as tentativas de Marcelo Motta em realizar este trabalho. Mas o campo da O.T.O. já estava por demais minado. Há que, aqui, evidenciar-se a fraca posição de Sascha Germer, ante o quadro que se delineava.
Em conseqüência, o acontecido foi o surgimento de vários “líderes”, cada qual puxando a sardinha para as brazas de suas próprias organizações “independentes”, esquecendo-se da meta fundamental da Ordem – Unidade e Disciplina Hierárquica.
Crowley, como grande iniciado que era – e como o Mago do Aeon – previra, cinco anos antes de sua própria morte, este caótico quadro e assim o percebendo, e desejando evitá-lo, escreveu aquele aviso a Germer, o qual não soube dar a devida atenção.
De qualquer maneira, deveria tornar-se evidente a todos que uma Corrente Mágica não pode desobedecer a seu Líder Maior. Como exemplo deste tipo de ação e suas conseqüências, pode ser assinalado na Teosofia e nas, assim denominadas, Ordens Rosa-Cruz que, negando-se a seguir os derradeiros avisos de seus reais líderes, decaíram sob a maciça infiltração de elementos inadequados à seus princípios. Estas organizações, muito embora tenham, algumas delas, crescido externamente em riqueza material, popularidade, etc., decresceram espiritualmente a olhos vistos. Portanto, torna-se mais que evidente os motivos pelos quais a Ordem, até hoje, não conseguiu firmar-se em vários países em que se apresenta, sem deturpar-se e perdendo a Unidade necessária a fazer frente aos desafios e ataques mantidos, pelas organizações que, embora mortas espiritualmente, ainda mantêm o poder político e financeiro – as Ordens e Religiões da Grande Feitiçaria ou dos Irmãos Negros. Assim, nós nos dividimos, desde a morte de Aleister Crowley, em uma maioria de escolas exotéricas, crescendo em número de membros, cujos maiores exemplos é aquela denominada Caliphado, e aquelas outras associadas ao nome de Kenneth Grant, que também se apresenta como O.H.O. da Ordem. Mas, nenhuma dessas duas correntes recebeu uma definitiva Patente de Baphometh XI, embora clamem ao contrário. O único que possuía esta Patente foi Karl Germer. Mas, como dito, ele morreu em 1962, sem apontar um sucessor. Porém, apesar das mais variadas constestações, existe uma terceira escola. Entretanto, os membros desta escola preferem ficar em silêncio, enquanto observam o desenrolar dos acontecimentos.
Outro ponto a considerar é aquele que alguns grupos vêm adotando: fazer candidatos passarem por um período de “probação”. Isto é indiscutivelmente errado, contrário às regras da OTO. A OTO não é a A.`.A.`., em que pese as idéias de Kenneth Grant fundir as duas Ordens em uma só.
Esta determinação, que alguns grupos adotaram, é uma presunção mostrando tão somente a pretensão em escolher quem serve ou não para a Ordem. Representa uma seleção mascarada e, como tal, indevida. Como poderíamos saber se no corpo de um analfabeto não está oculta uma alma de grandeza bem maior que a nossa? Como saber se no corpo de um mendigo não se oculta um Rei?
Todos, sem quaisquer exceções, têm o sagrado direito à Iniciação aos Três Primeiros Graus da Ordem (OTO). Nossa obrigação é cumprir nosso Juramento de Serviço, seja para com quem for. Nosso Instrutor nos relatou, certa vez, que o Chefe do Serviço Secreto Suíço começou a investigar a Ordem em seu país, preocupado com a segurança do país. Seu filho Metzger tornou-se Rei Suíço da Ordem anos mais tarde, tendo sido nela introduzido como espião pelo próprio pai. Como vemos, “o tiro saiu pela culatra”.
Portanto, torna-se necessário reagirmos contra este tipo de preconceito, desta discriminação priorística, desta tendência elitista (nazista?), sendo ela o resultado do contato de nossas auras com influências doentias. Tudo isto originando-se no plano emocional, estando eivado da “ética” cristista.
Observa-se, também, que alguns “thelemitas” temem a possibilidade de entrar em conflito com os padrões adotados pela sociedade vigente. Custo a acreditar que tais indivíduos, sequer, sejam capazes de tal ingenuidade, e pergunto, de fato, se eles supõem que ser um Iniciado é viver num “mar de rosas”; sem qualquer tipo de atrito, seja familiar, social ou político.
É ingenuidade, maior ainda, pensar que qualquer Organização realmente iniciática não entre em conflito com as leis e costumes arraigados em uma sociedade, seja qual for esta sociedade – principalmente, aquela baseada nos padrões trogloditas do Antigo Aeon. Ou será que as pessoas, ditas interessadas em seguir Thêlema, têm a ilusão que o Sistema pode ser atuante sem efeito político ou social? Acordem! Saibam que toda e qualquer organização que não sofre perseguições e conflitos com a sociedade atual, com a política e, particularmente, com a religião “oficial”, é porque nenhuma valor possui, ou estará de uma maneira ou de outra, aliada ao poder vigente. E se as pessoas querem um tal tipo de organização, para que procurá-la? Não já têm a Maçonaria Osiriana, a AMORC, ou a Igreja de Roma e suas filiais a dispor? Portanto, que fujam das Ordens Thelêmicas.
Logo após assumir a liderança da OTO na Inglaterra, Crowley, revisou os rituais da ordem a pedido de T.Reuss; assim é dito. Mas sem mudá-los profundamente o necessário. Vejam vocês mesmos os resultados do uso desses Rituais nos últimos sessenta anos. Uma Ordem indisciplinada, dividida contra si mesma, eivada de confusão e anarquia. Agora, pergunto seriamente, quais são os Rituais usados pela OTO, tanto Norte Americana, quanto de qualquer outro país? Motta, sempre me alertou para este particular assunto; principalmente quando soube da indevida publicação desses Rituais, o que os tornou sem mais qualquer valor iniciático. E, diga-se de passagem, que esta iniqüidade foi aprovada por um dos, assim chamados, Cabeça Externa. Perguntar-se-á: porque a publicação dos Rituais é, sob todos os pontos de vista indesejável? A resposta é óbvia: todo e qualquer Ritual iniciático contém, em seu texto, ordálias (provas, testes, etc). E se estas ordálias vêm a ser conhecidas antecipadamente pelo candidato, que valor haverá em vencê-las? É exatamente como no caso do estudante se submetendo a uma prova de qualquer matéria sabendo, antecipadamente, as respostas das questões.
Muita gente tem falado e escrito sobre a Lei de Thêlema. Mas, esta gente mal conhece a Lei, e mal a compreende. As definições dos propósitos da estrutura e fins da Sociedade Novo Aeon (uma organização thelêmica), tais como querem defini-las certos indivíduos, são ofensivas a Lei de Thêlema, e eu, como Fundador e Supervisor Geral da S.N.Ae., não posso permirtir que isto continue e, conseqüentemente, reflita de forma inadequada sobre os propósitos que a Sociedade representa e para os quais foi criada.
No Brasil, a S.N.Ae. representa um importantíssimo designo que só poderá avançar através de total seriedade, não somente no âmbito espiritual, como também no material combinados com absoluto respeito hierárquico e humano entre seus membros, e total dedicação aos ideais que ela representa. Não desejo comparar a S.N.Ae com a OTO (tal presunção seria ridícula), ou exagerar sua importância; mas no nível de suas prerrogativas, a S.N.Ae. tem seu papel no contexto thelêmico brasileiro como nenhuma outra organização que exista atualmente ou venha a existir no futuro. Ou pensam, por acaso, que a S.N.Ae. foi fundada e organizada para servir aos desejos pessoais de um Euclydes Lacerda de Almeida ou de um Marcelo Motta, ou de outro qualquer indivíduo, ou ser joguete de outros tantos? A S.N.Ae., embora formada por nós, é concepção de “alguém” muito além de nós.
A S.N.Ae., por força de seus estatutos, não pode formar alianças com quaisquer grupos, especialmente aqueles claramente ligados à Corrente Osiriana. Como dito por Marcelo Motta, “tais organizações podem se juntar a nós, mas apenas através assimilação total por nossa parte. Em suma: rendição incondicional é a única solução que aceitamos”.
Obstinação, determinação, persistência, sofrimento, são palavras que marcam a transformação de um sonho em realidade. E esta é a carreira de todo Iniciado (do real Iniciado, certamente).
Para quem não conhece a lei, talvez seja difícil entender o significado de poder orgulhar-se de já ter tanto tempo no Caminho e, ainda mais importante,, chegar àquele momento em que você decide o seu futuro. Nós somos os desbravadores de uma Nova Era. As nossas co-irmãs do passado percorreram os Caminhos que lhes eram atribuídos. Sejamos dignos dos que prepararam os atuais Caminhos. Por isto não podemos permitir que se use, que se abuse, que se brinque, que se locupletem, ou que exponham o Nome da Ordem, ou da S.N.Ae. As conquistas internas, isto é, as verdadeiras Consecuções Espirituais, jamais nos podem ser tiradas. Mas nós responderemos pelo uso ou abuso delas; como também responderemos pela charlatanice em declarar que as possuímos, se não as possuímos. É, portanto, nosso dever mudar o panorama desenhado em nosso país, e para tal foi criada, no Brasil, a O.C.T., totalmente desvinculada da Ordem, como atualmente apresentada. Mas s O.C.T. não está desvinculada da Lei. A O.C.T. foi criada para encetar novos passos no Trabalho iniciado por nossos ancestrais, tais como Theodor Reuss, H.P.Blavatsky, Fernando Pessoa, Aleister Crowley, John Parsons, Karl Germer, Marcelo Motta, e muitos outros que tanto fizeram, oculta e abertamente, pela divulgação da Lei de Thêlema em sua total integridade, tanto no Brasil como em outras terra. A decisão de criara a O.C.T., fundamentou-se em não mais usar a Sigla ou o Lamen tradicional do OTO, pois ambos estão sendo usados de muitas maneiras e de muitas formas erradas, mentirosas e charlatanescas. A Sigla, pela Lei Brasileira, pertence aos herdeiros de Marcelo Motta; que errou drasticamente em registrá-la, porquanto Sigla e o Lamen são Universais.
Para conhecer a história da Ordem no Brasil, é necessário percorrer os caminhos daqueles que estiveram profundamente inseridos nesta história e neste desenvolvimento. Não é tão somente emitir considerações pessoais, baseadas em alguma poucas referências encontradas aqui e ali em comentários e textos nem sempre alinhados com a verdade, ou quanto muito com meias-verdades. Porque os dados liberados publicamente representam apenas a ponto do “iceberg” em relação à ordem. Muita coisa ainda existe submersa, e somente aqueles que, como dito acima, participaram ativamente na Ordem em seu primeiro período de aparecimento em nosso país pode, conscientemente, falar dessa história. Quem acompanhar a “onda” das opiniões estapafúrdias de “comentadores” fora desta experiência pessoal pagará um alto preço para manter a credibilidade de suas opiniões pessoais.
Declarações sobre os erros cometidos pelo único responsável pelo aparecimento de Thêleam no Brasil são muito superficiais, não levando o respaldo da experiência pessoas daqueles dias. Todos se esquecem, que o alarde do Ramo Norte Americano da Ordem (COTO), somente atingiu o nível atual depois de uma série de intrujices, e após uma decisão judicial claramente unilateral, onde depoimentos distorcidos formaram as bases para seu desfecho. Mas, computado o efeito real dessa “vitória” dos homens do norte, vemos que apenas resultou numa ordem de baixíssimo nível espiritual e grande poder material, o que nunca foi escopo da Ordem.
O “votado” líder do norte (um ex-discípulo de Marcelo Motta), tal qual aquele outro (também um outro ex-discípulo) têm, abertamente, procurado bajular Frater M. na esperança de que este não veja as suas patentes contradições “iniciáticas”.
Em 12 de agosto de 1995, Fra. M. recebeu uma carta de Fra. A.T., da qual sublinhamos a seguinte sentença: “... as you are the sênior member of the A.´.A.´. in Brazil...”
Da mesma forma, em carta datada de 9 de maio de 1995, S.H., afirma: “Although everyone acknowledges Mr..... as the sênior authority on Thelema in Brazil”.
Portanto, , “altos membros” de duas “Ordens Thelêmicas” reconhecem, com a autoridade que lhes compete, que o mais alto grau nas duas Ordens, no Brasil, pertence a Fra.M, que seguiu a mesma política de seu antecessor e começou a “expandir” a Ordem através uma série de medidas que, sob nosso ponto de vista, nada têm de comum com os Princípios Iniciáticos da Ordem. Entretanto, estas declarações chiram a uma manobra política. Em nossa constante desconfiança deles, desdenhamos a afirmativa. Nossa intenção não é ser “O Grande Iniciado Brasileiro”, mas sim concretizar algo em termos thelêmicos em nosso país – uma obra que marque, pela primeira vez, um ponto plenamente al alcance do público em geral.
IV
Rápido Esboço
Sobre
Crowley
e o
Sistema Thelêmico
Aleister Crowley nasceu a 12 de outubro de 1875 e.v., as 22hs50min. Filho de Edward Crowley, Irmão Exclusivo da Irmandade de Plymouth (evangelistas extremistas), e de Emily Bertha, nascida Bishop. De família aristocrática, foi educado por outra seita de evangelistas extremistas, Herberson.
Desde pequeno (4 anos) lia a Bíblia em voz alta, demonstrando grande predileção pelas listas de longos nomes.[5]
Foi enxadrista, só abandonando o jogo quando já sabia o máximo sobre ele, e derrotava invariavelmente qualquer mestre. Sua memória era quase infalível. Sabia a localização de quaisquer versículos da Bíblia. Sua facilidade para aprender línguas (Latim, Grego Antigo, etc), Matemática e Ciências era espantosa. Sua repugnância era para com História, Geografia e Botânica, assim como jamais escreveu versos latinos ou gregos.
Recusou-se a fazer a segunda parte do exame final de Bacharel em Artes, porque sabia que tinha domínio absoluto da matéria mais do que seus próprios professores. Aos alpinistas que, na época, foram seus companheiros, parecia incrível que um tal completo preguiçoso pudesse ser mais ousado e mais destro montanhista de sua geração, como demonstrou ser quando o precipício fosse um que ninguém mais tivesse conseguido escalar antes. Uma vez que tivesse elaborado teoricamente um método de escalar uma montanha, estava perfeitamente disposto a confiar a outros o segredo, e a deixar que estes outros se apropriassem da glória.
Era dono de uma ambição pessoal consumidora e insaciável. Perdeu o interesse pelo xadrez logo que se provou mestre do jogo aos vinte e dois anos. Trocou a poesia pela pintura ao tornar evidente ser o maior poeta de seu tempo. Mesmo em Magia, tendo se tornado a Palavra do Aeon, e assim assumido seu lugar entre os Sete Magi conhecidos pela História, iniciou a negligenciar a matéria. Só era capaz de devotar-se à Magia, como o fez, por haver eliminado toda idéia pessoal de sua Obra; ela se tornou tão automática quanto a respiração.
Uma memória fantástica, incrível disposição para exercícios físicos, e ao mesmo tempo incapacidade de uma pequena caminhada se esta não lhe interessasse ou não lhe excitasse a imaginação. Tornou-se famoso em muitas e diversas esferas de ação e ao mesmo tempo grotescamente incapaz de utilizar suas faculdades em qualquer campo da atividade humana para fins próprios; incapaz de consolidar sua proeminência pessoal, ou mesmo de assegurar sua posição do ponto de vista social e econômico.
Deveria seguir a carreira de embaixador, mas a fama de um embaixador não dura mais de um século. A de um poeta é da mesma forma efêmera. A Terra mesma um dia vai sumir. Crowley necessitava construir usando material mais permanente. Dedicou-se ao estudo da Magia. Adotou o Moto Mágico Perdurabo – “Eu perdurarei até o fim”[6].
Em 1900 estava no México, fazendo Magia com sucesso. Foi nesta época que conheceu Oscar Eckstein, colega de alpinismo, que a princípio não queria nem ouvir falar de Ocultismo. Depois revelou-se um mensageiro da Grande Fraternidade Branca.
“Tua mente divaga demais”, afirmou-lhe Eckstein, e, em seguida ensinou-lhe alguns preceitos de como controlar a mente. Os anos de 1901 e 1903 foram dedicados ao trabalho de fazer com que a mente ficasse sob controle. Isto ele conseguiu através da Yoga.
Durante o inverno de 1905-1906, esteve viajando através da China. Atingir a fase da conquista da mente, e a sua própria desmoronara. Viu que a mente humana é, por natureza, evanescente, porque sua natureza não é unidade e sim dualidade (ilusão). A verdade é relativa. Todas as coisas terminam em mistério. Com estas frases os filósofos do passado formularam uma proposição, anunciando a bancarrota intelectual que ele, com maior franqueza, descreve com o sendo insanidade. Passando por isto, ele se tornou como uma criancinha, e alcançando a Unidade além da mente , descobriu o propósito de sua vida formulado nestas palavras: “A Obtenção do Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião”.
Seu amigo e seguidor Cap. Fuller, narrando como foi a Revelação, escreveu:
“... veremos que a Grande Fraternidade branca, preparou Frater Perdurabo sutilmente, por mais de dois anos de treino em racionalismo e indiferentismo, para receber a Mensagem D´Eles. Eles executaram tão bem o trabalho que ele recusou a mensagem por cinco anos mais, a despeito de muitas estranhas provas da verdade Dela. Frater P. teve mesmo que ser totalmente “despido de si mesmo”, antes de poder transmitir a Mensagem com eficiência.”
O próprio Aleister Crowley escreve sobre LIBER AL (O Livro da Lei):
“Estou certo, eu a Besta, cujo número é 666, de que este terceiro Capítulo do Livro da Lei é nada menos que a autêntica Palavra, a Palavra do Aeon, a Verdade sobre a Natureza nesta época e sobre este Planeta. Eu o escrevi, odiando-o e escarnecendo Dele, secretamente alegre de que eu poderia utilizá-lo para me revoltar contra esta Tarefa terribilíssima que os Deuses atiraram sobre meus ombros: a Cruz deles, de aço e brasa, que devo carregar até o meu Calvário, o lugar do crânio, para la ser desembaraçado de seu peso, apenas para que possa ser crucificado sobre ela...”
“Eu, entre todos os homens sobre a Terra, reputado como o mais poderoso em Magia, por meus inimigos mais que por amigos, tentei perder este Livro, esquecê-lo, desafiá-lo, criticá-lo, escapar dele, durante quase dezesseis anos: o livro me mantêm no curso que estabelece, assim como a Montanha de Pedra Imã atrai os navios, ou como Helius, por laços invisíveis, controla seus planetas: sim, ou como BABALON aperta entre suas coxas a Grande Besta Selvagem em que Ela cavalga.”
Em seguida damos uma reprodução lacunosa da descrição, pelo próprio Crowley, das circunstâncias em que ele recebeu o Livro da Lei. Trechos cortados e ajuntados livremente.
A cidade foi Cairo, Egípto. Há uma praça onde quatro ou cinco ruas se cruzam; é perto do Museu Boulak[7], mas bastante longe de Shepherd
As pessoas:
Eu, idade 28 anos e meio... Adeptus Major. Cansado de misticismo e desapontado com a Magia. Um racionalista, budista, agnóstico, anticlerical, antimoral, Tory[8] e Jacobita. (...) Moralidade – Sexualmente viril e apaixonado. (Em seguida há vários dados sobre sua personalidade, suas atividades de alpinista, e sua carreira como magista e qabalista. “Meus casamento foi um ininterrupto deboche sexual até a época da escritura do Livro da Lei.
(Sobre Rose Edith Kelly, sua esposa) Não lia coisa alguma, nem sequer romances. Era um ideal Poético, Amante, Esposa, Mãe, Dona de Casa, Enfermeira, Companheira e Camarada.
Nosso mordomo, Hassan ou Hamid, esqueço qual.
(Aleister Crowley termina:) Outrossim, não lidamos com ninguém no Cairo, a não ser nativos; ocasionalmente convivemos com um general Dickson, convertido ao Islam; mercadores de tapetes, proxenetas, joalheiros e gente assim.
Os eventos conduzindo à Escritura são narrados de modo conciso e incompreensível para profanos: “Tentei mostrar os Silfos a Rose. Ela estava em um estado de aturdimento, estúpida, possivelmente embriagada; possivelmente histérica com a gravidez”.
A sete de abril de 1904, “foi-me ordenado (através de Rose) que entrasse no “templo” exatamente ao meio-dia nos três dias seguintes e escrevesse o que ouvisse durante uma hora, nem mais nem menos”. (...)
“Os três dias foram similares, a não ser no último, quando fiquei nervoso, pensando que talvez não fosse capaz de ouvir a Voz de Aiwass.
A voz de Aiwass veio aparentemente sobre meu ombro esquerdo, do canto mais longe da sala. Parecia ecoar em meu coração físico de uma maneira estranha, difícil de descrever.
A voz era de timbre profundo, musical e expressiva, seus tons solenes, voluptuosos, ternos, ardentes, ou o que fosse apropriado às mudanças de humor nas Mensagens. A pronuncia inglesa era sem sotaque quer nativo ou estrangeiro; completamente vazio de maneirismos provincianos ou de casta; assim surpreendente, e até incrível, ao ser ouvida pela primeira vez.”
“Não mudes sequer o estilo de uma letra”, no texto – comenta Crowley – isto impediu que eu, Crowley, me intrometesse e estragasse tudo
E conclui:
“A Palavra de Aiwass deve apresentar uma perfeita descrição do Universo como Necessário, Inteligível, Auto-Subsistente, Integral, Absoluto e Imanente. Deve satisfazer a todas as intuições, explicar todos os enigmas, e harmonizar todos os conflitos. Deve revelar a Realidade, reconciliar a Razão com a Relatividade; e, dissolvendo não só todas as antinomias no Absoluto, como todas as Antipatias na apreciação da Aptidão, deve assegurar a aquiescência de toda faculdade humana na perfeição de sua aproposidade plenária..
“Libertando-nos de toda restrição quanto ao Direito, a Palavra de Aiwass deve estender seu império alistando a lealdade de todo homem e toda mulher que puser sua verdade à prova”.
“Nesta revelação está a base do presente Aeon. Dentro do registro da História já tivemos o Período Pagão; a adoração Natureza; de Isis a Mãe, do passado; o período Cristão: adoração do Homem, de Osíris, do Presente. O primeiro período foi simples, quieto, fácil e agradável; o material ignorava o espiritual. O segundo foi de sofrimento e morte; o espiritual se esforçava por ignorar o material. O cristianismo e todas as religiões análogas adoraram a morte, glorificaram o sofrimento, endeusaram cadáveres. O NOVO AEON é a adoração do espiritual unido ao material: de HORUS, a Criança Coroada e Conquistadora, do futuro.
Isis foi liberdade. Osíris, servidão; mas a nova liberdade é a de Horus. Osíris conquistou Isis porque Ela não o compreendia. Horus vinga tanto seu Pai quanto sua Mãe. Esta Criança, Horus, é um gêmeo, dois em um. Horus e Harpocrates são um, e são também um com Set ou Apophis, o Destruidor de Osíris. É pela destruição do princípio da morte que eles nascem. O estabelecimento deste Novo Aeon, deste Novo princípio Fundamental, é a Grande Obra agora a ser executada no mundo”.
Em 1833, com dezoito anos de idade, determinou-se a colocar a Magia em bases totalmente científicas; e no sentido de distinguir a Ciência dos Magi de todas as conotações negativas que a palavra despertava, adotou a antiga grafia inglesa MAGIK [9]. E desde aquela data até hoje a vida deste homem tornou-se ponto central de acirrada discussão.
Quem, ou o que, foi Aleister Crowley? Por que tornou-se tão discutido? Qual sua influência sobre o moderno movimento ocultista? Se foi realmente um degenerado Mago Negro da pior espécie, como afirmado por certos comentaristas, então por que grande número de ocultistas, das mais variadas correntes, vão beber seus ensinamentos, e o citam como alta, e genuína fonte de Conhecimento Oculto? Qual, afinal. O real motivo subjacente em tanta polêmica a seu respeito, vida e obra? Foi ele um satanista, ou simplesmente um charlatão, como muitos outros que soube, melhor que ninguém, explorar a crendice humana?
Sobre estas questões discorreremos sucintamente neste trabalho.
Certa vez, Parzival Krumm-Heller (filho de Arnold Krumm-Heller, fundador da FRA), diante da observação um pouco desrespeitosa feita por certo Aspirante a respeito de Crowley, disse-lhe que “não deveria julgar o homem sem antes familiarizar-se com suas doutrinas”. Envegonhado, o Aspirante teve que admitir a justiça da observação. Não posso deixar de aceitar amplamente a observação da Parzival, que somente se estudarmos profundamente a obra e as doutrinas de um homem – analisando detidamente todas as implicações sociais e espirituais, no atual contexto – estaremos capacitados a fazer qualquer julgamento a respeito de e de seu legado.
Muitos, talvez, criticarão esta teoria. Mas não é uma teoria, e sim um fato de justiça, uma vivência pela qual passei durante os últimos vinte anos de estudos e práticas thelêmicas, cada vez mais me assombrando diante da penetração, genialidade e propósito que, cognominado “O PIOR HOMEM DO MUNDO”, tem sido tão mal interpretado, compreendido e ferozmente combatido exatamente por aqueles que mais necessitam “ver” a mensagem contida na vida e obra dele.
Infelizmente, tais pessoas – “ocultistas em geral” – se aproximam de Crowley com o mesmo ranço dominante naqueles que relutantemente negaram-se a olhar através do telescópio de Galileu , cinicamente afirmando já saberem, de ante-mão, ser impossível a existência de crateras na Lua. Posição esta bem característica e sistemática daqueles senhores “vestidos de negro”, tão ciosos na defesa de seus irracionais dogmas, atrasando, assim, a evolução humana durante séculos.
Em 1933, Aleister Crowley, escreveu uma série de artigos para uma revista, na qual, sucintamente, explicava a Magia Negra nos seguintes termos:
“Para praticar Magia Negra você terá que violar todos os princípios da Ciência, decência e inteligência. Você necessita estar insanamente obcecado pela idéia da importância dos desprezíveis objetos de suas aventuras e desejos egoístas. Eu tenho sido acusado de ser um Magista Negro. Nunca tal tola afirmação fora feita a meu respeito. Eu mal posso crer na existência de pessoas tão degradadas e idiotas ao ponto de se dedicarem à estas práticas.
A Missa Negra é um assunto totalmente diferente. Eu nunca poderia celebrá-la, mesmo que quisesse. Pois não sou um sacerdote consagrado da Igreja Cristã.” (Os grifos são meus).
Infelizmente, muitos dos que se dizem iniciados, esoteristas, ou qualquer outro nome que se queira dar, não compreenderam estas palavras. Não serei eu, evidentemente, o destruidor de suas ilusões. “Ouça aquele que tiver ouvido de ouvir”.
No estudo da vida de Crowley, não deveríamos nos limitar à este ou aquele biógrafo em particular, e sim recorrermos à todos quantos, pró ou contra, esboçaram alguma coisa sobre ele. A pesquisa biográfica, sem dúvida, nos daria subsídios à abertura de um amplo horizonte seguramente mais rico e completo, no qual localizaríamos importantes contradições registradas por biógrafos e comentadores levianamente escrevendo, e cujos escritos somente visam, em grande parte deles, lançar mais confusões a respeito do personagem e (ou) ganhar popularidade em certos círculos, aumentando, assim, a venda de seus péssimos textos, pouco se importando o quanto, os fatos, são verídicos ou não.
Através a pesquisa diversificada não estaremos timidamente limitados à opinião de um só autor como, por exemplo, Israel Regardie, cuja volumosa obra “The Eye In The Triangle”, enfoca A. Crowley sob a preconcebida visão do (péssimo) discípulo e secretário particular que ele foi de Crowley. Este senhor, além de tudo, peca pelo ressentimento alimentado, durante toda sua vida, contra o Mestre. Embora não havendo explicita alusão ao fato deste ressentimento, Regardie, aqui e ali, deixa inconscientemente transparecê-lo, quando comenta a personalidade de seu Mestre no plano puramente mundano, esquecendo-se (ou fingindo esquecer) que Perdurabo, V.V.V.V.V. e Therion não são o homem Crowley, mas sim algo muito além de sua compreensão e, evidentemente, divorciados inteiramente das idiossincrasias humanas do homem Crowley e do contexto social da época, cuja radical mudança tornara-se ponto crucial de sua missão como Profeta do NOVO AEON.
Em 1964, fui admitido em uma Ordem Thelêmica, recebendo assim uma iniciática interpretação dos Sistemas empregados por Crowley na Consecução Espiritual. Isto me dirigiu rapidamente à inteira reformulação de todas as minhas anteriores “crenças”, podendo perceber mais claramente a Obra e Doutrinas do M. Therion. Constatei, que certos errôneos conceitos, incutidos nas mentes imantadas pela Igreja de Roma, não são fáceis de se apagar; parte devido à massiva ignorância sobre o assunto, e parte devido à pré-conceitos resultantes do complexo de culpa derivado do, assim chamado, Pecado iriginal.
Em 18 de novembro de 1898, Crowley, iniciou-se na Ordem Hermética da Aurora Dourada (G.´.D.´.) por convite de GEORGE CECIL JONES (FRATER ACHAD), assumindo o Nome Mágico PERDURABO (Eu Perdurarei Até o Fim). Jones não somente propôs Crowley como membro da Ordem, mas também deu-lhe uma cópia de “O LIVRO DE ABRA-MELIN O MAGO”, juntamente com algumas instruções preliminares sobre o uso prático do mesmo. Este livro lhe revelou as possibilidades do Trabalho Mágico prático.
Algum tempo antes, Crowley, tornara-se cônscio de uma Hierarquia Espiritual ao ler “NUVEM SOBRE O SANTUÁRIO”, de Eckarthausen. A respeito disso ele escreveu:
“Foi este o livro que me despertou para a existência
de uma Secreta Assembléia de Santos, e me determinei
a devotar toda minha vida, sem deixar de lado o menor
detalhe, ao propósito de me tornar apto a entrar naquele
Círculo”.
Embora o livro estivesse escrito na linguagem do misticismo cristão, a idéia de uma hierarquia espiritual não se restringe apenas ao cristianismo. Também é encontrada no Sistema Budista, na Linhagem do Misticismo Hindu, e em outros Sistemas existentes no mundo.
O progresso de Crowley na Ordem fora surpreendentemente rápido. Ele, sucessivamente, tomou os preliminares graus de Zelator, Theoricus e Practicus entre dezembro de 1898 e fevereiro de 1899, e após o intervalo estatutário de três meses, assumiu em maio o grau de Philosophus.
Após um ano de sua iniciação, já havia atingido o mais alto grau que Mathers (Chefe da Ordem) estava apto a lhe conferir. Entretanto, anos antes, quando estudando em Cambridge, havia ele passado por um trance característico chamado, no Buddhismo, TRANCE DA DOR; assim compreendendo a futilidade de toda ambição humana; então, agora, atingindo o máximo de sua carreira na Ordem, foi exaltado por similar senso de futilidade, fazendo-o abandonar a GRANDE OBRA ELA MESMA.
Crowley tem sido apontado como a principal causa da divisão, declínio e destruição da G.´.D.´.. Analisando os eventos ocorridos em 1900, constataremos que tal acusação não possui qualquer base sólida, apoiando-se apenas no antagonismo pessoal que existia, e existe, contra ele. Crowley serviu apenas como pretexto para os revoltosos instalarem o caos na Ordem chefiada por Mathers.
VIRGINIA MOORE aponta cinco prováveis motivos da queda da Ordem:
1 – Yeats sentira-se ludibriado porque Mathers, ao ir para Paris, nomeara FLORENCE FARR (DION FORTUNE) como sua substituta;
2 – Yeats e outros membros estavam ressentidos pelo fato de terem esperado, durante anos, pelos assim chamados, altos graus;
3 – O grupo londrino ficara irritado pelo voto de obediência à Mathers;
4 –O título de Conde GLENSTRAE, assumido por Mathers havia irritado aos membros ingleses;
5 – Toda disputa fora criada pelo amparo que Mathers dera a Crowley.
Nesta seqüência, observamos que o “problema Crowley” é colocado em quinto e último lugar. Uma opinião duvidosa que é, maliciosamente, colocada em evidência (em primeiro lugar) em vários outros autores.
A verdade é que quando Crowley solicitou seu avanço ao Sublime Grau de Adeptus Minor, os chefes da LOJA ISIS-URÂNIA recusaram o pedido. Logicamente, eles tinham o direito a esta recusa – aceitar ou recusar candidatos ao CÌRCULO INTERNO constituía um de seus privilégios. Entretanto, no caso de Crowley, existiam motivos puramente pessoais envolvidos na decisão, o que era contrário a qualquer Regra da Ordem. Desfiara aqui toda trama desenvolvida em torno do assunto não daria num trabalho como este. Tudo piorou quando, percebendo injustiça da decisão, Mathers aceitou o pedido de Crowley, iniciando-o em Paris no Grau de Adeptus Minor, abrindo, assim, as Portas da Ordem Interna à Perdurabo.
Mas, nisto tudo existe um fator importantíssimo e desconhecido, é claro, pela maioria dos comentadores da Ordem: é que havia chegado a hora da G.´.D.´. sair do cenário. Isto torna-se bem claro quando, retrocedendo anos atrás, tomamos conhecimento de que os próprios pares da Frau Sprengel (Sóror S.D.A.) se opuseram, desde o início – mas sem interferir – à iniciativa daquela “Adepta”, e verdadeira iniciadora da Ordem.
Não constitui nenhum segredo o fato que em 1891 toda correspondência enviada para os primeiros chefes da Ordem cesou, e que uma comunicação, vinda da Alemanha, estabelecia o seguinte:
1 – Anna Sprengel havia falecido;
2 – Seus Pares, na Alemanha, não haviam aprovado sua iniciativa, e que mais nenhuma informação seria fornecida ao grupo de Londres. E que se eles desejassem estabelecer um “Elo” com os MESTRES SECRETOS da Ordem, o deveriam fazer por iniciativa deles mesmos.
Disto, concluímos que a Ordem, segundo esta declaração, não estava, ainda, ligada aos Mestres Secretos, isto é, aos Senhores da Evolução Humana.
O assunto se esclarece ainda mais em vista das palavras do próprio Regardie: “Quando anos mais tarde tornei-me membro da STELLA MATUTINA, que nada mais era do que a G.´.D.´. cristianizada pelo grupo dissidente (os grifos são meus).
Eis aí a “chave” de tudo. O real motivo de tanto antagonismo à Crowley, pois os membros revoltosos sabiam, de ante-mão, que caso ele permanecesse na Ordem (G.´.D.´.), como membro do Círculo Interno, seria muito difícil, senão impossível, a infiltração dos esbirros do Credo de Nicéia naquele centro iniciático. Mas, nisto eles estavam equivocados (como sempre), pois à Crowley nada importava o destino da Ordem que ele sabia já ter cumprido sua missão. A G.´.D.´. já havia preparado o Caminho da Ordem chamada A.´.A.´..
Após toda uma série de eventos, Crowley decide destruir a Ordem e seu chefe; e assim o faz (isto é: ele publica os rituais (secretos?) da G.´.D.´.).
Devo também esclarecer que vários membros da Loja Isis-Urânia eram fortemente ligados àqueles rançosos puritanismos de um sistema de ocultismo retrógrado, determinado a estabelecer como “padrão” que Adeptos devem ser tristes, não rirem, não dançarem, não beberem, não fumarem e que não “trepam”. Este último item principalmente que, para as podres e confusas mentes deles, representava um ato degradante e impuro (eu só queria saber como eles nasceram...). Porém, acontece que o ato não é degradante e nem impuro. Como diz Sir Peladan: “O fato da humanidade fazer amor como faz quase tudo, isto é, estúpida e inconscientemente, não impede que o seu mistério continue a manter a dignidade que lhe corresponde”. Se nesta frase trocarmos a palavra humanidade por “católico romano”, atingiremos a essência do pensamento Thelêmico. “O ato de amor é, para o cristão (romano), um gesto animal grosseiro que envergonha a humanidade que ele tanto se gaba. O apetite o arrasta pelos cascos; cança-o, o adoenta, torna-o ridículo até em seus próprios olhos. É a fonte de quase todas as neuroses dele” (Líber AL. I. 5 – Comentários).
Após os membros da G.´.D.´. terem recebido a comunicação de que toda a correspondência, com a Alemanha, cessaria, a Ordem sofreu grande mudança devido ao fato da falha de Mathers manter um Elo Mágico com a Corrente Oculta da A.´.A.´.. Isto fez com que os Chefes Secretos da Ordem cortassem os contatos de Mathers com os Planos Internos.
Mathers, um magista de grandes poderes, ainda tentou sua última e derradeira cartada e, num passe de mágica endereçou um Manifesto, aos membros da Ordem de R.R.et A.C., declarando ter realizado o contato necessário com os Mestres Secretos. Entretanto, ficou evidente a mistificação.
Crowley e Jones, veros iniciados, percebendo toda a maquinação, imediatamente instituíram um rigoroso teste em Mathers e na Ordem. O rsultado deste teste está registrado em “A LIÇÃO DE HISTÓRIA”.
“Ele percebeu que S.M.R.D., se bem que um
letrado de alguma habilidade, e um magista de notável
poderes, não havia nunca atingido completa iniciação:
e mais, havia caído de seu posto original, tendo atraído
imprudentemente para si forças do mal demasiadas
grandes e terríveis para ele supotá-las.
Ele, portanto, por sua sbedoria sutil destruiu a
Ordem e seu chefe.”
O fato é que nos anos sucessivos, Crowley, prosseguiu pacientemente em suas práticas e, em 1904, recebeu o Livro da Lei, ditado por uma entidade praeter-humana de nome AIWASS. Com este Livro, tecnicamente chamado de Líber AL vel Legis, torna-se evidente o contato de Perdurabo com os Mestres Secretos. Líber AL também é considerado a NOVA GNOSIS, o último TANTRA, e o mais completo GRIMOIRE que já se teve notícia. É o primeiro testemunho de uma inteligência descarnada agindo diretamente no Plano Físico. Livros inteiros foram escritos sobre Ele, o mais importante Líber e a base de todo o Sistema Thelêmico subseqüente.
Originalmente recebeu o nome de Líber L, sendo mais tarde retitulado Líber AL e, geralmente, é chamado Líber Legis, ou O Livro da Lei. Sua recepção, na cidade do Cairo, assinala o início do AEON DE HORUS e o término do AEON DE OSÌRIS. Os três Capítulos deste Livro foram ditados a Crowley durante três dias (8, 9 e 10 de Abril) em sessões de uma hora, do maio-dia às treze horas. Como dito anteriormente, a entidade ditante, AIWASS ou AIWAZ, mostrou-se como um ser possuindo conhecimento e pré-ciência muitíssimo além de qualquer coisa associada às faculdades puramente humanas. Crowley nos informa em “THE EQUINOX OF THE GODS” (London – OTO – 1936 – pgs, 117/118):
“A voz de Aiwass veio aparentemente por cima
de meu ombro esquerdo, do canto do quarto (...). A
voz era fluente e apaixonada, como se Aiwass estivesse
alerta com o tempo limite (...) Eu tinha uma forte
impressão que o ditante estava atualmente no canto
onde me parecia estar, em um corpo de matéria fina,
e transparente como véu de gaze, ou uma nuvem de
incenso. Parecia-me ser um alto, moreno homem em seus
trinta anos, saudável, ativo e forte, com a face de um
rei selvagem, com os olhos velados para que a sua
mirada não destruísse o que fixava. A roupagem não
era árabe; parecia Assíria ou Persa, mas muito
vagamente.”
Maiores detalhes sobre o Livro da Lei podem ser apreciados em “CONFESSIONS” e, de maneira mais técnica no “EQUINOX”.
Muitos “teósofos, ocultistas e,principalmente, qabalistas” têm criticado o uso do número 11 (onze) como cifra da MAGICK, desenvolvida por Crowley. Nada podemos fazer senão concordar que o ONZE é o número do Qliphod, o desequilibrado resíduo “posto fora” e, portanto, fora de Árvore da Vida. Mas, o homem tem que triunfar sobre estas forças desiquilibradas em sua própria natureza, antes que possa tornar-se um MESTRE MAGISTA, senão permanecerá como estes “magos” que se apresentam na televisão, e em outros lugares, declarando serem os únicos e verdadeiros do mundo, os únicos no “caminho certo”: mas evitando declarar que, no início de suas “carreiras” mágicas, foram beber na fonte crowleyana.
No sentido de fortalecer-se magicamente, o Aspirante tem que evocar os Qliphod, o que fará formulando o PENTAGRAMA INVERTIDO (a Estrela de Seth), mas isto ele fará somente após estabelecer a supremacia mágica equilibrando, Em Si Mesmo, os cinco elementos representados pelo PENTAGRAMA NÃO INVERSO (A Estrela de NUIT). O magista é, ele mesmo, o décimo primeiro, ou o ONZE, porque estará sempre fora, e acima, da operação dos DEZ (isto é, os DOIS PENTAGRAMAS.) O Onze também pode ser apreciado no símbolo (Um Pentagrama inscrito no centro de um Hexagrama), ironicamente usado pelos “ocultistas” que protestam ser “Magos Brancos”... e ainda além de tudo ligados à corrente romana. É de se rir com estas coisas...
A análise deste símbolo deixo a cargo dos “exímios” qabalistas que andam por aí, e que são tão incucados com a sombra do “diabo”.
Àqueles que tanto se referem à ERA DE AQUARIUS , PORQUE ISTO TORNOU-SE MODA, DEVO LEMBRAR QUE ESTE SÍGNO ZODIACAL É O DÉCIMO PRIMEIRO.
Quando o homem equilibra os Quatro Elementos, ou as Quatro Forças Cegas do Demiurgo, representadas pelas quatro pontas mais baixas do pentagrama, ele torna-se YHShVH, e tem que descer aos “Infernos”. Esta operação encontra-se bastante clara na alegoria do Novo Testamento. Só não vê quem não quer...
Da mesma maneira, a Besta com Sete Cabeças recebeu uma totalmente distorcida interpretação. O Senhor Krumm-Heller, que foi em seus dias membro da O.T.O. e Chefe da F.R.A.(Ordens das quais Crowley, ou melhor BAPHOMET XI°, foi o Supremo Grão-Mestre), nos diz textualmente: “Las siete cabezas del monstruo apolcaliptico, representam o SEPTENARIO que desde remotas edades fue aceptado em la Índia por germanos y gnosticos” (LA IGLESIA GNOSTICA).
Mas esta ainda representa uma interpretação bastante velada. Frater HUIRACOCHA não desejava, pelo visto, abrir demasiadamente os véus.
A Besta com suas Sete Cabeças que atinge sua “apoteose” no octoplo Poder chamado BAPHOMET (oito letras), o glifo do andrógino velando a secreta fórmula de Mudança através polaridade sexual em forma humana; sendo portanto a “Chave da Magia Sexual”.
Muitos qabalistas têm convenientemente esquecido o fato de que o ONZE corresponde ao CAMINHO DE ALEPH na Árvore Sephirotica, transmitindo a LUZ de KETHER à TIPHARETH: este caminho simbolizando a transmissão da LUZ SUPREMA ao MAGUS (CHOKMAH) pela fórmula do Divino Louco. Aleph, “O TOLO” no Taro, é também o “LOUCO”.
O Caminho de Aleph é o Caminho da Sabedoria ou da Loucura. Aleph, soletrado em cheio, dá ALPH = 111, Onze na Grande Escala. Numa análise mais profunda poderemos dizer que Unir-se à Deus (Kether) consiste na realização de Identidade do magista (Malkuth) com Deus (Kether), isto é, Kether = 1; Malkuth = 10, donde 1 + 10 = 11.
Ao atingir o Grau de MAGUS, em 1915 (onze anos após receber o Livro da Lei), CVrowley, assumiu o nome TO META THERION – A Grande Besta . Este moto mágico tem servido para que muita besteira seja dita por aí. A Besta 666 é, de fato, o DRAGÃO DE SETE CABEÇAS mencionado no Apocalipse; mas cujo significado foi totalmente deturpado para atender a interesses escusos.
A Besta 666 é o LEÃO SOLAR. Símbolo da Energia do SOL. A Besta é O OLHO NO ABISMO ( O Sol no Centro do Sistema), BAPHOMET, o Chefe Secreto dos Verdadeiros Mações. O próprio João Batista a Ele se refere ao anunciar “EU SOU A VOZ (O Logos) QUE CLAMA NO DESERTO” (isto é o ABISMO). O Olho sendo representado, em nosso sistema, pela ESTRELA SOL, e o Abismo, é o ESPAÇO INFINITO. Na Árvore Da Vida, Ele é TIPHARETH, que no Sistema Thelêmico (A.´.A.´.) corresponde ao Grau de ADEPTUS MINOR, conferindo ao Iniciado o título de YHESHUA, isto me, IHShVH – Os Quatro Elementos, representado pelo Tetragrama Sagrado (IHVH), equilibrados no Cruz, em cujo Centro fulgura a letra ShIN (c), a letra do ESPIRITO SANTO, ou seja: a Tripartida Língua de Fogo do Petencostes, simbolizado também através do TRIDENTE DE NETUNO, que os imbecis da Igreja de Roma colocam na mão do “diabo”.
O Dragão de Sete Cabeças tem o mesmo significado dos SETE SELOS, mostrando de que maneira o número 666 é o número de um HOMEM, pois as Sete Cabeças representam Sete Estações da ESTRELA POLAR (SIRIUS ou SETH, no Antigo Egipto). Seth ou Sírius é uma estrela da Constelação de Cão, ou AN em Egipcio antigo, daí SETH AN – SATAN – a Estrela da Constelação de Cão. Cada uma dessas Sete Estações “caindo” ou “abatendo-se” em vastos períodos de tempo, o inteiro processo levando 2600 anos para se completar. Este processo constitui um Grande Ano no Ciclo da Precessão. Todo o simbolismo sendo mítico e astronômico. As Sete Cabeças estão tipificadas por inúmeras imagens possuindo seus protótipos terrestres como símbolo de Poder Mágico. A queda final (desaparecimento) da SEXTA CABEÇA, feia a imagem de um Homem, isto é, uma Estrela representada pela imagem humana, jamais constelada nos céus, o Signo de HERU, HORUS, O HEROI ou Hercules na astro-mitologia grega. No Zodíaco de Dendera, Sirius é mostrada como a ÁGUIA ou FALCÂO, o mais conhecido símbolo de HORUS.. Por isto nós denominamos a Nova Era de Era de Aquarius-Leo ou Aeon de Horus. E por isto também é dito que o LEÃO SE DEITARÁ AO LADO DO CORDEIRO, E SERÃO CONDUZIDOS POR UMA CRIANÇA (HORUS).
O Nome BABALON para significar a função da Mulher Escarlate (A Mulher vestida de púrpura montada na Besta – Apocalipse) defere da versão católica romana, não somente em relação à sua ortografia, mas também por várias outras razões. No Novo Testamento, a concepção é uma corruptela daquela antiga e mágica tradição, da qual – fora dos Santuários da Iniciação – a “sagrada prostituição” é a única forma que restou na História.
Babalon possui o valor numérico 156; enquanto que a corruptela BABYLON (Babilônia, na Vulgata) usada na versão do Novo Testamento, somo 165. Um-Cinco-Seis, por outro lado, vela muitas idéias com respeito à função da Mulher Escarlate. Por exemplo, é o número de TzIVN, ZION, a Montanha Sagrada; e também o número da CIDADE DAS PIRÂMIDES. Esta Cidade simboliza, é claro, BINAH, a Terceira Sephira. Noutro senso, esta “Cidade” compreende uma série de secções piramidais – 156 no total – em cada um dos quatro lados das “TORRES DE VIGILÂNCIA DO UNIVERSO”.
Aos leitores, devemos aqui esclarecer que aquilo que se apresenta como “Cristianismo Histórico” não passa de um amontoado de lendas, rituais, palavras de passe e sistemas deturpados de consecução espiritual, distorcidos e adaptados pelos sacrílegos de Roma no único propósito de atender uma posição política, baseada na manutenção da escravidão espiritual do homem. Maiores detalhes sobre todo assunto devem ser estudados em “CROWLEY ON CHRIST”, no qual é analisada a vida de “Jesus”, os “Evangelhos” e a própria cristandade.
Somente podemos apreciar as doutrinas de Mestre Therion, quando garimparmos através das religiões que precederam o cristianismo romano. Recentemente, chegaram ao Brasil,alguns bom livros de autores não crowleyanos sobre o assunto, nos quais os leitores poderão ter uma idéia inicial a respeito daquilo que denominamos a GRANDE FEITIÇARIA.
[1] Nota de E.: O termo “sacrificar”, aqui, não possui a malsã conotação dada a ele pelo sistema romano alexandrino. Sacrificar-se é, em sua real acepção, aquilo que “torna-se sagrado” (de “sacri ficare)
[2] - Nota de E.: Na realidade jamais existiu uma Anna Sprengel, de Nuremberg. A existência dessa pessoa era apenas um véu.
[3] - Esqueceram-se da fórmula que diz que “quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”
[4] - Nota – Hoje em dia fica claro de que Germer possuía um certo arrefecimento para com a O.T.O.. Isto fica mais claro ao examinarmos a correspondência dele com K.Grant e outros.
[5] Nota: Uma das características daqueles inclinados para a magia.
[6] - Nota: Mas no Fim nada havia para perdurar. O nome Perdurabo tem como letra final o “o” ou “0” (zero).
[7] - Com referência ao Museu de Boulak, onde Crowley diz ter encontrado a Estela da Revelação, por intermédio de Rose, sua esposa, existe um fato interessante; É dito que este encontro fdeu-se em 1904, mas em 1902 (isto é, dois anos antes) fora inaugurado a Museu do Cairo, para onde foram levadas todas as coleções do Museu de Boulak. Portanto, como pode ter Crowley encontrado a Estela em Boulak, se este já não mais existia em 1904? (Ver: “O EGITO DOS FARAÓS” , de Federico A. Arborio Mella – 3° Edição)
[8] - Nota: Tory é o nome do antigo partido de tendência conservadora do Reino Unido, que reunia a aristocracia britânica. No princípio, tinha conotações despreciativas já que procede da palavra irlandesa thairide ou toraighe que significa bandoleiro, homem armado que se dedicava ao roubo e a pilhagem. Os whigs eram aqueles que apoiavam a exclusão de Jaime II, convertido ao catolicismo, dos tronos da Escócia, Inglaterra e Irlanda, enquanto os tories eram quem lhe apoiava.
[9] - Magick – O anglo-saxão “K” em Magick, é um meio de indicar o tipo de magia executada por Crowley. “K” é a décima-primeira letra de muitos alfabetos, e onze(11) é o principal número da magick, porque é o número atribuído aos Qliphod. O “K” possui outras mágicas implicações: ele corresponde ao poder ou ao shakti aspecto de criativa energia, pois “K” é o antigo Egípcio Khu, o poder mágico. Especificamente ele aponta para Kteis (vagina), o complemento do “wand” (bastão ou Phallus), que é usado pelo Magista em certos aspectos da Grande Obra.