quinta-feira, 14 de maio de 2009


Marcelo Motta - Um Enigma, por Euclydes Lacerda

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MARCELO RAMOS MOTTA: UM ENIGMA

Frater Luceo in Tenebrea
INTRODUÇÃO
Quem ouve falar de Marcelo Ramos Motta, um meticuloso e
extremamente exigente Instrutor da AA, e que indubitavelmente foi
o iniciador de Thêlema no Brasil, não consegue imaginar o quanto a
trajetória deste homem influiu no pensamento thelêmico mundial.
Como legítimo membro da AA, Marcelo Ramos Motta, treinou v rios
estudantes no Brasil, entre os quais encontrava-se Frater T.*1,
que permaneceu sob a Baqueta de Frater E durante treze anos
consecutivos (1961/1974), seguindo posteriormente seu próprio
caminho, mas sempre procurando manter-se dentro da linha
desenvolvida por de seu Instrutor, honrando, assim, sua Linhagem
Sucessória. A partir de 1974, Marcelo Motta começou a mostrar uma
peculiar transformação em seu car ter.
Mesmo os seus mais íntimos colaboradores não escaparam das
funestas consequências desta mudança. Não demorou muito para
surgirem atritos e cismas no grupo formado.
Ao que parece, o grande erro de Marcelo Motta, foi tomar sobre si
próprio todos os Cargos Oficiais da Ordem (Preamenstrator,
Cancellarius, Imperator), alijando continuamente candidatos
capacitados para os mesmos. O acumulo de responsabilidade e a
natural pressão que um Iniciado recebe sobre sua pessoa, eclodiu
naquela mudança radical.
O processo da bizarra transformação crescia a cada dia e,
aproximadamente em 1980, o transformou num homem amargurado,
irascível, e altamente rude.
Muitos de seus discípulos retiraram-se de um ativo envolvimento
com ele; outros retiraram-se ao silêncio *2, enquanto outros
perduraram na vã esperança de uma mudança do quadro. Tudo inútil.
Viriam posteriormente seguir os passos dos anteriores.
Nesta época, a polêmica figura de Marcelo Motta, somente conseguia
angariar inadequados candidatos … iniciação na O.T.O.*3 Indivíduos
visivelmente inclinados a uma personalidade fan tica: um reflexo
daquela que agora o líder apresentava.
Tal fanatismo (ou paranóia) chegou a tal ponto que, na Inglaterra,
um desses discípulos tramou explodir a livraria de antigos e
conhecidos editores britƒnicos (Routledge & Kegan), simplesmente
porque Marcelo Motta estaria aborrecido com eles. (Este estudante,
erradamente, quase destruiu uma outra livraria. Preso, veio a
falecer na prisão.
Mas nem a O.T.O., nem a AA, e nem o Ocultismo em geral, podem ser
responsabilizados por estes exageros. Nem mesmo o próprio Marcelo
Motta pode ser apresentado como culpado. É da natureza humana o
erro, o desequilíbrio, etc.; principalmente nesta fase tumultuada
da Evolução Humana. A existência do erro, do engano, ou de se
deixar levar pela ilusão de um inflamado ego, somente ser evitada
com extrema auto-vigilƒncia.
Não h iniciado que não corra o risco de ser envolvido desta
maneira por sua parte negativa, advinda do veículo grosseiro ainda
não equilibrado. Porém, como dito por alguns: São ossos do ofício.
Em nenhuma Ordem ou Sistema realmente eficiente, estar o
Estudante protegido de tal perigo intrínseco … própria natureza da
Iniciação a Real Iniciação mexe com a estrutura física, mental e
espiritual do Candidato. Ela atua diretamente nos Chakras. Por
isto, todo trabalho m gico-místico contém em si um grande perigo,
o perigo do desequilíbrio.*4 A linha que separa o Iniciado do Louco
é bastante tênue.
Deve parecer paradoxal de como um legítimo membro da Grande Ordem,
possa cair numa situação deste tipo.
Existem duas explicações razo veis do problema, mas não absolutas
ou definitivas.
Basta que se estude os pontos cruciais da Carreira Inici tica,
particularmente a Passagem pelo Véu de Paroketh, e aquele do
Juramento do Abismo.
Qualquer homem ou mulher (mesmo um profano, que por qualquer
motivo o venha conhecer O Juramento do Abismo), tem o sagrado
direito de tomar o Juramento, a qualquer momento de sua vida, o
qual é o mais sério de toda carreira inici tica.
O Estudante julgando-se pronto para este Juramento, pode tentar
aquela atravessia, sem que na realidade seteja o bastante maduro
para tal*5. É uma ilusão que toma de assalto o ego. Isto acontece
e continuar a acontecer a todos que, em um momento de suas vidas
inici ticas, perdem a auto-crítica. O fenômeno pode ser ativado
por alguma ilusória visão ou evento místico-m gico que venha
massagear o ego do Estudante, dando-lhe a falsa impressão de ter
atingido certo elevado grau dentro da Hierarquia, isto é, ele
supervaloriza a visão e o evento que podem ser tão somente a
projeção de um turbilhão astral provocado por suas pr ticas
intensas. Desta maneira assume inadvertidamente o Juramento*6. Não
podemos condena-lo por tal equívoco. Enquanto que por um lado a
assunção do Juramento revela um ato de coragem, por outro, e na
maioria das ocasiões, revela um ato de temeridade presunçosa. O
problema se torna por demais complexo para ser aqui explorado a
contento. Mas, como escrito em Liber Librae: Não te apresses a
condenar os outros; como saber se tu no lugar deles resistirias …s
tentações? E mesmo que tu fosse mais forte que eles, porque
desprezar …queles que são mais fracos que tu? Este ensinamento
deveria ser observado e sempre mantido na mente do Estudante
desejoso em seguir correta e equilibradamente a Senda da
Iniciação.*7
O grande problema contido no Juramento do Abismo est explícito em
Liber Samech ... se restar inabsorvido um só tomo que seja do
falso ego, aquele tomo mancharia a virgindade do Verdadeiro Ente,
e profanaria o Juramento; então aquele tomo seria inflamado de
tal forma pela aproximidade do Anjo que venceria o resto da mente,
tiranizando-a, e se tornaria um déspota louco
Não podemos afirmar que um tal desastre ocorreu com Marcelo Motta.
Mas também não podemos descartar a hipótese.
A Segunda explicação seria que Marcelo Motta, desde criança, fosse
portador de qualquer distúrbio mental. talvez provocado pela
dominadora influência de sua mãe. Ele mesmo admite isto aos
declarar em Chamando Os Filhos Do Sol: Eu continuava masturbando-
me periodicamente, e sentia que intuitivamente que minha presença
no trabalho de loja (da FRA) era, em tais condições, indesej vel.
E mais: ... eu era m gicamente dominado por minha mãe .... que era
donzel anos após a puberdade; que tinha receio das mulheres; que
me entregava … masturbação; e que, enfim, meu desenvolvimento
emocional, devido ao laço m gico com minha mãe (chamado pelos
psicólogos profanos de Complexo de Édipo), estava retardado v rios
anos. Para Iniciados do Santu rio da Gnose, isto torna-se bastante
claro. Para outros, deveriam consultar Magick Without Tears, no
Capítulo Amor de Mãe.
Mas existe uma outra hipótese, a qual não discutirei aqui. Ela j
foi, e por v rias vezes, ventilada em outros trabalhos.
____________________
1 Algumas referências a este Estudante encontram-se em CARTA A UM
MAÇÃO e THELEMIC MAGICK (1987).
2 Entre estes destacamos Frater T.
3 A organização de Marcelo Motta é agora conhecida como S.O.T.O.
A S.O.T.O., após a morte de Marcelo Motta fragmentou-se em
v rias outras: Fundação Parzival XI, H.O.O.R. e Sociedade Ordo
Templi Orientis Internacional.
4 A única maneira de evitar tal perigo, é o Estudante manter o
senso de perspectiva, de bom senso, e seguir criteriosamente o
currículo de seu grau e do Sistema ao qual se ligou. Isto pode
ser traduzido da seguinte maneira: se você ligou-se ao Sistema
Thelêmico, não execute pr ticas de qualquer outro sistema;
mesmo que estas lhe pareçam mais eficientes ou atrativas. Não
misture alhos com bugalhos. Jamais julgue-se perfeito. Haver
algum ponto onde você necessita se fortalecer. Jamais se julgue
estabelecido em determinado grau, a não ser que você tenha
absoluta certeza disto, através uma série de auto-testes.
5 Que o diga o Sr. Paulo Coelho.
6 Não é necess rio qualquer ritual específico para isto; e nem se
retirar para o deserto, basta pronunciar o Juramento com a
devida intenção.
7 Aqui existe um flagrante choque com o Livro da Lei.
MARCELO RAMOS MOTTA: UM ENIGMA
A Primeira parte deste trabalho é constituída de rápidos "flashs"
da vida de Marcelo Ramos Motta. Na Segunda parte respondemos à
questões elaboradas por vários interessados - pessoas que não o
conheceram pessoalmente, mas que, por um motivo ou outro, sentem-
se atraídas pelo trabalho de Marcelo Motta.
A Terceira parte consta de um relato de Euclydes Lacerda de
Almeida, do período (1962 a 1975) em que conviveu com Marcelo
Motta, na qualidade de seu discípulo e, de certa forma, amigo
pessoal.
Na Quarta parte, também sob a visão de Euclydes Lacerda, teremos
um histórico dos acontecimentos compreendidos entre 1975 a 1987.
Ò um trabalho dirigido no sentido de estudar as "relações" entre
Marcelo Motta (e outros) e a oligarquia thelêmica, iniciada por
volta de 1987, vistas através de um homem que participou de todos
os eventos ocorridos no Brasil.
Embora em choques doutrinários, as duas facções antagonicas
parecem defender os mesmos interesses, isto é, os interesses do
Sistema Thelêmico visto como um bloco, do qual as duas facções
seriam simplesmente derivações, numa expressão de grupos de poder
regional.
Espera-se também possibilitar uma maior precisão nas constatações
feitas sobre este período, ainda muito gerais e insuficientes,
ajudando a dar um pequeno passo na elaboração constante e sempre
renovável da realidade histórica.
A época estudada é vista como um período durante o qual existia no
Brasil um movimento não muito bem definido e quase não conhecido
pela maioria dos ocultistas deste país. Um movimento em fase de
gestação. Um embrião que deveria crescer, criando as necessárias
condições para que o Sistema Thelêmico se apresenta-se de uma
maneira pura e não distorcida, como infelizmente veio a acontecer
para prejuízo de todos.
INTERREGNO
Em 1976, Marcelo Motta publicou no Brasil o seu "EQUIONÒCIO DOS
DEUSES", Vol. I N.1. Em "Nota Final" do referido livro (pag.154),
aparece uma informação a respeito de Euclydes Lacerda de Almeida
(Documento nos arquivos da S.N.Ae). Assim, iniciaram as
atribulações dele até hoje. E nenhuma voz levantou-se em sua
defesa. Jamais, em tempo algum, Marcelo Motta e seus seguidores
lhe deram o sagrado direito de defesa contra as acusações ali
escritas.
Agora, passados 11 anos, é o momento da resposta.
Tornou-se crença geral que Euclydes foi expulso da O.T.O., isto é,
do Ramo criado por Marcelo Motta.
Todavia, para surpresa de muitos na "Nota Final" inserida em "O
EQUINÒCIO DOS DEUSES" jamais esteve escrita a palavra expulso, mas
sim suspenso. E mais à frente é dito que "ante a suspensão,
Euclydes, obcecado pelo ego pediu demissão da Ordem" (que Ordem?).
Nós desafiamos qualquer pessoa a mostrar publicamente a prova
deste pedido de demissão, seja da O.T.O., seja da A\A\, ou
seja mesmo da S.N.Ae. - simplesmente porque não houve este pedido
de demissão. E jamais existiu.
Mesmo não sendo um estudioso e profundo conhecedor da língua
Portuguesa, dá para saber que suspensão não é o mesmo que
expulsão. Suspensão significa uma punição disciplinar,
constituindo-se em afastamento temporário do infrator assim
penalizado. Por esta razão o próprio Marcelo afirma, em sua carta,
acima citada, que Euclydes estaria 'banido' da O.T.O. por cinco
anos.
Por expulsão compreende-se o afastamento compulsório e definitivo,
sem chance de retorno, causado por grave delito. Por outro lado,
demitir-se, traduz um ato livre e de expontânea vontade.
Classificar-se este ato como indício de obsessão egoica é, segundo
pensamos, ir superficial e demasiadamente longe numa análise
psicológica e mesmo mágica - sobretudo quando não houve tal
pedido. De qualquer maneira, pelo deduzido do texto, Euclydes
jamais foi expulso da Ordem, mas sim suspenso. Ò o que está
escrito e "Nota Final", pagina 154, de "O EQUINÒCIO DOS DEUSES",
Vol. I N.1.
Nesta mesma "Nota Final", várias questões permanecem "no ar".
Primeira: Qual o motivo da suspensão?
Muito vagamente é ali declarado ter sido por "má conduta", sem
determinar que tipo de má conduta foi este. Segundo: Ò revelado
crua e cinicamente que, após pedir demissão, Euclydes, procurou
ligar-se à Kenneth Grant (gravem bem esta afirmativa. Será de
grande importância para compreensão de toda trama armada pelo Sr.
Marcelo Motta), "cujo endereço lhe fora dado ( a Euclydes,
naturalmente - Documento nos arquivos da S.N.Ae) como parte de uma
ordália". Isto foi escrito em 1976. Terceiro: A Notificação
termina com grave acusação à Kenneth Grant, e que Euclydes se
utilizara de "documentos nem de sua propriedade e nem de sua
autoria". Isto, em bom Português quer dizer simplesmente que
Euclydes plagiou escritos de Marcelo Motta. A determinação de
quais documentos foram estes, como, e para que, foram plagiados
não é dito.
No devido tempo, tanto esta questão, quanto as anteriores serão
devidamente analisadas e esclarecidas, e todos poderão decidir da
falsidade ou não das afirmativas.
Observando-se detidamente a "Nota Final", encontramos outras
inacuridades. A mais gritante sendo aquela, induzida no texto, da
existência de uma O.T.O. devidamente formada e funcionando no
Brasil. Marcelo Motta induz esta inverdade aos leitores. A verdade
sendo outra: Na época (1975), não existia uma O.T.O. funcionando
no brasil, nem mesmo o suposto Ramo criado posteriormente por
Marcelo, e muito menos aquela que surgiria muito depois sob o nome
de S.O.T.O. - sigla pela qual a "organização mar ana" tornou-se
conhecida após os eventos desenvolvidos nos Estados Unidos da
América (Corte Californiana). Esta sigla, S.O.T.O., constituiu um
artifício usado na Corte da Califórnia para distinguir a O.T.O.
McMurtryana daquela de Marcelo Motta. Quanto a esta sigla fazemos
em seguida uma série de observações sob exclusivo caracter mágico.
Torna-se evidente a qualquer iniciado, mesmo nos graus mais
humildes, que a "mudança" do NOME da Ordem, e consequentemente de
sua sigla, altera profundamente o sentido oculto do Nome Original.
A sigla O.T.O. possui um significado secreto para quem sabe ler
nas entrelinhas, e não será qualquer iniciado, mesmo aqueles de
graus elevados, que poderá mudá-lo ao impulso de seus interesses
particulares. Torna-se evidente que qualquer acréscimo ou
supressão de uma simples letra altera significativamente o or
numérico ( qabalistico, por assim dizer ) e o sentido mágico
correspondente. O mais conhecido exemplo desta chave qabalistica
encontramos no Antigo Testamento, quando "Deus" muda o nome de
ABRM (Pai de Elevação) para ABRHM (Pai de Multidão) e de SRI
(Nobilidade) para SRH (Princesa) - veja-se Gênesis 17. 5 -15. Foi
um grande erro mágico de Marcelo Motta ter aceito a "mudança" do
nome de sua Organização. Assim, ele aceitou magicamente a pseuda
autenticidade da O.T.O. McMurtryana. Em outra parte deste livro
daremos mais alguns esclarecimentos quanto ao assunto.
A nte o exposto no capítulo anterior, poderíamos dar por encerrado
a análise quanto a "Notificação" contida em "O EQUIN-CIO DOS
DEUSES". A conclusão sendo que Euclydes JAMAIS FOI EXPULSO DA
O.T.O., mas sim SUSPENSO, QUE Ò COISA BEM DIFERENTE. Entretanto,
vimos que nem mesmo suspenso poderia ele ser, pois é impossível
alguém ser suspenso, ou expulso, ou mesmo demitir-se de uma
organização inexistente. Este simples e claro fato derruba a
"Notificação" em "NOTA FINAL" do, assim chamado, EQUINÒCIO DOS
DEUSES - Vol. I N.1.
Porém, devemos ir mais adiante em busca de mais provas das
inverdades contidas em NOTA FINAL. Urge uma resposta ampla e
clara. Afinal foram longos anos, durante os quais, uma mentira foi
oferecida ao público, como se verdade fosse. Foram longos anos de
acusações e difamações as mais descabidas, assacadas não somente
contra Euclydes, mas também contra muitos outros, entre vivos e
mortos. Nós comemos a amarga fruta da árvore plantada por Marcelo
Motta. Chegou a hora dos que a regaram engolirem o bagaço caroço.
Que se cuide aquele que tiver garganta estreita.. Isto é dirigido
à todos aqueles, que conhecedores da verdade, a mantiveram
escondida. Sejam eles, agora, membros de quaisquer Ramos da
O.T.O., ou de outras organizações surgidas no mundo, e se dizendo
Thelêmicas.
Constitui um ato de Justiça, não de vingança, uma ampla e
definitiva resposta às acusações lançadas contra nós, reais
iniciadores da O.T.O. no Brasil. Urge uma satisfação a todos os
Irmãos e Irmãs. Ò direito deles, e nosso, que todos saibam
exatamente o ocorrido, e o que ocorre com a O.T.O. no Brasil.
Necessitamos ir fundo e desenterrar os reais motivos das
"expulsões sacramentadas" aqui em nossa terra. Devemos ( e isto
deveria ter sido feito há muito tempo ) analisar o assunto com
toda seried e atenção que merece, nada permitindo passar em
branco. Retirar as mínimas dúvidas, as quais ainda possam
permanecer nas mentes e corações de todos os interessados em
Thelema em geral e na O.T.O. em particular - mesmo que em certos
momentos desta análise tenhamos que expor nossas fraquezas e
erros.
Infelizmente para os Membros da S.O.T.O., e para membros de outras
tantas organizações, ditas Thelêmicas, existe uma vasta
documentação mostrando a realidade dos fatos, dos ardís, das
inverdades e das profanações que vêm sendo perpetuadas ao longo
desses anos.
Perdidos em uma megalomania monstruosa, membros de várias O.T.Os.
não consideraram o fato de que nós, e outros mais, pudéssemos nos
erguer do charco ao qual fomos lançados e, nos limpando, surgirmos
como a Phoenix da lenda. Também servirá de aviso àqueles, que
futuramente, tentarem outro tipo de trama contra Reais Thelemitas.
Ò necessário que todos compreendam até onde vai a
irresponsabilidade e o atrevimento daqueles, que se dizendo Frati
Superiores, O.H.Os., Caliphas, etc., tentam ludibriar a todos ntos
procuram uma Verdadeira Ordem Iniciática.
Considerem, agora, o dito em "NOTA FINAL": que ao "pedir demissão
da Ordem" (de qual Ordem?), Euclydes "procurou ligação com Kenneth
Grant, cujo endereço... etc., etc."
Euclydes não procurou ligar-se à Kenneth Grant ( não era
necessário : ele já ligara-se ao inglês através Marcelo Motta,
quando este, em carta datada de 10 de dezembro de 1971, diz
textualmente: "O Rei Mundial (ou Cabeça Externa) da O.T.O. chama-
se Kenneth Grant e seu endereço é..." Em 1973, ao conferir a
Patente de Grão Mestre dos Três Primeiros Graus da Ordem no
Brasil, Marcelo confirma o dito anterior e, neste mesmo ano (19 de
maio) reafirma categoricamente o "status" do inglês: "Eu reconheci
utoridade de Mr. Grant".
A "estória" da ordália é uma mentira deslavada. Uma forma de
justificar a 'suspensão" de Euclydes da Ordem.
Aqui surge uma questão importante: Qual o motivo desta obsessão de
Marcelo ver-se livre de Euclydes ( e de outros, futuramente?) A
resposta tornar-se-á evidente no transcorrer das páginas
seguintes.
Observe-se também que a carta de 1971 dirige-se a Euclydes
Lacerda, não a Frater Zaratustra. Euclydes era, na época, um
simples interessado em Thelema e na O.T.O.. O que vem a ser isto?
Ò bastante simples: Você não pode impor uma ordália sobre alguém
que, sequer, assinou Juramento. Isto é, nenhum profano, que não
haja feito o formal pedido de ingresso na Ordem ( em qualquer
ordem), e que não tenha assinado o Juramento, pode ser posto em
prova. Esta era a posição de Euclydes em 1971. Ele, como qualq
outro cidadão, estava tão somente trocando correspondência com
Marcelo Motta. E, como este último havia declarado, em 1964, não
possuir Patente (ou permissão) para trabalhar com a O.T.O.,
evidentemente enviou seu correspondente à Kenneth Grant.
Agora, se por outro lado, Marcelo Motta, sabia que Kenneth Grant
NÒO ERA o Cabeça Externa, e que havia sido expulso da Ordem em
1955, então, Marcelo Motta cometeu uma grande blasfêmia contra a
Ordem e manteve esta blasfêmia durante todo tempo até 1975, coisa
que preferimos não acreditar. Mas caso isto seja afirmativo - que
ele sabia da situação do inglês perante a Ordem - demonstrou uma
monstruosa falta de ética e moral iniciática.
As inacuridades daquele homem não ficaram só nisto. Verifiquem que
a carta, datada de 1975, dirige-se à Frater T., não à Frater Z.
Isto é importante porque Frater T. nada tinha a ver com a O.T.O.,
ou com a S.N.Ae. Frater T. era um Irmão da A\A\ e, como tal,
completamente alheio ao Trabalho da outra Ordem.
Outra interessante falha de Marcelo Motta está em que ele, na
página 153 da "Nota Final" (Equinócio dos Deuses) declara que "é
responsável pelo trabalho da O.T.O. no Brasil, com PATENTE de
SATURNUS X". Mas que Patente? Não afirmara ele mesmo que tal
Patente jamais lhe chegou às mãos? Se ele a tinha em seu poder,
então porque afirmou ao contrário? Por que ele jamais a
apresentou???
Nesta mesma página (Nota Final) ele confirma que nos Estados
Unidos da América "Mr. Grady McMurtry é "Chefe de Loja e recebeu o
IX O.T.O. diretamente de BAPHOMET XI, tendo sido confirmado por
SATURNUS X. E que também Mrs. Helen Smith..."
Está mais do que claro que isto foi escrito em 1976, antes de
Marcelo Motta se indispor com estas pessoas. Tão logo aconteceu o
rompimento entre elas, imediatamente ele ordenou suprimir as
página do livro onde apareciam estas afirmativas que, no mínimo,
dariam respaldo aos seus, antes aliados, agora inimigos. E, por um
desses "acasos" da vida, a página 153 é a outra face da folha
contendo a página 154, onde noticiava-se a "suspensão" de
Euclydes. Conclusão: nas edições mais recentes de "O EQUINÒ DOS
DEUSES" a tão falada "expulsão" desapareceu juntamente com as
informações da expulsão de Kenneth Grant e suspensão (1963) do Rei
Suíço, Joseph Metzger.
Se leitores tiverem a oportunidade de adquirir "THE EQUINOX" Vol.
V No.4 ( editado por Marcelo Motta nos Estados Unidos da América
em 1981) leiam o EDITORIAL. Ali encontrarão novamente o nome de
Euclydes Lacerda:
"Euclydes de Almeida: once a neophyte under Marcelo Motta. Charged
with registering the O.T.O. in Brasil, tried to register it under
his own name. Expelled from the O.T.O.. got in touch with Kenneth
Grant and tried to set himself up as representing the same. A
court order was issued: didi not try to appeal. Cut contact with
the A\A\"
Jamais, em tempo algum, Marcelo Motta, foi tão infeliz em suas
declarações. Nada do ali escrito corresponde à verdade. Ò pena que
um livro (693 páginas) tão bem elaborado, tenha sido usado para
tamanhas inverdades.
1. Jamais, em tempo algum, Euclydes tentou contato com Kenneth
Grant. Ele já estava em contato com o mesmo através o próprio
Marcelo Motta.
2. Euclydes jamais tentou registrar a O.T.O. em seu nome. Ele
registrou a S.N.Ae. da qual é o Supervisor Geral até os dias de
hoje (Documento nos arquivos da S.N.Ae). Se ele quisesse registrar
a O.T.O., isto teria sido fácil. Marcelo é quem a registrou.
3. Euclydes jamais tentou colocar-se como representante de Kenneth
Grant. Ele o representou, no Brasil, durante 15 anos (Documento
nos arquivos da S.N.Ae).
4. Jamais Euclydes pediu desligamento da A\A\. Tanto isto é
verdade que recentemente, em contato com Mr. Starr, este confirmou
que o nome de Euclydes constava na Chancelaria da Ordem.
Neste Editorial, finalmente, aparece a palavra "expulsão"
(expelled) da O.T.O. Isto porque, na época, Marcelo Motta havia
registrado a Ordem no Brasil. Agora sim, ele podia expulsar quem
quisesse. Entretanto, assim o fazendo caíu em outro paradoxo. Como
expulsar Euclydes de S.O.T.O. se Euclydes jamais pertencera a uma
tal organização?
MARCELO MOTTA
ALGUMAS APRECIAÇÒES
Como legítimo membro da A\A\, Marcelo Motta treinou vários
estudantes. Frater Aster estava entre estes até o ano de 1975. Mas
mesmo os iniciados naquela Ordem não escaparam da ira
injustificada de Marcelo, e não demorou muito a serem também
acusados de falhas em ordálias so existentes na mente do
Instrutor. Uma mente antes brilhante, agora atormentada. Seu maior
erro no que toca à A\A\ foi tentar acumular todos os Cargos
Oficiais da Ordem (Preamonstrator, Cancellarius, Imperator ),
aliando continuam ente candidatos capacitados para os mesmos.
O processo da bizarra transformação de Marcelo Motta crescia e,
aproximadamente em 1980, tornou-se um homem perigoso. Muitos de
seus estudantes retiraram-se de um ativo envolvimento com ele;
outros retiraram-se ao silêncio, enquanto outros perduraram na vã
esperança de uma mudança do quadro. Tudo inútil: viriam depois
seguir os passos dos anteriores.
Nesta época a polêmica figura dele somente conseguia angariar
inadequados candidatos à iniciação tanto na O.T.O. quanto na
A\A\. Indivíduos visivelmente inclinados a uma personalidade
fanática. Desvio este chegando a tal ponto que, na Inglaterra, um
deles tramou explodir a livraria de antigos e conhecidos editores
britânicos (Routledge & Kegan), simplesmente porque Marcelo estava
"aborrecido" com eles. (Este estudante, erradamente, quase
destruiu uma outra livraria. Preso, veio a falecer p tempo
depois).
Todo este caótico quadro representa uma deplorável parte da
herança que Marcelo Motta deixou para vários grupos (atualmente se
digladiando) formados a partir da auto proclamada "única e
verdadeira O.T.O.", e que vem recrudescendo após a morte de seu
idealizador, liderados por incapazes que somente conheceram
Marcelo Motta em seus piores dias.
Mas nem a O.T.O. nem a Grande Ordem, nem o Ocultismo em geral
podem ser responsabilizados por estes desvios. Nem mesmo Motta
pode ser apresentado como culpado. Ò da natureza humana o erro.
Principalmente nesta fase de sua evolução a existência do engano,
ou de se deixar levar pela ilusão de um inflamado ego, é difícil
de ser evitada.
Não há iniciado que não corra tal risco. Em nenhuma ordem ou
Sistema ele estará protegido de tal perigo intrínseco à natureza
da Iniciação. Pode parecer paradoxal ao leitor como Marcelo Motta,
um legítimo membro da A\A\, tenha chegado a uma situação deste
tipo.
Existem duas explicações plausíveis.
Basta que se estude os pontos cruciais da Carreira Iniciática,
particularmente o Juramento do Abismo.
Qualquer homem ou mulher tem o direito sagrado de tomar este
Juramento, o qual é o mais sério de toda carreira iniciática.
O Estudante, julgando-se pronto, pode tentar aquela travessia sem
que na realidade esteja no "ponto" devido. Ò uma ilusão que toma
de assalto o ego. Isto acontece e continuará a acontecer a todos
que, em um momento de suas vidas iniciáticas, perdem a noção de
perspectiva. O fenômeno é ativado por alguma "visão" ou "evento"
místico-mágico que dá ao estudante a falsa impressão de ter
atingido um certo grau elevado dentro da Hierarquia. Assim, ele
assume inadvertidamente o Juramento. Não se pode con -lo por tal
equívoco. Enquanto que por um lado a assunção do Juramento do
Abismo revela um ato de coragem, por outro, em muitas ocasiões,
revela um ato de temeridade. O problema torna-se por demais
complexo para ser aqui explorado a contento. Mas, como escrito em
Liber Librae:
"Não te apresses a condenar os outros; como saber se tu no lugar
deles resistirias às tentações? E mesmo que fosse tu mais forte
que eles, porque desprezar àqueles que são mais fracos que ti? "
Este ensinamento deve ser observado à risca por quem deseja seguir
corretamente a Senda da Iniciação.
O grande problema contido no Juramento do Abismo está explícito em
LIBER SAMECH:
"... se restar inabsorvido um só átomo que seja do falso ego,
aquele átomo mancharia a virgindade do Verdadeiro Ente, e
profanaria o Juramento; então aquele átomo seria inflamado de tal
forma pela aproximidade do Anjo que venceria o resto da mente,
tiranizando-a, e se tornaria um déspota louco"
Não se pode perder de vista a correta divulgação de Thêlema,
encobrindo o que se passou de fato no Brasil. Mesmo que a causa
desta desvirtuação tenha tido sua origem em Marcelo Motta, ou em
Frater A., ou em qualquer outro. Esconder a verdade dos fatos como
realmente aconteceram seria injusto com aqueles que tanto deram de
si mesmos nos primeiros anos, ou mesmo atualmente, em prol de um
conhecimento mais amplo da natureza do homem, e do seu lugar no
contexto universal.
Discordar dos outros Sistemas de Consecução Espiritual e das
pessoas que os adotam é uma coisa bem diferente de injuria-las e
condena-las por este motivo. Verdadeiros Thelemitas jamais
tomariam uma tal posição... a não ser que estejam loucos ou
iludidos pelo ego inflamado. Thelemitas lutam pela liberdade de
cada um seguir o caminho que sua Vontade comandar. Mas percebam
que esta Vontade se escreve com "V" maiúsculo. Lembrem-se do Lema
Thelêmico. Mas nós também nos reservamos o direito de combater qua
r tipo de velhacaria, engano, malícia, etc., pois não são coisas
que uma Verdadeira Vontade deseja.
Frater A. tem sido questionado, particularmente por estes tardios
discípulos de Marcelo Motta transformado, quanto à autenticidade
da S.N.Ae. como uma genuína representante do Soberano Santuário da
Gnosis. Sem dúvida é um direito deles assim questionarem. Contudo,
baseiam-se eles na idéia de ter sido Frater A. o responsável
direto e único do fracasso de Motta em sua tentativa frustrada em
concretizar sua ambição pessoal de tonar-se O.H.O. da Ordem.
Agora perguntamos: como poderia Frater A. prejudica-lo se Frater
A. pertencia a um grau muitíssimo mais baixo daquele de Marcelo
Motta?
Finalizando, é nosso dever alertar aos menos esclarecidos da
existência de dois tipos de Abismo. E é muito fácil confundir-se
um com o outro.
O que vocês pensam ser o Véu de Paroketh?
Existe uma "passagem" entre as quatro Sephiroth inferiores
(Malkuth, Hod, Netzach e Yesod) chamada "Véu de Paroketh" (O Véu
do Templo). Esse hiato "separa" estas quatro Sephiroth de
Tiphareth (Beleza). Este Véu também representa um "Abismo". Só que
em escala 'inferior'. Muitos iniciados confundiram este "Abismo"
com o ABISMO DE DAATH. Nossa Irmã Helen conta no número desses.
A SOCIEDADE NOVO AEON E A LOJA NUIT
A pós a separação de Marcelo Motta e Euclydes, este último
resolveu, juntamente com sua mulher e os membros que permaneceram
fiéis à seu lado, registrar a SOCIEDADE NOVO AEON. Em seguida
dedicaram-se à elaboração de um trabalho de divulgação de Thêlema.
Mas, um trabalho bastante distanciado do sistema hiper ortodoxo do
antigo instrutor.
No contexto deste novo sistema - e consequentemente a O.T.O. - não
se estruturalizou em uma hierarquia opressiva e de poder do
"macho". Isto seria um retrocesso . E aqueles que, de uma forma ou
de outra, procurando apresentar a ordem com uma estrutura de poder
organizado e obcecado com o controle total e absoluto do corpo,
mente e alma de seus membros ( sejam masculinos ou femininos ),
estão conduzindo a Ordem, e a si mesmos, para o caminho oposto à
Thêlema. A O.T.O. nada tem a ver com este monstr ibido pelos
líderes da Loja Nuit, e nem com a não menos thelêmica política
adotada por outros Ramos espalhados pelo mundo. Porque se a O.T.O.
enveredar por tal caminho estará francamente retornando ao mesmo
processo que deu origem ao nazismo.
A O.T.O. é (ou deveria ser, em todos os seus Ramos) um Centro
Iniciático, no qual a Liberdade de expressão considera-se sagrada,
e sua principal função é despertar nos indivíduos a consciência de
que eles são divinos. Thêlema é afirmação da Vida, do Amor, da
Terra Mãe e da Liberdade - não da Morte.
Assim, os esforços do grupo recém- formado dirigiu-se no sentido
de apresentar uma Ordem dentro dos parâmetros de Liber OZ, mas com
extremo cuidado de não caír nos exageros daqueles que mal
compreendem os ditames alí descritos. Liber Oz é um livro que deve
ser entendido e compreendido "iniciaticamente", não profanamente
como o tem sido até hoje.
Num curto período apareceram colaboradores entusiasmados pela
alegria de trabalharem em prol de Thêlema, isto é, em prol da
Vontade, Liberdade e Amor - que são as Três Pilastras Sustentando
a Vida.
Agora, estavam apoiados numa organização bem fundamentada e, sob o
ponto de vista material, legalmente registrada no país. Uma
organização genuinamente brasileira. O Lema deste grupo, somado
àquele emanado diretamente de Thêlema, era o aparente paradoxo do
Conde Fenix: "A autoridade absoluta do Estado deve ser a função da
liberdade absoluta de cada vontade individual". Ouçam aqueles que
tiverem ouvidos de ouvir...
Num passo seguinte contataram Kenneth Grant que, afinal, era o
único membro da O.T.O. conhecido por eles além da Marcelo Motta .
Uma longa carta foi escrita ao inglês relatando, com mínimos
detalhes, as últimas ocorrências no Brasil.
Em 26 de junho de 1975 (Documento nos arquivos da S.N.Ae) veio a
resposta. A carta de Kenneth Grant, entre outras coisas, trazia
comentários sobre as acusações de Marcelo Motta em "Equinócio dos
Deuses" - uma cópia lhe fora enviada.
Depois de um período relativamente curto de constante troca de
correspondência com a Inglaterra, acordaram em formalizar um elo
entre a S.N.Ae. e o Supremo Santuário da Gnosis para a Inglaterra.
Na concretização desta aliança, Kenneth Grant, enviou Patente de
Membro Honorário do VII para Euclydes Lacerda de Almeida
(Documento nos arquivos da S.N.Ae) e publicou em "MEZLA" (Òrgão
Oficial de Divulgação da O.T.O. Inglesa) Vol. I N.11 - 1977 ---
Notificação da união entre as duas organizações (Docu o nos
arquivos da S.N.Ae).
O grupo inicial era constituído por dezoito indivíduos, entre os
quais três mações de grau elevado e dois membros do grupo
anterior, que decidiram ficar com Euclydes.
Ajustados os pontos necessários, Kenneth Grant, colocou Euclydes
diretamente sob a hierarquia iniciática de SOROR TANITH (J.R.
Ayers), líder da O.T.O. Inglesa nos Estados Unidos da América. Ò
com muito carinho e respeito que Euclydes fala sobre esta
Instrutora. Durante dez anos seguidos, Euclydes, se correspondeu
com Soro Tanith, absorvendo todo ensino daquela Iniciada.
Em 1987 recebeu Notificação de que aquela Instrutora havia se
afastado do Trabalho Externo da Ordem. Substituiu-a SOROR MAIAT.
Sob a direção desta nova orientadora, e após suplantar uma
dificílima e dolorosa ordália - sobre a qual não lhe agrada
comentar, atingiu o IX O.T.O. - muito embora, Marcelo Motta, já
lhe houvera transmitido o Segredo central da Ordem via ensinos
orais e "EMBLEMAS E MANEIRA DE USAR", Liber que constitui um dos
mais importantes mms. da O.T.O. relacionados com o IX Grau.
Ainda em 1987 recebeu de Kenneth Grant, com aprovação do Supremo
Santuário, permissão para uso do Lamen da Ordem. Porém, jamais o
usou em conexão com a S.N.Ae., para a qual foi elaborado um Lamen
próprio (Documento nos arquivos da S.N.Ae).
Anteriormente, a esses eventos, recebera uma carta deveras
intrigante e surpreendente vinda de Oséas de Almeida, um dos que
ficaram ao lado de Marcelo Motta durante o cisma. Marcelo e Oséas
haviam iniciado um núcleo da O.T.O. na Cidade de São Paulo. Oséas
assumira a cargo de Mestre de Loja, supervisionado por Marcelo
Motta.
Nesta primeira carta, Oséas pedia ajuda, pura e simplesmente.
Sondava a possibilidade de aliar-se a Euclydes em evidente
confronto à Marcelo Motta (Documento nos arquivos da S.N.Ae).
Euclydes respondeu-lhe não estar interessado. Nada tinha a ver com
o grupo de São Paulo. Não alimentava qualquer sentimento de
desforra. Entretanto, a união dos dois grupos, isto é, a S.N.Ae. e
a F.A.A.O.T.O. (nome dado à organização de São Paulo) era inviável
por razões óbvias. Numa segunda carta, datada de 24 de julho de
1977, Oséas resume os desagradáveis atritos entre ele e o
Supervisor Geral. O texto desta carta será mais eloqüente do que
mil palavras nossas (vide documentação).
Pacientemente, Euclydes explicou a Oséas, mais uma vez, da
inviabilidade desta união: nada tinha a ver com o sistema
desenvolvido por Marcelo Motta na divulgação de Thêlema no Brasil
- um sistema altamente questionável, inadequado, agressivo, com
tend6encias claramente nazistas - impossível de se seguido por
qualquer pessoa equilibrada. Lamentava muito, mas nada podia fazer
para ajudar Oséas.
Mais tarde, Euclydes, soube do processo aberto por Marcelo contra
Oséas. Neste processo sobressaía o problema de "direitos autorais"
sobre o Nome O.T.O. Depois deste incidente, Euclydes, nunca mais
teve qualquer contato com Oséas, ou com qualquer outro membro da
F.A.A.O.T.O. Recentemente (1997), por intermédio do Sr. Antônio
Walter Sena Júnior (Toninho Buda), soube do falecimento de Oséas.
Muito antes destas ocorrências (1976) Marcelo Motta reunira em
Ribeirão Preto (S.P.), e à revelia de Oséas, um ro grupo. Com este
novos auxiliares, e afastando Oséas, finalmente fundou uma Loja em
1979, sob o nome de Loja Nuit, a qual, infelizmente, tornou-se
bastante conhecida nos meios thelêmicos pelas atitudes
intransigentes, agressivas e não educadas de seus componentes.
"A Loja Nuit continua... A loja é composta por viciados,
desocupados, e todo tipo de jovem que na liberdade (em termos) que
lhes dão saem por aí, aprontando tudo.. Só lamento que minha
cidade, ainda abrigue esta escória. O processo de perda com
McMurtry, e outros documentos, o hábil Supervisor levou consigo.
Apagou todas as pistas. E aqui e ali, seus discípulos espionam e
perseguem a todos que citarem um dos nomes de um de nós expulsos"
Estas são as palavras do Sr. Marcos Lagamba (Frater Kephra), o
homem que ajudou e financiou a fundação da Loja Nuit em Ribeirão
Preto. (Documento nos arquivos da S.N.Ae, carta datada de 12 de
abril de 1988, dirigida a Euclydes)
Referências identicamente péssimas obtivemos de várias outras
pessoas interessadas em Thêlema. Segundo estas, as cartas
respostas à seus pedidos de maiores detalhes sobre a Loja ou sobre
Thêlema eram verdadeiros amontoados de asneiras, agressividade,
etc. Estas cartas jamais vinham assinadas. Sempre acusavam os
solicitantes de "agentes" da CIA, FBI, Vaticano e, pasmem, de
Euclydes Lacerda, como se este fosse capaz de manter uma agência
de inteligência.
Toda esta situação causava bastante tristeza em Euclydes. Seu
antigo Instrutor tornara-se um homem sem qualquer tipo de
equilíbrio. Perigoso, no dizer de alguns. Ele tentava defender
Marcelo, mas as evidências eram por demais claras. Ao que lhe
parecia, Marcelo, caíra sob domínio de alguma entidade maligna,
talvez, quem sabe, por Samael (O Falso Acusador), o Qlipha de Hod,
ou por Ogiel (Arbitrariedade) o Qlipha de Chokmah .
Todas as notícias que lhe chegavam a respeito de seu Instrutor
eram do mesmo teor. Este política incompreensível da Loja Nuit
afugentava interessados em Thêlema em geral e na O.T.O. em
particular, ao invés de atraí-los.
Mais tarde verificou um fato interessante: sem quaisquer exceções
todos aqueles, que ligados à Marcelo, ocuparam o cargo de Mestre
de Loja, foram execrados e expulsos da "ordem" pelos mesmos
motivos, a começar por Frater Kephra, fundador e financiador da
Loja Nuit. Frater Saladin, da mesma forma, vindo a morrer de
desgosto pouco tempo depois de sua expulsão. Frater Libra, também
expulso sob as mais vis acusações. E assim por diante. O mesmo
ocorrendo nos Estados Unidos da América e na Inglaterra, on aviam
outras Lojas ligadas à Marcelo.
Em 1988 (12 de abril), Euclydes, soube da morte de Marcelo Motta.
A priori não acreditou na notícia. Solicitou informações ao Sr.
Alceu. Este lhe enviou cópia xerox do aviso oficial da Sociedade
Ordo Templi Orientis Internacional. Surpreendeu-lhe o detalhe de
que o aviso vinha dos Estados Unidos da América. (Box 18318
Washington, D.C. 20036 USA) e era assinado por um tal de Daniel B.
Stone (Documento nos arquivos da S.N.Ae).
Intrigado, pediu ao Sr. Eduardo Lemos (um de seus correspondentes)
que escrevesse ao tal "fiduciário". Recebeu resposta em 05 de
julho de 1988. Escreveu uma segunda carta. A resposta veio em 08
de agosto de 1988. E mais uma em 1991, quando solicitado
informações a respeito da Loja Nuit no Brasil e a Fundação
Parzival XI na Austrália. Através esta terceira missiva tomou
conhecimento que os grupos formados por Marcelo, tanto nos USA
quanto no Brasil haviam se dividido. Como podemos ver, as lutas
pelo p continuavam em todos os Ramos da O.T.O.
Porém devemos agora retornar há alguns anos atrás. Mais
precisamente 1978.
Neste ano, Euclydes, foi residir na Cidade de Linhares (Estado do
Espírito Santo), para acompanhar a construção de um terminal
marítimo na região. Ali permaneceu até 1985, retornando ao Rio de
janeiro. Esta fase comporta fatos muito importantes, porque
durante ela afastou-se de qualquer atividade na S.N.Ae. Os
componentes do grupo inicial tomaram cada qual seu próprio
caminho, e a S.N.Ae. entrou em fase de dormência.
Foi nesta época que Euclydes atingiu o mais importante trance de
suas práticas mágicas e místicas no currículo da A\A\, com
exceção daquele ocorrido em 1973. O resultado deste trance foi o
nascimento de dois livros: "MEU VERDADEIRO NOME" e a "DEUSA NEGRA"
(Ed. Bhavani).
De retorno ao Rio de Janeiro, ainda trabalhou até 1985, quando se
aposentou. Agora tinha todo seu tempo disponível para dedicar-se
inteiramente ao trabalho de divulgação de Thêlema. Só necessitava
reerguer a S.N.Ae.. O que foi feito com auxílio do Sr. Carlos
Raposo; o mais dedicado companheiro e irmão de todos os outros.
O tempo passou. Certo dia foi informado pelo Sr. Lassue que
Marcelo Motta havia estado em sua livraria (Livraria Lassue), e
que parecia, segundo aquele livreiro, estar mal de saúde.
Falando com o Sr. Geraldo dos Santos (Frater Lancelot) a respeito,
este confirmou a notícia. Marcelo ao retornar ao Brasil após os
incidentes nos Estados Unidos da América, adoecera.
Sinceramente preocupado com o estado de saúde de seu ex instrutor,
ele prontificou-se ir até Ribeirão Preto no intuito de ajudar
Marcelo naquilo que fosse necessário. Geraldo alertou-o que
poderia ser mal recebido pelo pessoal da Loja Nuit que,
praticamente, odiavam a Euclydes.
"Isto não importa" - foi sua resposta. "O importante era rever seu
antigo instrutor e ajudá-lo naquela crise."
Em Ribeirão Preto foram recebidos por Frater Libra, o qual
informou ser impossível contatar Marcelo. Ele havia viajado, etc.
Percebendo mentiras e desculpas esfarrapadas nas palavras do
homem, Euclydes, decidiu tomar uma atitude mágica para testar o
nível iniciático do tal Frater Libra.
Ele havia levado consigo suas Patentes do VII e IX da O.T.O.
Inglesa. E numa característica voz de comando ordenou
peremptoriamente àquele Frater que tirasse cópias xerox dos
documentos e as entregasse a Marcelo. O homem que se dizia Mestre
de Loja aceitou o comando sem pestanejar. Então, Euclydes,
compreendeu que à sua frente não se encontrava iniciado algum, mas
sim um escravo. Olhou significativamente para Frater Lancelot e
recebendo de volta as Patentes originais dali se retirou, voltando
no prim ônibus para o Rio. Nada tinha a fazer naquele antro de
pestilência e escravidão.
Continuou seu trabalho, agora auxiliado por vários outros
interessados. Procedeu algumas iniciações utilizando-se de rituais
por ele elaborados. Dividiu responsabilidades com Frater B. e
transmitiu-lhe o Segredo do XIX.
Existe grande curiosidade em torno deste "segredo". Mas saibam
todos que ele é tão simples como uma conta de somar. Custa a
acreditar, quando o descobrimos, que seja assim. Na própria
cerimônia da Missa Católica está ele contido. Nela está velado o
Mistério que pouquíssimos conhecem. Mesmo pelos padres. Sequer as
pessoas compreendem que o Mistério da Missa, do Real Segredo dos
Antigos e Aceitos mações, dos Templários, e dos verdadeiros Rosa-
Cruzes, é um e o mesmo. Este Mistério da Missa, dos Templá, e dos
Reais Neo-Cristãos, jaz na Comunhão com Deus cujo Fogo simbólico a
Missa descreve em seu drama. As declarações e explicações que a
Igreja Romana oferece, no concernente a essência do Mistério da
Missa são intencionalmente incorretos, pois as autoridades
eclesiásticas no Vaticano sabem a real natureza dele e seu
verdadeiro significado. Os padres de níveis mais baixos, dentro da
hierarquia do Vaticano, são entretanto, por razões oficiais,
deixados completamente no escuro com respeito à esta real natur
eza. Mas aquele quem tiver olhos de ver, compreenderão o
misterioso Segredo Central da O.T.O. que é, como já dito, o mesmo
dos Mações, dos Rosa-Cruzes e dos Templários.
PRIMEIRA PARTE
O Encontro com Thêlema
Marcelo Ramos Motta
E m 26 de agosto de 1987, morria, na Cidade de Teresópolis, Estado
do Rio de Janeiro, aos 53 anos de idade, Marcelo Ramos Motta, mais
conhecido como Frater Parzival XI. Seu falecimento*1 foi
"festejado" por discípulos, ex-discípulos e inimigos.... cada qual
a sua maneira.
Quem foi Marcelo Ramos Motta? Por que este homem tornou-se tão
polêmico nos círculos do mundo ocultista em geral e do mundo
thelêmico em particular? Por que foi tão comentado, odiado, amado
e, acima de tudo, temido?
Tentaremos responder todas estas questões dentro da mais imparcial
visão possível. Mas fique prevenido o leitor de que nada é tão
difícil como falar deste homem, e muito menos dizer de suas
consecuções misticas, mágicas e de suas metas..
Marcelo Motta nasceu em 27 de junho de 1931, na Cidade do Rio de
Janeiro.
Seu interesse pelo ocultismo começou cedo. Aos 11 anos de idade já
estudara os livros de Eliphas Levi, Papus, Blavatsky, Edward
Bulwer-Lynton, Patanjali, Paracelso e as obras de Arnold Krumm-
Heller, por quem alimentava grande admiração. Por isso, sua
atenção voltava-se, constantemente, para os misteriosos
"Rosacruzes", na pesquiza dos quais dedicou-se profundamente.
Mais tarde, entrou em contato com os livros de Max Heindel, R.S.
Clymer e, eventualmente, com a organização chamada AMORC, em
relação a qual, diga-se de passagem, desenvolveu verdadeira
aversão*2.
Acalentava a esperança de ser admitido numa escola iniciática, nos
moldes daquela descrita por Arnold Krumm-Heller na novela "ROSA-
CRUZ", e por Bulwer-Lynton, em "ZANONI". Ao mesmo tempo
desenvolvia marcante aversão ao cristianismo católico romano, que
ele definia como "a própria personificação da negação da vontade
de viver", pois quando Marcelo Motta vislumbrou o real significado
do cristianismo romano no mundo, o espírito do "anti-cristo"
manifestou-se com surpreendente força no decorrer de toda sua vida
e obra*3. Sua "CARTA A UM MAÇÃO" tornou-se clássica neste sentido
e deveria ser estudada por todos iniciantes ao SISTEMA THELËMICO
e, naturalmente, por mações.
Naquela época, segundo suas palavras, percebera que os
"conhecimentos" contidos nas obras esotéricas (as mais sérias) que
estudara, escondiam algo muito mais profundo do que normalmente se
acredita existir. E na procura deste conhecimento "oculto" por
detrás do Ocultismo, transformou-se num foco de força de vontade
quase sobre-humano. Dia a dia, durante sua juventude, Marcelo
Motta, concentrara toda sua energia, inteligência e poder de
meditação na procura deste conhecimento "Rosacruciano". A procura
o levou aos mais altos graus da Grande Ordem.
Ingressando no Colégio Militar do Rio de Janeiro*4, desenvolveu
seu intelecto, adquiriu disciplina e um grande amor pelo Brasil.
Por esta época revelava grande interesse pela Astrologia, Taro e
assuntos afins. Por isto sendo foco de muitas discussões entre
seus colegas de colégio e professores. Suas discussões com o
professor de Filosofia, M.H., foram comentadas por vários anos
entre os alunos do C.M.
Uma miopia crescente impediu seu ingresso na Escola de
Aeronáutica. Isto o fez desistir da carreira militar, mesmo nas
outras armas, o que causou-lhe grande desgosto.*5 Aos treze anos
de idade dedicou-se expontâneamente ao Serviço da Humanidade. Pelo
decorrer de sua vida temos que considerar que o voto foi aceito
pelos Senhores do Karma.
Completando 17 anos de idade, soube, por intermédio de sua mãe, da
existência da FRA, uma Ordem de alto nível maçônico fundada por
Arnold Krumm-Heller.
Iniciou-se na FRA em 19 de agosto de 1948.*6
Após frequentar a FRA por algum tempo, e rapidamente galgar os
três graus da Ordem, Marcelo, afastou-se dos trabalhos em Loja. Ao
completar 20 anos de idade, seus atritos familiares cresciam
assustadoramente*7. Ele lutava contra a dominação de sua mãe, que
se opunha à sua vontade violentamente. Atingindo um ponto
cruciante, resolveu deixar o Brasil indo para a Europa e de lá
para os Estados Unidos da América (1952) onde terminaria seus
estudos da língua inglesa em uma faculdade norte americana.
Nesta viagem levava consigo, a pedido do Comendador da FRA
Brasileira, a missão de intermediar entre este e PARZIVAL KRUMM-
HELLER (filho de Arnold Krumm-Heller), substituto legal do
falecido Krumm-Heller na FRA.*8
Na Europa (Portugal), ele, pela primeira vez toma conhecimento de
Thêlema, através o livro 'THE GREAT BEAST", uma parcial biografia
de Aleister Crowley escrita por J.Symonds. Lembra-se, então, que
no Primeiro Grau da FRA o "Faze o que tu queres há de ser tudo da
Lei" fazia parte do Ritual de Iniciação. Isto muito o intriga,
pois na FRA jamais ouvira falar de Crowley ou mesmo do Mestre
THERION. Mas ao mesmo tempo, ao ler o livro, desperta dúvidas
quanto as condições iniciáticas de Crowley que, à primeir vista,
lhe parecera ser um satanista da pior espécie.
Encontrando-se com Parzival Krumm-Heller, seguindo sua missão de
Embaixador da FRA Brasileira, indaga sobre o tal de Aleister
Crowley. Parzival, mui gentilmente, lhe fornece os necessários e
básicos conhecimentos a respeito do assunto, modificando
inteiramente o pensamento prioriístico e apressado de Marcelo
Motta sobre Crowley. Foi nesta ocasião que Parzival lhe mostra uma
carta da "Cabeça Externa da O.T.O.", dirigida a Arnold Krumm-
Heller, avisando-o que Clymer, a quem o Dr. Arnold Krumm-Heller
esta a se ligando na época da carta, era instrumento de forças as
mais sinistras. Naquele tempo, Marcelo Motta, sequer sabia o que
significava O.T.O..
Para melhor entendimento do leitor quanto ao assunto, abrimos aqui
um parêntesis, para rápida explicação:
( Segundo a versão do líder da FRA Brasileira, o Dr. Krumm-
Heller, antes de morrer, tentara unir a FRA e a ROSICRUCIAN
FRATERNITY IN AMERICA"*9, cujo líder era o então R.S.Clymer. Mas
a primeira providência de Parzival Krumm-Heller, ao assumir a
liderança da FRA, foi ordenar o desligamento de sua Ordem daquela
de Clymer. E uma carta neste sentido fora enviada ao Líder da FRA
Brasileira. Este, considerou a carta de Parzival Krumm-Heller
demasiada autoritária e peremptória. Com isto ficou estabelecido o
rompimento entre Parzival Krumm-Heller e o Comendador da FRA no
Brasil.)
Agora que observamos os fatos "de longe", vemos como "a mão do
destino", ou aquela dos "Mestres Secretos", tecem as vias levando
o Estudante ao encontro de suas reais aspirações. Não fosse a
solicitação do líder da FRA Brasileira, Marcelo Motta jamais teria
contatado o Sistema Thelêmico. Pelo menos na época.
Parsival Krumm-Heller, após ouvir a mensagem que Marcelo lhe
trazia do líder da FRA no Brasil, deu seu ponto de vista sobre o
assunto:
Segundo ele, Clymer (o "pivot" de todo problema) entrara em
contato com Arnold Krumm-Heller quando este já estava doente,
envelhecido e desgostoso, abatido pelas perseguições políticas,
tanto dos nazistas quanto, posteriormente, dos aliados ao fim da
Segunda Guerra Mundial. Foi nesta época que Clymer tentara então o
Dr. Arnold Krumm-Heller com aquela isca eternamente apetitosa para
profanos e iniciados de graus mais baixos: a idéia da unificação
de todas as ordens iniciáticas sob uma só ordem poderosa e em-
fazeja. Infelizmente, Arnold Krumm-Heller caíra no engodo. Por
isto, o líder da FRA no Brasil recebera instruções para ligar-se a
Clymer. Nesta época Parzival Krumm-Heller encontrava-se no Egipto,
conduzindo pesquizas pessoais sobre certas fórmulas mágicas.
Não muito mais tarde, o próprio Arnoldo Krumm-Heller admitiu que
os propósitos de Clymer não eram os que ele pensara.*10
Foi Parzival Krumm-Heller quem formou o elo entre Marcelo Motta e
Karl Germer (Frater Saturnus), o então O.H.O. da O.T.O., e
sucessor de Crowley na A\A\*11
Nos Estados Unidos da América, contatou Karl Germer, tornando-se
discípulo deste. Germer viria a falecer em 1962*12, mesmo ano em
que conheci Marcelo Motta e tornei-me discípulo dele. Quando de
seu contato com Thelêma, foi-lhe dada a escolha de filiar-se à
A\A\ ou à O.T.O. . Marcelo, sem hesitar, escolheu a A\A\
Um de seus primeiros atos ao retornar ao Brasil em 1954 foi
solicitar (pessoalmente) ao líder da FRA Brasileira que voltasse
às boas com Parzival Krumm-Heller. Mas o "Comendador" não aceitou
as ponderações do jovem iniciado, e as ordens vindas do Líder
Mundial da FRA foram ignoradas. O resultado desta relutância está
hoje estampado na situação de FRA no Brasil...
Decepcionado, Marcelo Motta, retorna aos Etados Unidos da America
para terminar seus estudos e práticas iniciáticas sob instruções
de Karl Germer.
Voltando definitivamente para o Brasil, Marcelo Motta, providencia
a impressão de "LIBER ALEPH", um dos mais importantes e profundos
livros de Crowley. O esforço pessoal de Marcelo nesta realização
reforçou seus elos com a Grande Ordem nos Planos Internos. Após
isto, publica "CHAMANDO OS FILHOS DO SOL", iniciando a Corrente
Thelêmica no Brasil.*13
Desde de 1962 a 1987 (ano em que passou para o próximo estágio),
dedicou inteiramente sua vida à divulgação e ao estabelecimento de
uma linhagem thelêmica no Brasil, vinda diretamente de Crowley e
Germer. Eventualmente, tentou também estabelecer uma Loja da
O.T.O. em terras brasileiras. Infelizmente, para todos nós, não
teve sucesso neste último fito - muitos obstáculos se levantaram e
Marcelo, muito embora tenha lutado contra todos eles, acabou
falecendo sem consegui-lo de maneira definitiva. Através m de seus
discípulos, viemos saber que ele previra sua própria morte,
lamentando-se que necessitava de viver ainda mais uns três anos
para realizar seu intuito.
Como legítimo membro da A\A\, Marcelo Motta (Frater E.) treinou
vários estudantes, tanto no Brasil quanto nos EEUU. Um tal de
Frater A. encontrava-se entre estes até o ano de 1975, sendo o que
mais esteve próximo de Marcelo Motta.
Como dito anteriormente, não é fácil escrever-se sobre a vida de
Marcelo Motta, principalmente no que se refere à sua carreira
iniciática e ao período compreendido entre 1975 a 1987, ano em que
morreu. Marcelo Motta tornava-se, assustadoramente, uma
personalidade contraditória e difícil de se conviver.
Porém, uma crisa é certa - e ninguém pode contestar - ele passou
toda sua existência numa ardorosa luta em direção à Grande Obra;
em busca da mais perfeita divulgação de Thêlema e no
estabelecimento de uma ordem, sociedade ou fraternidade (não
importa o nome) baseada no mais puro senso thelêmico, muito embora
seus inimigos, e outros que o criticam duramente neste afã, o
façam por puro despeito ou por temor às suas inflamadas palavras
atacando o erro em que estão atolados.
Entretanto, com o passar dos anos, verificamos, pelos recentes
eventos envolvendo o Ocultismo em geral e Thêlema em particular, o
quanto ele estava certo em seus incisivos pronunciamentos.
Não estamos defendendo Marcelo Motta em seus momentos de
desequilíbrio ou nos paranóicos arroubos de sua personalidade,
talvez já minada pelo desgosto ou por alguma enfermidade em
desenvolvimento, mas sim em seus ensinamentos, e seus exemplos
pessoais. E também em suas reprovações e ataques a uma divulgação
thelêmica cada vez mais se afastando daquela originalmente
oferecida ao mundo pelo incontestável g6enio de Aleister Crowley e
pela firmeza de Karl Germer que, à seu tempo, recusava-se a
"iniciar" ovos membros na O.T.O., precisamente porque não via as
qualidades necessárias para isto nops candidatos que se
apresentavam. Como sempre, devemos lembrar, "quantidade não traduz
qualidade" e nem é sinal de Evolução. Tomemos, outra vez a Igreja
Romana e a Maçonaria Osiriana como exemplos.
Por toda esta luta, Marcelo Motta, se transformou, para muitos,
num símbolo de integridade thelêmica, de coerência com os ditames
de Liber AL vel Legis e Liber OZ.
Venerado por muitos, odiado por outros tantos e temido pela quase
maioria, sua figura tornou-se uma lenda aqui no Brasil e em outras
partes do mundo. Mas se prestarmos a devida atenção em sua vida,
veremos uma prova de que é possível viver-se Thêlema itegralmente,
defender a Tradição e a Autoridade do Sistema, e não se entregar
covardemente aos sofismas e às maliciosas e sinistras e
"vantajosas" ofertas da Loja Negra.
Marcelo Motta foi, sem dúvida, um dos maiores baluartes de Thêlema
em nosso tempo. Quaisquer que tenham sido seus erros, eles não
ofuscam sua devoção à Obra. Mas justamente por ter ele sido um
Real Iniciado não podemos, em sã consciência, querer saber os
verdadeiros motivos se ocultando por detrás de seus atos.
Especialmente em relação sua posição na A\A\, para o qual a
compreensão oculta de uma Obra como a de Aleister Crowley exigiu
uma consciência ampla e integral do contexto no qual esta Obra
está inserida.
Evidentemente, devemos manter nosso senso de perspectiva, e evitar
os exageros aos quais a personalidade humana está propensa. Mas
mesmo assim, como poderíamos, nós simples iniciandos de graus mais
baixos, avaliar todo quadro abarcando tão sérias questões.
Não devemos também permitir que nossas opiniões pessoais ou
sentimentais (amizade, antipatias, amor ou ódio) interfiram em
nossos julgamentos.
Os escritos de Marcelo Motta, ou mesmos suas observações, aos
vários manuscritos thelêmicos, impressionam pelo rigor lógico e
pela solidez que somente um profundo conhecedor do assunto poderia
ter; muito embora algumas de suas interpretações possam ser
discutiveis. Mas qual de nós atingiu grau iniciático tão próximo
daquele de Marcelo Motta, que nos daria validade nesta discussão.
Nós apenas vemos o lado externo das coisas e temos pouquíssima
penetração no lado interno, e não observamos o quadro geral.
Portanto, deveríamos parar de criticá-lo e utilizar nosso tempo
para melhorar nossa visão interna. Isto, em linguagem ocultistas,
quer dizer: "torne-se um Real Iniciado".
Poderíamos dizer mais, mas não cremos que seja necessário. Aliás,
se fosse necessário dizer mais, seria inútil.
Euclydes Lacerda de Almeida foi um dos três únicos a adquirir o
livro "CHAMANDO OS FILHOS DO SOL", retirado de circulação poucos
dias após sua distribuição nas livrarias do Rio de Janeiro. O
próprio Marcelo Motta nos informa o motivo pelo qual o livro foi
retirado: "... é um livro que eu mesmo condenei...... como
inadequado, e minhas avaliações de hombridade ali contidas são
imperfeitas e tolas" (Vejam que somente um homem com raríssima
auto-crítica e grande senso de fidelidade aos princípios
thelêmicos faria uma coisa destas). Assim era Marcelo Motta até
1972.
Nunca soubemos dos outros dois compradores do livro. Muitos anos
mais tarde, um volume foi encontrado em um "sebo" do Rio de
Janeiro, e adquirido por uma Irmã da OT.O. Norte Americana. O
outro volume jamais apareceu.
Pouco se sabe da infância de Marcelo Motta. Mas podemos dizer que,
nascido em família de origens germânicas, teve uma rígida
educação. E esta educação foi aprimorada no Colégio Militar do Rio
de Janeiro. Foi exatamente estas características (porte aprumado
de militar, aparência alemã, falando Inglês com sotaque alemão -
sua primeira professora de Inglês era uma judia alemã, refugiada
no Brasil) que fizeram com que a Sra Germer (uma outra israelita
que vira de perto os horrores da Alemanha nazista) dese volve-se
grande antipatia pelo jóvem estudante de Germer. Esta antipatia
viria interfirir nas futuras decisões da Sra. Germer em relação a
Marcelo Motta.
Quando Euclydes Lacerda de Almeida conheceu Marcelo Motta, este
morava em um pequeno quarto de pensão existente na Tijuca, mas
jamais emitia qualquer tipo de lamentação pelo fato.
Posteriormente, quando conseguiu emprego, mudou-se para
Copacabana, Rua Santa Clara. Foi neste pequeno apartamento que
Euclydes veio a conhecer Claudia Cannuto, também conhecida como
Soror K.A.
Claudia, anteriormente uma "Estudante" de Marcelo Motta, tornou-se
uma Probacionista sob a tutela de Euclydes, por imposição do
próprio Marcelo Motta. Mais ou menos na mesma época Euclydes
Lacerda recebeu mais dois Probacionistas vindos de Marcelo Motta:
Paulo Coelho e Raul Seixas.
Nesta época, Marcelo Motta, mostrava-se um homem gentil, retraído
e que pouco falava de sua vida privada. Passava grandes
dificuldades financeiras advindas da inconstância de se manter por
muito tempo em qualquer emprego. Lutava contra definido tipo de
perseguição causado por suas convicções thelêmicas.
Pela própria natureza retraída de Marcelo Motta pouco sabemos de
sua vida privada. Mas, em certas ocasiões ele deixava escapar
alguma coisa e, assim, nos inteiramos de alguns fatos, mas muito
superficialmente Havia uma grande barreira entre Marcelo Motta e
seus parentes mais próximos (pai, mãe e irmã). Após retornar ao
Brasil, Marcelo Motta, afastou-se de qualquer contato com sua
família. Talvez esta barreira tenha sido erguida em consequência
das idéias do rapaz. Durante todo tempo em que convivemos, ele
pouquíssimas vezes tocava no assunto. Somente em "Chamando Os
Filhos do Sol" ele toca em suas relações familiares. Nunca falou
de sua juventude, suas aventuras amorosas, ou qualquer outro tipo
de relacionam ntos.
Havia em Marcelo um grande sentimento de responsabilidade
concernente à sua carreira iniciática e a correta divulgação de
Thelema, e disto não abria mão em hipótese alguma. Para ele seu
desenvolvimento iniciático e a divulgação de Thelema estava acima
de qualquer coisa. Esta atitude intransigente, presumimos, foi aos
poucos tornando-se uma obsessão, seus problemas psicológicos
tornaram-se mais agudos, transformando sua personalidade agressiva
e intolerável.
Talvez esta personalidade intransigente tenha sido motivada por
sua grande aproximação com Germer que, segundo as próprias
palavras de Marcelo Motta, era um homem difícil de se lidar em
qualquer tipo de relacionamento. Marcelo Motta era inteiramente
devotado à Thelema e a seu Mestre, exatamente nesta ordem.
Em seu definitivo retorno dos Estados Unidos da América, Marcelo
Motta, iniciou a divulgação de Thêlema no Brasil. Nesta época
praticamente ninguém, nem mesmo a maioria dos 'ocultistas'
conheciam o Sistema e, claro, muito menos a A\A\, a O.T.O.,
Aleister Crowley e, muito menos ainda, a Ordem de Thelema*14. Sua
primeira medida neste sentido foi a publicação de "CHAMANDO OS
FILHOS DO SOL". Mas, como ja disto, este pequeno livro permaneceu
por pouco tempo nas livrarias. O resultado foi que o Sistem
Thelemico ainda permaneceu, durante algum tempo, desconhecido.
Ficou restringido a um círculo muito pequeno.
Foi somente as partir de 1964 que, praticamente, Thelema, cresceu
publicamente. Entretanto, seu divulgador - exatamente em virtude
de suas idéias libertátrias - tornou-se uma pessoa vigiada,
juntamente com aqueles com quem mantinha contato*15.
Marcelo Motta foi várias vezes abordado por agentes do Serviço
Nacional de Informação. E Euclydes foi praticamente banido do Rio
de Janeiro por "interesses" da companhia estatal em que
trabalhava.
------
1 Marcelo Motta morreu aos 53 anos de idade, e sua morte ocorreu
em circunstâncias um tanto quanto "misteriosas". Seu atestado
de óbito registra, como causa mortis, enfarto e "doença". Mas
que doença? Ali, nada é dito a respeito. Seu enterro foi
providenciado por uma mulher (que julgamos Ter sido Claudia
Canutto), mas cujo nome não consta nos arquivos policiais.
Ninguém mais compareceu ao sepultamento. Contrariando o desejo
do falecido, o corpo não foi cremado.
2 Iniciados saberão, evidentemente, as causas desta aversão.
3 Marcelo Motta repudiava o cristo católico romano, mas não O
CRISTO CÒSMICO.
4 Não nos lembramos do período. Quando nos mesmos nos tornamos
alunos daquele Colégio (1950), Marcelo já terminara o Curso
Científico.
5 Em seu tempo de Colégio Militar, Marcelo Motta, fora orador
oficial no Colégio e muito popular entre seus colegas. Todos o
admiravam por sua franqueza mesmo ante seus superiores
hierárquicos.
6 Durante anos, nosso biografado tentara entrar em contato com
algum membro da famosa "Rosacruz" . E por mais paradoxal ou
irônico que possa parecer, veio de sua mãe (uma devotada
católica romana) o "elo" entre ele e a ordem que aspirava
pertencer. Diz ele em "CHAMANDO OS FILHOS DO SOL", PAG. 80:
"Aos dezessete anos de idade, através de minha mãe (ironia para
o profano - sabedoria para o iniciado), descobri que existia
uma ordem rosacruz ligada ao Dr. Krumm-Heller.
7 Sua "família" não aceitava seus pensamentos "heréticos".
8 Detalhes desta missão, e como foi realizada, podem ser estudados
em "CHAMANDO DOS FILHOS DO SOL".
9 A Rosicrucian Fraternity in America, originalmente uma ordem de
alto grau maçônico, foi fundada, assim é dito, por Paschal
Beverly Randolph. Randolph (1815-1875) era filho de um rico
americano e uma mulher negra. E por isto teve uma infancia
terrivelmente atribulada. Na idade madura, resolveu viajar pelo
mundo. Em Paris, conheceu Eliphas Levi que influenciou
notoriamente os pensamentos de Randolph. Em 1840, Randolph
ingressou na Hermética Fraternidade de Luxor; um grupo
luterano-rosacruciano que se opunha fortemente à Teosofia e ao
Espiritismo. Muito cedo tornou-se um dos dirigentes da Ordem, e
em 1868 fundou a Fraternidade de Eulis, baseada fortemente no
estudo e prática da Magia Sexual, que colocou sob fortes véus
simbólicos. Mesmo seus associados pouca penetração tinham do
assunto, e é muito significativo o fato de R.Swinburne Clymer,
que tornou-se chefe da organização, retirar qualquer forma de
magia sexual da ordem, alegando que qualquer forma deste tipo
de magia tendia à magia negra. Não será necessário acrescentar
que a ordem, a partir daí, decaiu vertiginosamente de sua
posição.
10 O assunto é de maior interêsse aos membros da FRA. O que nos
interessa é que neste, e em vários outros encontros com
Parzival Krumm-Heller, Marcelo Motta, teve conhecimento da
existência da O.T.O., da A.A., e do Sistema Thelêmico e, claro,
de Crowley. Somente agora, ele podia identificar o retrato que
existia na FRA e que tanto lhe chamara à atenção, e que vira a
reprodução no livro "THE GREAT BEAST". Aquele era o Mestre
Therion, líder de todas as Ordens Thelêmicas.
11 Algum tempo depois destes acontecimentos, Parsival deixou a
Alemanha com esposa e filho, desaparecendo completamente, como
fazem alguns iniciados. Somente ouvimos notícias dele
recentemente.
12 Germer morreu em virtude de um câncer nos testículos. Segundo
relato da Sra Germer, o sofrimento de seu marido foi horrível.
13 Nesta época, Marcelo Motta, chegou às portas da completa
miséria. Gastara até o último centavo na impressão de "Liber
Aleph" e "Chamando Os Flhos Do Sol". Numa certa ocasião,
Marcelo Motta, pela primeira vez lamentou-se de sua situação.
Segundo suas próprias palavras, herdara uma pequena fortuna
após a morte de sua mãe, mas grande parte desta herança lhe
fora roubada por seus parentes.
14 Ainda hoje a Ordem de Thêlema permanece inteiramente
desconhecida para muitos "Thelemitas, mesmo para aqueles
"iniciados" nas outras Ordens. A causa disto é a
superficialidade de seus "conhecimenos" quanto ao Sistema a que
pertecem. Com uma margem muito pequena de erro, posso afirmar
só haver um Iniciado naquela Ordem no Brasil, com exceçã, é
claro, de Marcelo Motta.
15 Devo lembrar aos leitores que em 1964 o Brasil caíu numa
ditadura militar, que sob o pretexto de combater o Comunismo,
combateu e perseguiu a tudo que comungava com liberdade
política. E neste tipo de "inquisição política" Thelema não foi
vista com bons olhos, muito embora o Sistema fosse totalmente
contrário ao Comunismo.
SEGUNDA PARTE
Perguntas e Respostas
1. Onde nasceu Marcelo Motta, onde morou em sua infância e
adolescência?
R. Marcelo Motta, como já dito acima nasceu na Cidade do Rio de
janeiro. Morou, durante vários anos no bairro da Tijuca. Sobre
sua infância e adolescência pouco nos é dado a saber, a não ser
aquilo comentado pelo prórpio Marcelo Motta., que por sinal era
muito reticente sobre o assunto.
2. Fala-se muito da mãe de Marcelo Motta; porém o que se sabe de
seu pai?
R. Marcelo pouco falava de sua família. Sabemos que seu pai era um
homem bastante consciente de suas responsabilidades, enérgico e
um kardecista sério. Sua mãe, como já dito, era uma católica
romana convicta, mas uma maga natural. Marcelo Motta tinha uma
irmã. Mas ele pouco falava dela Não sabemos se tinha irmão ou
irmãos. Se os tinha, jamais falou dele, ou deles.
3. Quais os tipos de frustações de Marcelo Motta?
R. Talvez, sua maior frustação tenha sido não poder se tornar um
oficial da Força Aérea Brasileira. Foi impedido de seguir esta
carreira por uma miopia diagnosticada em sua juventude. Mas
esta frustação está ligada diretamente à sua vida profana.
4. Marcelo deixava transparecer algum complexo?
R. Como dito acima ele era possuído por um grande "Complexo de
Òdipo", que talvez tenha sido o ninho para desenvolvimento de
outros. Frater Xiva ( A. Xavier ) definiu o problema de Marcelo
Motta como ele sendo um epiléptico cíclico acumulativo
depressivo. Eu não sei bem o que vem a ser isto, mas parece-me
que A. Xavier queria dizer que Marcelo Motta ia acumulando seus
complexos e revoltas por um certo tempo até que, em dado
momento, por qualquer causa mínima, o vulcão estourava. Seus
complexo de perseguiç ão pode estar aí incluso, mas este,
julgamos, desenvolveu-se quando Marcelo Motta foi perseguido
nos Estados Unidos da América, nos tempos de faculdade. Hoje
sabemos que a política americana era bastante hostil à
estrangeiros (principalmente sul americanos). Na época em que
Marcelo Motta estudava e trabalhava naquele país, esta
hostilidade tornara-se obsessiva, e o FBI se encarregava de dar
vazão a esta hostilidade. O senhor Hoover, então chefe o FBI,
um homosexual inrustido, dava vazão aos seus instintos
perseguindo judeus, marxistas, sul americanos e negros, que
considerava como estorvos ao "modo de vida norte americano".
Pessoas mais informadas sabem muito bem da veracidade destas
declarações. Atualmente vários filmes relatam de como estas
pessoas eram perseguidas no país da "democracia e liberdade".
No específico caso de Marcelo, houve uma 'batida" em seu
apartamento e alí "encontraram" vestígios de maconha. Não é
preciso dizer que o rapaz nem mesmo teve um advogado para sua
defesa. Foi preso e, posteriormente, mandado embora do país. Se
pessoas pensam que isto não pode causar distúrbios na mente de
um jóvem, é por que são totalmente ignorantes de como funciona
a mente humana ante tais atos de violência "magica". O mesmo
tipo de perseguição (e de maneira bastante pior) sofreu Karl
Germer, tato em se u país, sob o jugo nazista, quanto na
América. Edgar Hoover era um doente atingia o orgasmo quando
conseguia destruir a vida de "marxistas". Qualquer pessoa
inteligente pode se inteirar do assunto verificando os fatos
acontecidos no negro período pelo qual passou a América,
chamado de "Caça as Bruxas", logo após a Segunda Guerra
Mundial.
5. Tinha ele algum recentimento de não ter sido iniciado na
maçonaria?
R. Até onde eu sei, isto é uma lenda. Marcelo Motta jamais desejou
ser um mação osiriano. "Carta a Um Mácão" constituiu numa
alerta aos mações da época, não uma tentativa de influenciar
mações a convida-lo para ingresso na ordem. Afinal, que
vantagem teria Marcelo Motta em ser mação? Ainda mais um mação
osiriano? Pensem nisto.
6. Era Marcelo Motta um bom aluno? Qual a matéria que mais lhe
interessava?
R. Não há como responder a questão de maneira absoluta. Tudo
indicava ter sido um ótimo aluno: falava e escrevia muito bem o
Português, Inglês e Alemão. Possuía ótima formação científica e
matemática. Falava com bastante desenvoltura sobre filosofia e
literatura, e História, principalmente História Religiosa.
7. Qual o sonho de sucesso do rapaz?
R. Conseguir divulgar Thêlema corretamente e organizar a O.T.O. no
Brasil.
8. Quando conheceu Cl;audia Canutto?
R. Se não me engano, Marcelo Motta conheceu Claudia por volta de
1973. Na época ela trabalhava como recepcionista da VARIG (Uma
cia brasileira de transporte aéreo ) no Aeroporto Internacional
do Galeão. Claudia era uma bela mulher, e chamava a atenção por
seus grandes olhos. Euclydes a conheceu no apartamento, situado
em Caopacabana, em que Marcelo Motta morava na época.
9. Marcelo Motta teve contato pessoal com Germer? Esse contato foi
puramente de Mestre para Discípulo, ou chegou a ter maior
afetividade como amigo?
R. Pelas cartas enviadas por Germer a Marcelo, e deste para
Germer, podemos observar que o contato entre os dois foi muito
além do limite de discípulo para mestre. Marcelo motta
considerava Germer como seu verdadeiro pai. Mas como Germer era
uma personalidade bastante forte e disciplinadora, houveram
vários atritos entre os dois. Mas no geral eles eram bastante
unidos. Aliás todo real discípulo virá, mais cedo ou mais
tarde, considerar seu mestre como seu verdadeiro pai. Pois é o
Mestre que dá nascimento a o novo homem.
10. Como estudante da A\A\ e da O.T.O. como era Marcelo Motta?
Disciplinado, ousado, teimoso, relaxado? Qual era sua
característica?
R. Marcelo Motta era extremamente disciplinado, principalmente no
que tange à Thelema. Não se pode esquecer ter sido ele um aluno
do Colégio Militar. Marcelo Motta jamais iniciopu qualquer
refeição sem dizer alto e claramente os Ditames das Lei. Aliás
coisa que muito "thelemita" jamais fez em tempo algum. Penso
até que muitos têm vergonha de faze-lo. Bem, cada "thelemita"
com suas convicções. Até mesmo quando Marcelo Motta tomava um
simples cafézinho ele anunciava Vontade. Certa vez, estávamos
no Cinema Carioca. Ao saírmos do cinema o sol já estava quase
se escondendo por detrás das montanhas da Tijuca. Ele se
afastou, e ficando próximo a uma das colunas do prédio,
executou a Saudação correspondente.
11. Marcelo era casado? Se afirmativo, teve filhos?
R. Marcelo Motta era casado nos Estados Unidos da América. Deste
casamento nasceram, ao que parece, dois filhos. Separou-se da
mulher por motivos que não nos interessa muito. A respeito do
assunto, está escrito em "Chamando Os Filhos Do Sol": "Minhas
ordálias eram cada vez mais profundas; os Mestres tomaram meu
Juramento de Renunciação ao pé da letra. Perdi o amor de minha
esposa; perdi meus filhos que idolatrava; perdi todas as minhas
posses materiais, minha reputação, e quase que a liberdade de
meu corpo."
12. Marcelo Motta manteve contato com Parsival Krumm-Heller até o
final de sua vida?
Não. Após ter sido posto em contato com Germer, Marcelo Motta,
nunca mais teve contato com Parsival.
13. Quando foi que Marcelo Motta formou uma Abadia de Thêlema?
R. Ele jamais formou uma Abadia de Thêlema. Ele foi Iniciado na
Ordem de Thelema através seu Mestre, Frater Saturnus. E este,
certa vez o levou a uma Abadia que na época (segundo Marcelo)
existia ( não sei se ainda existe ) nos Estados Unidos da
América.
TERCEIRA PARTE
Muitos me acusam de eu ser um sonhador.
Eu respondo ser um realista no sentido de que penso haver um
Universo à espera de ser investigado e compreendido; um Universo
no qual, queiramos ou não, estamos inseridos por toda Eternidade.
Frater D.S.
Muito antes de conhecer Marcelo Ramos Motta eu queria me tornar um
Adepto. Mas este sonho estava muito calcado nos romances
ocultistas que havia lido, tais como "ADONAI", "ZANONI", "UMA
AVENTURA NUMA MANSÃO ROSA-CRUZ", e outros mais. Portanto, um sonho
por demais calcado no romance e na fantasia. E por isto muito me
decepcionei com a minha Iniciação Maçonica e, posteriormente, no
convívio em Loja com meus irmãos mações, na maioria totalmente
alienados quanto à verdadeira função da Maçonaria no mundo, não
somente em referência ao homem em sociedade, como também à Terra
como um todo.
Ò muito importante atualmente que as pessoas se dêm conta do
perigo que a humanidade corre, se os homens continuarem a se
aprofundar no buraco em que se meteram. E os mações pouco se dão
conta disto, pois eles mesmos se regozijam de estarem também neste
buraco. Em suma, a Maçonaria perdeu-se e afastou-se de suas reais
finalidades. Infelizmente, com raríssimas exceções, o mesmo
acontece com outras tantas Ordens e Fraternidades existentes
atualmente. Pois em nome do convívio, da boa-vontade, etc.,
estamos n s contemporizando com Correntes e "ideais" criados
exatamente para nos destruir como entidades livres e auto-
conscientes.
O estudo e as práticas das doutrinas maçônicas fornece a estrutura
básica - se bem compreendidas, é claro - para que nós possamos
começar a nos desvencilhar das mortais cadeias erguidas à nossa
volta. neste sentido, livros e sérios tratados científicos
deveriam ser publicados pelas Ordens Maçonicas, que desta forma
ajudaria o homem na compreensão da verdadeira situação humana.
A mais urgente medida seria abrir os olhos dos incautos para a
existência daquilo que denominamos "A grande Feitiçaria", isto é,
um conjunto de falsos preceitos, de falsa História, de falsos
ideais tomados, pela maioria, como religião e política.
Foi exatamente para este mister que as Ordens Máconicas foram
idealizadas e criados pelos Grandes Mestres.
Não há dúvida que o interesse humano deveria ser dirigido à
problemas muito mais sérios do que aqueles explorados pela mídia,
cuja única finalidade é de viviar, cercear e condicionar nossos
pensamentos; ou melhor dito: de impedir pensarmos. Vejam por
exemplo a situação da juventude no mundo.....
Desta maneira aqueles que realmente promovem o avanço da
humanidade são os mais os mais perseguidos, cerceados em sua
liberdade, insultados e excomungados pelos donos do poder.
Por isso, não vejo em Marcelo Ramos Motta somente um intelectual,
um homem inteligente, uma das mais expressivas figura de Thêlema,
um dos valores mais afirmativos de nosso Movimento, mas vejo
também, com a mesma admiração, o valor iniciático inatacável, que
dignificou até a hora de sua morte o Sistema Thelêmico e que hoje
é considerado pelos reais thelemitas como o maior iniciado jamais
nascido no Brasil.
QUARTA PARTE
INËCIO DA O.T.O. NO BRASIL
Como surgiu a O.T.O. no Brasil? Nós não colocaríamos assim a
questão. Não foi a O.T.O. que surgiu no Brasil, mas sim o Sistema
Thelêmico. Não devemos tomar as partes pelo todo. O surgimento da
O.T.O. tornou-se uma conseqüência inevitável.
Em todo caso, em 1962 "apareceram" as primeiras notícias sobre a
Ordem. Elas vieram com a publicação de "CHAMANDO OS FILHOS DO SOL"
(Marcelo Ramos Motta - 1962 - Gráfica Lux Ltda - Rio de Janeiro.).
Segundo palavras do próprio autor, a publicação deste livro teve
por objetivo fornecer ao público notícias do SISTEMA THEL-MICO,
como divulgado por THERION. Evidentemente, no texto, haviam
referências à A.A., O.T.O. e à ORDEM DE THËLEMA, esta última até
hoje pouco conhecida.
Euclydes Lacerda de Almeida FOI UM DOS POUCOS COMPRADORES DO
LIVRO, interessando-se imensamente pela O.T.O. "CHAMANDO OS FILHOS
DO SOL" permaneceu pouco tempo nas livrarias. Ao notar um erro no
texto do mesmo ( este erro encontrava-se no Esquema da -rvore da
Vida apresentado no livro), Marcelo Motta, retirou-o de
circulação. Segundo também suas próprias palavras, pouquíssimas
pessoas o adquiriram. Certa vez, Marcelo Motta, afirmou
categoricamente que estes compradores foram em número de cinco.
Euclydes fora um desses. Nunca soubemos dos outros. Anos mais
tarde um volume foi encontrado em um "sebo" do Rio de Janeiro e
adquirido por uma Irmã da Ordem. Os três volumes restantes jamais
apareceram. Hoje o livro é raríssimo.
Euclydes comprou o livro casualmente ao passar por uma livraria do
bairro onde morava (Tijuca). Neste tempo debatia-se entre os
preconceitos crististas, muito fortes nos assim chamados, anos
dourados, e os mais salutares impulsos da natureza em um homem em
plena saúde física e mental. Compreendemos, agora, que todos os
eventos da vida do jovem o impulsionaram em direção à Thêlema: a
compra de "CHAMANDO OS FILHOS DO SOL" não fora tão "casual" quanto
julgara. E eventos futuros confirmariam este julgamen .
Inicialmente, como sempre acontece com qualquer um que entra em um
contato inicial com a Filosofia Thelêmica, sentiu-se duplamente
atraído e repelido pelo conteúdo do livro. Dentro destes dois
antagônicos sentimentos, escreveu para o endereço aposto na contra
capa do livro. Assim, iniciou a maior aventura de sua vida e o
indelével contato com Marcelo Ramos Motta. Frater Parzival XIÒ
O.T.O.
Tendo lido vários livros "esotéricos" surpreendeu-o a maneira pela
qual o assunto era colocado pelo autor M. (pseudônimo usado por
Marcelo Motta).
Pouco antes destes acontecimentos Euclydes iniciara-se na
maçonaria (G.O.B.) por convite de um amigo. Na época sequer sabia
ser a Maçonaria uma Ordem calcada no Aeon de Osíris. Aliás, sequer
sabia o significado de Aeon, fosse de Osíris ou de Hórus. Sua
iniciação foi decepcionante.
Todo ritual realizado inteiramente no plano material. Nada sentira
de especial, mesmo nas iniciações seguintes. No Terceiro Grau, foi
grandemente repelido pela sinistra e lúgubre Câmara do Meio.
Somente muito mais tarde, quando m contato com as Forças do Aeon
de Hórus, compreendeu o motivo desta reação. Evidentemente
esperava algo parecido com o descrito nos vários livros que
houvera lido, principalmente em ADONAI, de Jorge Adoun, que tanto
excitar sua imaginação. Sua ansiedade cresceu. Havia um grande
choque entre o apregoado pelos "espiritualistas" e "ocultistas"
dominados pelo, assim chamado, "Pecado original", e o seu salutar
impulso sexual de um jóvem de 23 anos. Suas questões ainda
permaneciam martelando sua cabeça. Suas r esposta não vieram com
sua "iniciação" maçônica. Intuitivamente foi levado a meditar
sobre o problema. Algo faltava nos "ocultistas" (com exceção de
Jorge Adoun) e nos mações: ou nada sabiam ou escondiam muito. Ao,
eventualmente, ler um dos livros de Samael Aum Weor (O CASAMENTO
PERFEITO), percebeu haver oculto muito mais a respeito de sexo do
que imaginava. Mas também não aceitava as idéias do Movimento
Gnóstico Internacional, inteiramente baseado no "Caminho da Via
Seca". Era muito "morno", piegas e c heirava a velas numa igreja
abafada. Atingindo o grau de Mestre Mação e, deste, elevado
sucessivamente ao Quarto, Nono, Dezessete e Dezoito, compreendeu
intimamente que na Maçonaria não estava seu caminho. Porém, seus
juramentos o impediram de falar, inquirir ou afastar-se da Ordem.
Havia se condicionado desde muito jóvem, ao ingressar no Colégio
Militar, a respeitar hierarquia estabelecida. A maçonaria sempre
fora uma Ordem baseada em Hierarquia, diria mesmo ser uma Ordem
para-militar.
Ao ler "CHAMANDO OS FILHOS DO SOL" sentiu, imediatamente que tudo
que até então aprendera sobre o ocultismo não passava de conversa
fiada, engano, deturpações, etc.
Após sua primeira carta a Marcelo Motta, os dois começaram a se
corresponder freqüentemente. Naquele mesmo ano (1963) recebeu a
visita de Motta.
Depois deste primeiro encontro, Marcelo Motta, começou a
freqüentar assiduamente a casa de Euclydes. Percebia-se que aquele
homem passava por grandes necessidades financeiras. Embora
possuidor de grande cultura não conseguia emprêgo, e os que
conseguia duravam pouco tempo. Havia sempre uma "desculpa" dos
empregadores para não mantê-lo no trabalho. Isto confirma
plenamente as palavras de Marcelo em seus escritos, principalmente
no ensaio "SERVIÇOS DE INTELIGËNCIA NÃO SÃO INTELIGËNTES" ou "A
O.T.O. DESD A MORTE DE CROWLEY", partes I e II, publicados em
"MAGICK WITHOUT TEARS UNEXPURGATED COMMENTED".
Certo dia, Marcelo, perguntou ao jovem discípulo a qual Ordem
desejava se filiar: à O.T.O. ou à A\A\. Euclydes imediatamente
escolheu a O.T.O. (A Ordem de Thêlema estava então fora de
cogitação, por motivos conhecidos a Iniciados da Gnosis). Então,
Marcelo, entregou-lhe o Lamen da Ordem desenhado em cores.
Euclydes ficou espantado. Já vira aquele lamen em algum lugar.
Somente não se lembrava onde. Marcelo riu-se da reação do jovem,
mas nada falou. Dias depois, Euclydes, lembrou-se: era o mesmo
Lamen ado pela AMORC no livreto denominado (erradamente) 777 ( A
CATEDRAL DA ALMA). Admirou-se do fato, e Marcelo confidenciou-lhe
que a AMORC fora fundada por um ex membro da O.T.O. Em seguida
mostrou-lhe outro Lamen, muito conhecido dos antigos membros da
AMORC, em que a origem, ou a ligação entre as duas ordens, torna-
se evidente (documentos nos arquivos da S.N.Ae.). Afirmamos que
era conhecido, pelos antigos membros porque recentemente os
dirigentes da AMORC "acharam por bem" retirar o Lamen de
circulação. Como os leitores podem constatar, o Lamen era muito
conclusivo sobre as fortes ligações da AMORC com a O.T.O. e,
evidentemente, com Aleister Crowley, fato que os líderes da AMORC
fazem qualquer coisa para esconder.
Em "Documentos Rosa-Cruzes" (pag. 38 - Primeira Edição, em
Português - 1980 ) está a fotocópia da Patente do VIIÒ O.T.O.
concedida à H.SPENCER LEWIS por THEODOR REUSS. O documento também
contém uma declaração de amizade entre as duas ordens,
demonstrando claramente que os líderes da O.T.O. reconheciam a
AMORC, o que contradiz frontalmente as declarações de Marcelo
Motta em "CHAMANDO DOS FILHOS DO SOL" a respeito da Ordem de H. S.
Lewis.
Com o passar do tempo, Marcelo Motta e Euclydes tornaram-se
íntimos, e o primeiro começou a transmitir ao jovem amigo o
Conhecimento Thelêmico, oralmente e através volumosa quantidade
mms. Nestes incluía-se "CARTA A UM MAÇÃO" (manuscrito original).
Em inícios de 1964, Marcelo Motta, entregou-lhe a tradução, para o
Português, do LIVRO DA LEI com COMENTËRIOS DE METRE THERION,
informando-lhe da necessidade de publica-lo no Brasil e, para
isto, pedia ajuda do discípulo. Este manuscrito, contendo várias
correções feitas pelo próprio Marcelo faz parte do acervo
particular da Sociedade Novo Aeon. Anos mais tarde, o livro foi
publicado em Inglês nos EEUU pelo próprio Marcelo Motta, usando a
Editora Samuel Weiser Inc. (New York - Primeira Edição - 22 de set
bro de 1975). Até hoje não conseguimos compreender a resolução de
Marcelo Motta em editar importante livro em outro país e em outra
língua, cujas conseqüências foram bastante funestas para os
brasileiros interessados em Thêlema.
Em 1962, Marcelo Motta, conseguira, com muito sacrifício (gastou
todas suas economias), imprimir "LIBER ALEPH" ( Printed by
Composition Gráfica LUX Ltda- Rio de Janeiro. Este livro também
foi publicado em Inglês), dando um exemplar a Euclydes. O exemplar
também faz parte da coleção privada da Sociedade Novo Aeon.
AMADURECIMENTO
Tudo ia bem quando em 1964, o Brasil, visivelmente inclinando-se
politicamente para um regime ditatorial de esquerda, acabou caindo
num golpe militar de direita. Saímos da brasa e caímos na
fogueira. Durante 30 anos, o regime dominou o país. Era difícil e
perigoso ser Thelemita neste contexto político-social. Muitos
sofreram perseguições e tortura. Eles estes encontravam-se Paulo
Coelho, Raul Seixas e outros tantos. Sendo que o Sr. Paulo Coelho
deixou-se dominar pela egrégora católica romana sustentando o
regime de força. Euclydes, em virtude do movimento militar perdeu
contato com Marcelo Motta, e por motivos políticos foi
transferido, pela indústria em que trabalhava, para uma pequena
cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro.
Nesta cidade, longe das estressantes condições de vida das cidades
grandes, começou a manter práticas mágicas e místicas diárias.
Certo dia, em meio a uma dessas práticas, alcançou sua Primeira
Real Iniciação. Mas esta é uma outra história.
Preocupado com o destino de seu Instrutor, tentou localizá-lo.
Tudo em vão. Apelou ao "astral" . Nada. Quase desistindo e mesmo
julgando-o preso ou, na pior das hipóteses, morto, recebeu a
inesperada visita de um tal Oscar Victor Lessa. Este apresentou-se
como interessado em Thêlema, afirmando que estivera com Marcelo
Motta; e que este lhe indicara Euclydes como seu direto
representante e que cuidaria de seu ingresso na Ordem. Bastante
confuso com as informações recebidas deste indivíduo, Euclydes,
não bia o que fazer. Primeiro: não fora ainda formalmente iniciado
na O.T.O.: segundo: nem sabia por onde começar; terceiro: a O.T.O.
ainda não estava regulamentada no Brasil: quarto: havia perdido
total contato com seu Instrutor. Explicou cuidadosamente todos
estes fatos a Oscar Lessa. O inesperado visitante imediatamente
prontificou-se a levar Marcelo Motta até P.S., isto muito alegrou
Euclydes. Sabia agora que seu Instrutor estava vivo, e que o
encontraria novamente.
No fim de semana seguinte, Marcelo e Lessa chegaram à sua casa.
Após dois dias de conversas, ficou estabelecido o seguinte entre
os três:
Primeiro: Oscar e Euclydes trabalhariam no sentido de reunir um
mínimo de onze pessoas interessadas na formação de uma Loja da
O.T.O.:
Segundo: Este grupo inicial deveria adquirir um local para
funcionamento da Loja. Este espaço (casa, sala, etc.) não poderia
ser alugado. Deveria ser próprio, e comprado em nome da
organização.
Terceiro: Todos os elementos iniciais teriam, de direito, o
Terceiro Grau da O.T.O.
Quarto: deveriam estruturalizar a registrar os Estatutos de uma
Sociedade, cujo nome seria votado em Assembléia formada pelos
fundadores.
Quinto: Esta Sociedade administraria a Loja Mãe, e outras que
viessem a ser fundadas futuramente em teritório nacional;
Sexto: Iniciar, de imediato, a divulgação da Corrente Thelêmica e,
obviamente da O.T.O., dentro dos preceitos admitidos por Thêlema;
isto é, obedecendo rigidamente Liber AL vel Legis e Liber OZ.
Ficariam sob responsabilidade de Marcelo Motta os seguintes itens:
Primeiro: Composição de novos rituais para o IÒ, IIÒ e IIIÒ da
O.T.O., já que os Rituais reformulados por Crowley não tinham mais
valor iniciático por terem sido publicados. .
Segundo: Estabeleceria currículos específicos para cada grau.
Terceiro: Emitiria, juntamente com Euclydes, um Manifesto à
Sociedade Brasileira;
Quarto: Ocuparia o cargo de "Supervisor Geral. Euclydes seria o
Presidente da Sociedade, com direito a escolher seus auxiliares.
Havia ainda um ponto importante a ser discutido. Mas antes
necessitamos fazer uma pausa para explicar um fato curioso.
Por oura coincidência, ou por qualquer outro fator, Euclydes,
apenas começara a guardar as cartas de Marcelo a partir de 1964. E
a mais antiga delas, com a qual iniciou sua coleção, data de 8 de
julho de 1964. E é uma resposta a seu formal pedido de ingresso na
O.T.O.
O mais importante no documento é que trata da situação de Marcelo
Motta em relação à Ordem.
Ali consta o seguinte:
"Lamentamos Ter de lhe informar que, com a morte em outubro do ano
retrasado de Frater Saturnus, Cabeça Externa da O.T.O., o Rei
Suíço da Ordem achou-se no direito de se arrogar os títulos
pertencentes ao Superior falecido, e o que é pior, fez isto
publicamente, distribuindo matéria neste teor em várias línguas.
Consequentemente a Ordem retirou-se ao silêncio e está em estado
dormente. Continuará assim até que aquele membro recobre as
faculdades morais, ou até que a dissolução de seu corpo físico
termine com os efeitos da sua tolice"
E mais à frente:
"Quanto a mim, não tenho patentes autorizando-me a fazer trabalho
da O.T.O., e anunciei a ordem em "CHAMANDO OS FILHOS DO SOL"
(livro que já foi retirado de circulação, sua utilidade estando
ultrapassada) somente para servir a meu Superior, Saturnus X.
Em 1962, de acordo com a esposa de meu falecido Superior uma
patente
Foi-me enviada pelo correio autorizando-me a trabalhar em os três
primeiros graus da O.T.O.. Esta patente jamais chegou às minhas
mãos. Nem sei quem a Subtraiu". (Documento nos arquivos da
S.N.Ae.)
Somente anos mais tarde, relendo as cartas de Marcelo, Euclydes,
percebeu a verdade. Agora estava claro. Sem patente para poder
iniciar o trabalho da O.T.O. no Brasil e usar o Nome da Ordem,
Marcelo teria que fundar uma organização sob outro nome, a qual
serviria de fachada.
Mas existem algumas inverdade na carta de Marcelo, as quais
devemos nos referir:
Primeiro: a Ordem, pelo menos alguns Ramos dela, como o do Sr.
Kenneth Grant (Inglaterra) e o do Sr. Metzger (Suíça) não se
encontravam em estado dormente;
Segundo: já havia se iniciado a luta pelo cargo de "O.H.O.",
provocada pelo testamento de Karl Germer;
Terceiro: Sascha Germer já houvera declinado em favor
(inicialmente) de Metzger (mais tarde de Mellinger) como sendo ele
o O.H.O.
Entretanto, ao que parecia, em 10 de dezembro de 1971, o, problema
fora resolvido, e Marcelo escreveu a Euclydes informando-o o nome
e endereço do Cabeça Externa da ordem:
"O atual Rei Mundial (ou Cabeça Externa) da O.T.O. chama-se
Kenneth Grant e seu endereço é ****** London *** England. Foi
reconhecido por mim como tal" (Documento nos arquivos da S.N.Ae)
A última parte da informação ("Foi reconhecido por mim como tal")
deixou Euclydes confuso e intrigado. Qual o poder de Marcelo Motta
em reconhecer ou não um Rei Mundial da Ordem? Mas, ainda estando
no início de sua carreira na O.T.O., muito mal informado quanto à
estrutura hierárquica da Ordem, e nada sabendo da confusão
estabelecida, esqueceu-se do assunto. Para ele, a informação
indicava que Marcelo estava agora em contato com o O.H.O. e
devidamente patenteado para trabalhar no Brasil. Isto é que inte
ssava no momento. Porém, isto também não era verdade. Marcelo
jamais tivera sólida ligação com Kenneth Grant. Havia uma grande
desconfiança entre os dois. E isto seria confirmado anos depois e
de maneira muito decepcionante para Euclydes.
Muito embora, a princípio, tivesse parecido fácil reunir os nove
restantes interessados na fundação de uma Sociedade Thelêmica,
assim não o foi. Por sugestão de Marcelo elaborou-se um cartão de
apresentação da O.T.O., contendo o endereço dos três homens em um
dos versos, e Liber OZ no outro. O referido cartão seria entregue,
sem quaisquer tipos de discriminação às pessoas nas ruas. Assim
foi feito; mas o retorno foi desprezível. Parecia que ninguém se
interessava. Somente pingavam cartas de curiosos e, a uns deles,
revoltados com o último frase do Liber.
Apelou-se então para um anuncio da Ordem nas páginas de uma
revista "esotérica" muito popular na época. O efeito foi
relativamente bom. De qualquer maneira conseguiram contato com
várias pessoas. No fim, estas ficaram reduzidas a apenas nove
realmente interessadas. O restante era composto de curiosos.
Finalmente, em 1974, conseguiram reunir quatorze pessoas realmente
interessadas. Já era um começo. Houve uma reunião geral realizada
na casa de Euclydes. Escolheram um nome para a Sociedade,
deliberaram cargos para cada membro, e iniciaram a compor os
Estatutos da Sociedade. Havia entre eles um advogado, ficando
portanto encarregado dos assuntos legais a serem resolvidos.
Em 09 de novembro daquele mesmo ano, Marcelo Motta, escreve a
Euclydes tecendo comentários sobre a organização da O.T.O., como
deveria funcionar, sua estrutura, e sobre o nome a ser adotado
pela Sociedade. Após isto foi elaborada uma lista de nomes, e
decidiu-se que a Sociedade chamar-se-ia SOCIEDADE NOVO Ò0N
(Documento nos arquivos da S.N.Ae).
A este tempo, o grupo crescera, destacando-se as seguintes pessoas
que realmente trabalharam no sentido de formar uma Loja.
Saturnino de Almeida
Arnaldo Xavier
Oscar Lessa
Claudia Canutto
Raul Seixas
Paulo Coelho
Maurício dos Santos
Therezinha faria
Pedro de Oliveira
Antônio A. Delfino
Paulo Coelho e Raul Seixas ficaram mais restritos ao trabalho de
divulgação da Ordem no Rio de Janeiro. Nesta época, ambos
solicitaram ingresso na A\A\
Entretanto, não julguem os leitores haver, naquele tempo, uma
organização já registrada, estruturalizada e funcionando
devidamente. Não! Aliás a O.T.O. jamais conseguiu ser firmar
totalmente no Brasil, inclusive nos tempos atuais. O que existe
são pequenos grupos, espalhados aqui e alí, e tomando ares de uma
Ordem realmente estruturalizada. Havia, é verdade, um grupo
envolvido fisicamente ( mas não espiritualmente ). Mas não passava
disto. No futuro, a famosa LOJA NUIT, por sua vez, esbarraria com
os me os obstáculos que afetaram a Sociedade Novo Aeon. Mas a Loja
Nuit foi a única, até agora, que realmente tem um registro oficial
registrando a Sigla O.T.O. e o Lamen da Ordem. Infelizmente, para
todos nós, aquela Loja terminou por ser constituída de um
amontoado de incapazes, arruaceiros, mal-educados, etc., se
dizendo thelemitas - confundindo Faze o que tu queres com Faze o
que quiseres. O triste destino da Loja e da maioria de seus
"Mestres" atesta o dito.
A O.T.O. no Brasil nunca saiu disto. Nem mesmo nos anos seguintes
o real fito da Ordem foi atingido, como constataremos mais
adiante. Por três ocasiões seguidas isto foi tentado, mas nunca
concretizado.
Qual a causa disto?
Ò o que tentaremos elucidar nestas páginas. Leitores poderão
aquilatar a existência de "forças" contrárias ao Sistema
Thelêmico, seja no Brasil, seja no mundo. E estas "forças" sempre
são auxiliadas por aqueles que se deixam deslumbrar pelo poder
temporal.
INËCIO DO FIM
E nquanto alguns levavam o trabalho a sério, outros ficavam na
festiva, ou confundindo a Liberdade Thelêmica com licenciosidade e
anarquia.
Liberdade tem que ser conquistada e não recebida de mão beijada.
Esta é uma regra que aconselhamos que todos aqueles que desejam
ser thelemitas sigam rigorosamente. Ò necessário Trabalho externo
e interno, principalmente interno, para conquista da Liberdade -
da verdadeira Liberdade. Disciplina é a base do trabalho.
Hierarquia é a base do trabalho. "Faze o que tu queres" não é o
mesmo que "Faze o que quiseres". Existe uma diferença fundamental
entre as duas frases. Uma aponta para o "Alto" a outra para
baixíssimo. Nesta diferença também se encontra a "Chave" da Grande
Ordália a ser cumprida por qualquer um que queira ultrapassar os
Umbrais da Real Iniciação. Não será somente porque você participou
de um ritual executado no Plano Físico ( tal como na Maçonaria)
que você atingirá A Iniciação. Infelizmente poucos compreendem
isto.
O trabalho que agora colocamos nas mãos dos leitores é o fruto de
muitos anos de disciplina auto imposta, lutas e práticas
incessantes. Não é o trabalho de simples curiosidade ou desejo de
aventuras insólitas ou emoções descontroladas e, muito menos, o
desejo de se tornar superior à seus semelhantes. Ò o Trabalho de
30 anos dedicados à Thêlema: de Fidelidade e Irmandade nascidas no
Serviço à toda Humanidade; não a determinados e escolhidos
indivíduos. E neste trabalho não pode haver considerações pesso s
de amizade, parentesco, etc.
Olhando para trás, as recordações trazem um sentimento de alegria.
Nós, individualmente, conseguimos aquilo que Nossa Vontade
determinou. Não alimentamos qualquer rancor pela incompreensão de
vários "thelemitas" da época e de agora, os quais não souberam, ou
não quiseram, abraçar a verdadeira Filosofia Thelêmica. Ficaram
somente na "Sala dos Passos Perdidos". E este foi um dos inúmeros
fatores os quais reputamos como causa mestra do desastre da O.T.O.
no Brasil.
De qualquer forma, crescemos. Na figura de Arnaldo Xavier (Frater
Xiva ), a organização nascente, mas já trazendo em si o germe
mortal, teve o apoio financeiro e moral necessário. Em 1973 a
Sociedade Novo Aeon possuía um espaço excelente para reuniões.
Neste mesmo ano Euclydes Lacerda comprou, com recursos próprios,
uma área de 740 metros quadrados (Documento nos arquivos da
S.N.Ae), onde futuramente erguer-se-ia o Magno Templo da O.T.O. no
Brasil. Agora somente faltava o término e registro dos Estatut
Externos.
Neste meio tempo, surgiram alguns problemas. O mais sério deles
causado por Oscar Lessa. Este indivíduo, aproveitando-se da boa fé
nele depositada pelo grupo, começou a larapiar documentos da
Ordem. Não satisfeito com isto, falsificou a assinatura de Frater
Z. e iniciou a "dar Patentes" a indivíduos em várias cidades do
Brasil por preços módicos. A tramóia foi descoberta por Frater
Xiva que, por "coincidência", encontrou uma dessas falsificações
com um correspondente residente em Belo Horizonte. Frat Z., diante
dos fatos, expulsou Lessa e tentou localizar todas estas Patentes
para anula-las e explicar aos seus possuidores o ocorrido. Muito
tempo foi perdido nesta limpeza.
Finalmente, em 1973, Frater Parzival XI, patenteou Euclydes
Lacerda de Almeida para Trabalho nos Três Primeiros Graus da Ordem
(Documento nos arquivos da S.N.Ae). A Patente era fruto de onze
longos anos de trabalho e dedicação à Corrente Thelêmica. Esta foi
a primeira patente a ser emitida no Brasil. Neste mesmo ano,
Euclydes, recebia nomeação (gravada a viva voz por Frater E.) ao
Grau de Neófito da A\A\, e a árdua tarefa de receber e treinar
Probacionistas na Grande Ordem. Em seguida recebeu a nom ção de
Grão Mestre da O.T.O. para o Brasil (Documento nos arquivos da
S.N.Ae). Imediatamente foram colocadas sob sua responsabilidade
hierárquica três Estudantes da Grande Ordem: Claudia Cannuto, Raul
Seixas e Paulo Coelho.
Da primeira discípula ele guarda algumas cartas (Documento nos
arquivos da S.N.Ae); do terceiro, além de cartas, o Juramento
original e uma grande decepção (Documento nos arquivos da S.N.Ae).
Do segundo, Raul Seixas, a certeza de que foi um thelemita não
muito disciplinado, mas um thelemita. Raul Seixas conseguiu,
mediante sua arte, fazer por Thêlema muito mais que vários de
nossos "irmãos" o conseguiram em toda vida deles. Não podemos
considerar os "atritos" havidos entre ele e Marcelo Motta o q l já
começara, na época, a demonstrar tendências esquisofrênicas e
intratável personalidade.
A bem da verdade, devemos acrescentar que a nomeação ao grau de
Neófito muito espantou Euclydes. Ele jamais tivera a pretensão de
ingressar na A\A\. Aconteceu que, no clímax de suas práticas
ocultas daquele ano, experimentara um trance característico da
consecução iniciática do grau, DANDOËLHE DIREITO ÒQUELE NËVEL.
Para seu espanto, percebeu tornar-se o mais alto grau da O.T.O. e
da Grande Ordem no Brasil depois de Marcelo Motta e Claudia
Cannuto. Este fato foi reconhecido, anos depois, pelos próprio
dirigentes da O.T.O. McMurtryana e do Sr. Starr (ex-discípulo de
Frater E.) que se diz Preamonstrator da Grande Ordem nos EEUU.
(Documento nos arquivos da S.N.Ae), fidagais inimigos de Marcelo
Motta e, atualmente, de Euclydes Lacerda.
Incentivado por seu próprio Instrutor na O.T.O., Euclydes,
escreveu uma longa e detalhada carta a Kenneth Grant, o então
O.H.O. reconhecido por Marcelo Motta, relatando-lhe os
acontecimentos no Brasil, e apresentando-se como o Membro Sênior
da O.T.O. e da Grande Ordem no Brasil.
A resposta do inglês o deixou confuso e decepcionado. O O.H.O. não
reconhecera seu grau na O.T.O., e nem qualquer autoridade emanada
de Marcelo Motta. A carta dizia o seguinte:
"Dear Mr. Almeida:
Do what thou wilt shall be the whole of the Law
Thank you for your letter and enclosure of April 28. You have
approched me at a rather advanced stage Of your transations with
the O.T.O. It is only after the satisfactory Fulfilment of the
three primary conditions described in the Enclosure Statement that
candidates are rendered eligible for Membership, and such claim as
you may have to membership Can only then be considered and
ratified by Us. If you wish, therefore, to regularize your
approched to these matters you will let me know as soon as
possible the date on which you commence your Magical Record.
Love is the law, love under will
Yours fraternally,
Kenneth Grant
O.H.O. of O.T.O.
(Documento nos arquivos da S.N.Ae)
Confuso, Euclydes, enviou uma cópia desta carta a seu Instrutor, e
colocou em dúvida a autenticidade do cargo do inglês ( prestem
atenção neste ato mágico de Euclydes. Embora tenha sido
"inconsciente" ele carrega grandes significados). Marcelo Motta,
em carta datada de 19 de maio de 1973, responde às dúvidas de seu
discípulo com uma severa admoestação:
"Quaisquer dúvidas ou reservas que eu tenha quanto às solicitações
de Mr. Grant não serão nunca para seus ouvidos... Eu reconheci a
autoridade de Mr. Grant" (Documento nos arquivos da S.N.Ae)
A resposta de Marcelo não respondiam as dúvidas de seu pupilo.
Pelo contrário. Euclydes não havia feito qualquer menção as
solicitações contidas na carta. Magoado, manteve-se em silêncio.
Mas as dúvidas aumentaram. Agora também com respeito à seu
Instrutor. O que estava acontecendo afinal?
Obedecendo instruções de seu Instrutor, enviou outra carta ao
inglês.
Em 04 de agosto de 1973, veio a resposta.
"With reference to your letter of July 16, I can say only that
there has been some misunderstanding. I did not aske you for a
summary of your Magical Record. A Candidate can considered for
mambership of the Order only after the successful filfilment of
the requiriments specified in the Preminary Statement, a copy of
wich I enclosed with my letter of May 9. It is entirely up to you
whether or not you fulful these conditions of membership, but
cannot be weived and nobody can become officially recognized by
the Order until they have been satisfactorily fulfilled"
(Documento nos arquivos da S.N.Ae)
Euclydes não entendia mais nada. Decepcionado, e já com muitas
dúvidas, tanto a respeito de Kenneth Grant quanto a Marcelo Motta,
e já escaldado pela anterior admoestação, resolveu ficar calado e
esperar pelos acontecimentos futuros.
Como dito: O inusitado é produto do inusitado. O que parecia ser
simples a princípio, tornou-se o pomo de discórdia entre Marcelo
Motta e Euclydes, e conseqüente dissidência e dissolução do grupo.
Este foi o caso do registro dos Estatutos da Sociedade Novo Aeon.
O ano é 1975. Com falta de dinheiro em caixa não havia como
registrar os Estatutos. O registro na íntegra custaria muito acima
de nossas economias. A única saída, segundo advogado do grupo,
seria optar pelo registro (provisório) de um resumo dos estatutos,
que continha 16 páginas dactilografadas. Marcelo foi informado
sobre a sugestão. Infelizmente esta informação foi dada via
telefone e, portanto, não temos como comprova-la.
Tomado de injustificada fúria, o Supervisor Geral da S.N.Ae.
(ainda não registrada), desligou o telefone abruptamente. Em 7 de
julho de 1975 enviou uma carta totalmente descabida a Euclydes nos
seguintes termos:
"Já lhe mandei acender um fogacho sob o rabo dos seus
correspondentes... Entrementes, quero saber se um resumo dos
estatutos foi mandado para o Diário Oficial sem passar previamente
pelas minhas mãos. Se assim foi, pode ficar descançado: sua
patente está cassada e nosso contato terminado..." (Documento nos
arquivos da S.N.Ae)
Em 09 de julho de 1975 (isto é, dois dias após a carta acima, e
sem dar tempo para qualquer tipo de diálogo entre ele e Euclydes,
emite uma "carta circular" aos "Diretores da S.N.Ae. ( uma
Sociedade ainda não oficialmente registrada e, portanto,
inexistente) com as seguintes inverdades, e que não explicava o
real motivo de sua decisão:
"Uma das ordálias centrais do trabalho iniciático é OBEDIËNCIA
HIERËRQUICA, e o Neófito tem que passar por esta ordália e
triunfar nela para chegar a Zelator. Frater Z. ainda não foi bem
sucedido nesta ordália, o que não é nenhuma crime; mas ele tem
interpretado mal sua posição e sua autoridade e isto, se bem que
não é crime, pode prejudicar gravemente o Meu Trabalho, visto que
o nomeei meu representante" (os grifos são nossos). (Documento nos
arquivos da S.N.Ae)
Euclydes caiu das nuvens. O que afinal tinha feito de errado? O
que tinha a ver a ordália de uma Ordem Iniciática, tal como a A.A.,
com os Estatutos de uma sociedade profana? Mesmo que ele tivesse
fracassado na ordália, não haveria motivo para isto? E não haveria
uma nova chance? Como poderiam estas suas falhas (se é que as
haviam) as quais, segundo as próprias palavras do Supervisor
Geral, não eram crimes, prejudicar o "trabalho" dele? Que
trabalho? Por que não falava mais claro? As justificativas da s na
carta revoltou os demais membros.
Euclydes, profundamente entristecido envia uma carta a Marcelo
Motta contestando veementemente todos os termos da "circular".
Explica, ou tenta explicar, que a publicação de um resumo dos
estatutos fora ventilada apenas como sugestão do advogado e, assim
sendo, nenhum resumo fora elaborado ainda, e muito menos mandado a
ser publicado em Diário Oficial . Respondendo estas ponderações,
Marcelo, remete-lhe uma outra carta datada de 15 de julho de 1975,
onde destaca-se o seguinte trecho:
"Sua expulsão da Sociedade Novo Aeon é agora oficial. Porém, a
A\A\ não expulsa Aspirantes. A ordem se limita a cortar
contato com eles caso desobedeçam as diretivas que recebem em nome
da Ordem" (Documento nos arquivos da S.N.Ae).
Não seria necessário dizer-se que a carta foi a gota d'água.
Imediatamente, o grupo se desmantelou. Alguns permaneceram ao lado
de Marcelo; outros rebelaram-se contra ele.
Euclydes, devido ao choque, permaneceu sem saber o que fazer... e
adoeceu.
Mas, façamos uma rápida análise do conteúdo das cartas de Marcelo
Motta. Esta análise torna-se necessária para leitores sem os
devidos conhecimentos referentes à certas particularidades
iniciáticas.
Primeiro: Marcelo Motta refere-se a uma ordália (prova iniciática)
pertencente a A\A\ que nada tem a ver com a O.T.O. e, muito
menos, com a Sociedade novo Aeon. Segundo: Dirige-se à Frater Z. e
não a Frater T., que era, na época, Neófito da Grande Ordem. Como
a ordália refere-se à A\A\ nem de longe Frater Z. poderia ser
acusado de não vencer tal ordália, se é que ela existia.
Na Segunda carta: Primeiro: Esta dirigida a Frater T. Segundo:
Como acima dito Frater T. era membro da A\A\ e, logicamente,
jamais poderia ser expulso da Sociedade Novo Aeon, simplesmente
por que não pertencia àquela Sociedade. Terceiro: Ò dito que
Frater T. fracassara na Ordália do Zelador. Como poderia ser isto?
Somente um Zelador pode ser submetido a ordália do grau. Não o
Neófito. Isto nos leva à conclusão de que Euclydes, ou melhor,
Frater T., já houvera atingido o Grau de Zelador, e não do
Neófito, como afirmado por Marcelo. Quarto: Mais à frente Marcelo
diz que Euclydes está banido da O.T.O. por cinco anos. Mas que
O.T.O.? A de Kenneth Grant? De Metzger? Qual?
Lembrem-se os leitores que nem a S.N.Ae tinha sido registrada,
quanto mais a O.T.O. Além disso, como poderia ele se banido da
Ordem sem o conhecimento de Kenneth Grant, a quem Marcelo
considerava o O.H.O. e, portanto, o único com poder para expulsar,
nomear, banir, suspender, etc.?
O conteúdo dessas duas cartas e de outras manifestações, escritas
ou não, de Marcelo Motta, as quais agora publicamos, demonstram
claramente o início da instabilidade mental começando a se
manifestar nele.
Após estes acontecimentos, Marcelo Motta, e Euclydes nunca mais se
encontraram.
Euclydes Lacerda de Almeida